domingo, 27 de setembro de 2009

Capítulo 11 – Separação (parte 1)

Meus ouvidos estavam, definitivamente, captando o som de uma moto. Um som quase silencioso, mas reconhecível. Olhei, disfarçadamente, para trás e não consegui ver nada além de escuridão. Se houvesse, realmente, uma moto lá, deveria estar com os faróis e lanternas apagados. Os outros não pareceram notar nada anormal.

Talvez eu estivesse me iludindo. Quantas vezes isso acontecera nas semanas anteriores? E se fosse somente outra moto comum passando por um caminho estranho, mas rotineiro? Agora, mais que nunca, eu gostaria que fosse o barulho daquela moto em especial.

Outra idéia que me fazia acreditar que ele estava vindo era que a moto deveria ser preta, para ficar tão bem disfarçada em lugares tão ausentes de luz. Eu, sinceramente, não queria me enganar. Não queria perceber que não era ele, mas me fiz acreditar, com todas as forças, que ele estava chegando. Foi como se eu apostasse todas as minhas fichas ou, literalmente, a minha vida nessa idéia.

- O que o chefe disse para fazermos com ela? – Escutei o homem sentado no banco do passageiro cochichando com o que estava dirigindo. Talvez fosse esse o motivo de não estarem ouvindo outro automóvel se aproximando.

- Disse que tanto faz, contando que peguemos a caixa.

- Acha que quando vão perceber que ela sumiu?

- A irmã está na aula e a mãe só retorna de madrugada. Talvez só percebam amanhã de manhã. – Ele sorriu satisfeito.

Eu fiquei surpresa. Eles deveriam estar me seguindo há dias.

- Sorte que ela resolveu mudar a rota hoje.

- Sim. – Ele concordou com o outro e deu uma virada brusca em outra esquina escura. Segundos depois, escutei outro barulho virando, também, a esquina.

- Vai ser melhor para ela se ela cooperar. – Disse o homem que estava ao meu lado em voz alta, acabando com o cochicho e deixando os outros dois perceberem que estavam perfeitamente audíveis. – Você vai cooperar, não vai? – Ele me perguntou tentando parecer bondoso e acariciou novamente os meus cabelos ondulados.

Encarei, sem expressão, seu rosto escondido pela escuridão. Nada respondi, mas ele continuou na espera.

- Você disse para eu ficar quieta. – Falei finalmente. Eu estava tentando ganhar tempo.

- Se você nos disser onde está a caixa agora evitaremos muitas desavenças. – Ele sorriu com ironia. Parecia muito mais controlado e menos impulsivo que os outros dois que, pelo olhar, teriam me torturado naquela rua mesmo até que eu dissesse onde estava o que eles queriam.

- Como posso ter certeza que não vão me matar depois que eu entregá-la a vocês? – Perguntei pensativa.

- Uh, ela é esperta. – Sussurrou o homem que estava sentado no banco do passageiro na frente do veículo e logo levou um cutucão do outro que estava dirigindo.

- Você não está em condição de fazer exigências, mocinha. – Falou o que estava sentado à minha esquerda.

- Só estou dizendo que se forem me matar depois que eu entregar a caixa, é melhor, para mim, me matar sem que eu diga nada, não acha?

- Cale a boca. – Ele respondeu irritado e eu sorri disfarçadamente satisfeita.

Continuamos andando por mais alguns minutos e minha esperança de que era o Sam de moto atrás de nós estava diminuindo. Eu quase não conseguia ouvir mais os ruídos que indicavam uma moto atrás de nós, embora tivesse a impressão de ouvi-los novamente a cada nova vez que virávamos uma esquina.

Eu pensei que não poderia ficar pior, mas a cada vez que progredíamos pelas ruas, elas ficavam ainda mais escuras, úmidas e sujas e os faróis que estavam apagados ajudavam a criar uma cena ainda mais obscura. Na verdade, eu tinha a leve impressão de que eles estavam dando voltas propositalmente, passando por lugares estreitos, mal iluminados e afastados para me amedrontar ou para que, simplesmente, se algo desse errado, eu não soubesse voltar ao mesmo lugar mais tarde e nem, talvez, levar a polícia. Naquela parte da cidade, as ruas pareciam mais labirintos, jogos mentais e diabólicos que construíram para confundir o mais desatento.

Naquele instante da pequena viagem, eu já estava planejando como iria sair dessa sozinha. Eu não poderia confiar naquele barulho que ouvi mais de meia hora atrás e que pareceu não persistir até aquele momento. Não era certo que eu me iludisse novamente, agarrando-me à idéia de que Sam estaria lá de novo. Eu desejei mentalmente diversas vezes que ele fosse embora, que me deixasse em paz, apesar de ser óbvio que não era isso o que eu realmente queria. Disse a ele que o odiava, embora não fosse exatamente o que eu sentia. Então ele resolveu satisfazer meus desejos superficiais e partiu. Quais eram as chances reais de ele estar mesmo ali?

- Zero. – Sussurrei para mim mesma no escuro do automóvel. Isso desviou a atenção deles para mim.

- O que você disse, garota? O que ela disse? – O homem que estava sentado, à minha esquerda, perguntou em voz alta.

- Acho que ela disse “certo”.

- Ela disse “Nero”. – O outro contestou.

- Por que raios ela diria “Nero”?

- Fiquem quietos. Estamos quase chegando. – O homem mais próximo de mim ordenou e os dois ficaram calados. Pareciam uma dupla de patetas e isso, visivelmente, o irritava.

- Sim, só mais alguns minutos. – O cara que estava dirigindo concordou.

Engoli seco. “Zero” também era a palavra que expressava as minhas chances de conseguir sair dali mesmo que eu escapasse, isto é, considerando que eu conseguisse essa façanha. Eu nunca conseguiria voltar para casa, aliás, naquele lugar, eu nem sequer sabia em qual direção ou sentido ficava a minha casa ou algum lugar que tivesse ônibus ou qualquer meio de transporte.

Apoiei o cotovelo direito no vidro do carro e coloquei a mão sobre a testa. Tentei, em vão, observar com mais atenção os lugares pelos quais estávamos passando. Tentei memorizar algum ponto de referência, mas tudo estava muito incerto naquele breu. Chegava até ao ponto em que eu não sabia distinguir formas e cores. O nervosismo me arrebatou quando me dei conta disso. Acho que foi a primeira vez que eu entendi realmente a situação terrível na qual eu me encontrava. Sozinha, com homens desconhecidos em lugares desconhecidos e afastados. E, de novo, sozinha. Foi então que ouvimos um barulho.

O som era inconfundível. Algum objeto pesado atingira a lataria metálica com grande intensidade. Deveria ter feito um buraco significativo onde quer que tivesse pegado. O motorista deu uma freada brusca e, pela lei da inércia, fomos todos jogados para frente de maneira inesperada. Me coração começou a bater violentamente.

- O que foi isso? – Ele perguntou, abriu a porta frontal da esquerda, largou o volante e saiu do veículo. Andou por metade da extensão do carro e gritou. – Não consigo enxergar direito, muito escuro aqui. Traz a lanterna.

O homem que estava ao seu lado, no banco da frente, abriu a porta direita com violência e iluminou um pouco o local. Pude ver pela janela um dos lugares mais horrorosos que minhas vistas jamais puderam contemplar. Senti um arrepio na espinha.

- Saiam já daí. – Gritou o cara que estava próximo à janela da direita, ao meu lado. – Provavelmente você atropelou uma lata. Estamos quase chegando.

Assim que ele terminou de falar, a escuridão decaiu novamente sobre nós. Alguém apagara a lanterna. Instantes depois, escutamos uma espécie de grito abafado. Reconheci o timbre do motorista. Alguém o atingira.

Depois que os barulhos iniciais se tornaram claros, uma série de outros ruídos cortaram o silêncio fúnebre daquele lugar. Quedas, socos, suspiros, berros e até gente caindo sobre latas de lixo foram perfeitamente audíveis. Pude distinguir, também, o som aparente de uma pessoa sendo prensada contra a lataria do carro.

Agora eu tinha certeza que o Sam estava lá. Coberto e protegido pela negritude, quase invisível naquela condição de gato preto que vaga pela noite. Ninguém mais teria a disposição para enfrentar dois homens para me livrar de sabe-se lá que destino.

Nós tínhamos pensamentos parecidos, afinal. Apesar de nossas diferenças e nossas semelhanças quanto ao orgulho exagerado e a necessidade de ganhar qualquer jogo físico, mental ou emocional, ainda tínhamos a mente sagaz o bastante para planejar qual seria a próxima ação. A disparidade, contudo, vinha da maneira como utilizávamos esse último atributo. Eu tentava usar a esperteza para me livrar de situações de visível desvantagem como aquela. Ele usara para tentar me matar. O que reflito, neste momento, entretanto, é que eu já deveria estar esperando por isso. Agora me era claro que Sam esperara esse tempo todo para agir porque tinha a esperança de que eles me levassem ao chefe de tudo isso. Quando percebera que estavam dando voltas e que talvez não estivessem indo a lugar algum, resolvera atingir o veículo com a primeira coisa que encontrou.

Somente depois de vários segundos seguidos, o homem armado que estava ao meu lado pareceu entender o ataque que estavam sofrendo. Abriu o vidro da esquerda e colocou a cabeça para fora a fim de enxergar alguma coisa. Nada.

- Mas o que está ac...? – Começou a indagação, mas foi interrompido pelo meu soco violento. Parece que, no final das contas, socar o travesseiro em momentos de estresse, tinha alguma vantagem.

Eu tinha a clara idéia de que ele não hesitaria em atirar no Sam se conseguisse focalizar a visão. E, por mais que esse pensamento me trouxesse sérios receios e dores profundas na alma, era também de cunho racional a minha idéia de que Sam era a pessoa que estava tentando me resgatar. Se ele levasse um tiro, nós dois perderíamos com isso. Foi por esse motivo que não pensei duas vezes ao atingir-lhe com o punho fechado aproveitando sua distração momentânea.
Com a pancada repentina e inesperada, ele deixou escapar um rugido e fraquejou a mão direita. Por isso, tentei tirar a arma de sua posse enquanto ele ainda estava meio zonzo, mas algo que não calculei com exatidão fez o revolver ser lançado para debaixo do banco do motorista, logo a frente do homem. Bom, de fato, isso era melhor do que se ele ainda estivesse com a arma em mãos.

Ele logo percebeu o que estava acontecendo e tentou me conter com o braço direito enquanto curvava as costas e tateava com a mão esquerda o chão do veículo. Enfiou a mão debaixo do banco da frente e tentou encontrar, sem sucesso, o revólver perdido.

Como quem procura sempre acha, raciocinei que era mais sensato continuar dando-lhe pancadas sobre as costas para que parasse de buscar a arma. Agora eu tinha a clara idéia de que ele não hesitaria, também, atirar em mim... Caso estivesse com a posse do revólver.

Meu simples plano funcionou. O homem se irritou com os socos desprotegidos que estava levando, parou com a busca incessante e meteu-me uma cotovelada bruta que atingiu a área óssea logo abaixo do meu pescoço e me fez voar para a direita, atingindo o vidro rígido com a cabeça. Pelo fato de não ter sequer trincado, a pancada me fez ver que os vidros eram blindados. Senti um líquido quente escorrendo pelos meus cabelos.

Não tive tempo, porém, para parar o sangue que escorria, pois ele apressou-se a vir novamente para o meu lado. Estava com uma parte da face vermelha por causa do meu soco, a boca aberta em fúria e os olhos saltados com a adrenalina. Naquela hora, pude ver bem as suas feições mais velhas e frias, conseguiria ver aquele rosto novamente se fechasse os olhos. A partir daquele momento, seria inconfundível.

Em um movimento rápido, consegui alcançar a alavanca que abria a porta onde eu havia sido arremessada e, depois de ter puxado o dispositivo, meti-lhe o cotovelo, fazendo que se abrisse bruscamente e que me fizesse cair sobre o chão frio e sujo. Também não tive tempo de sentir a dor da queda, logo fiquei de pé sobre a rua e iria fechar a porta na cara do homem se ele não tivesse colocado os dedos para fora. Não pensei duas vezes: bati a porta com força e ele gritou enraivecido, tirando logo os dedos roxos dali por reflexo. Bati a porta de novo e, desta vez, ela se encaixou perfeitamente, fazendo um “clic”.

Na mesma hora, Sam estava segurando um dos homens pelo pescoço e, ao mesmo tempo, sendo atingido pelo outro com pontapés. Eu sabia que não teríamos muito tempo. Logo o homem que estava dentro do carro encontraria a arma perdida no carpete e começaria a atirar.

Ele olhou rapidamente para mim balançou os cabelos e gritou:

- Sobe na moto.

Saí correndo e montei na moto preta que estava estacionada no lado esquerdo do carro preto. Ao ouvir isso, um dos homens, se adiantou a entrar no veículo do lado do motorista. Sam empurrou o outro dentro de um beco próximo e também subiu na moto, deu a partida.

Segurei firmemente as suas costas para que eu não caísse por causa da alta velocidade. Olhei para trás em tempo de perceber que o único cara que ainda estava do lado de fora do automóvel vinha cambaleando para entrar na porta do passageiro. Senti luzes se acendendo nas minhas costas.

Com os faróis ligados em nossa direção, era mais fácil que eles nos vissem, mas Sam parecia ter grande conhecimento do lugar onde estávamos. Virava ruas após ruas em curvas fechadas e rápidas. Logo percebi que não havia mais movimento atrás de nós. Tínhamos escapado.
Olhei meu relógio e percebi que passara uma hora do horário correto de buscar Sofie. Àquela hora, ela já deveria ter pegado um ônibus sozinha ou ligado para a Sarah. Então não adiantaria voltar ao Centro.

O trajeto longo e silencioso de volta ao condomínio me fez refletir certos fatos. O primeiro deles é que eu teria que contar a verdade para a minha irmã. Sarah não me daria atenção, mas Sofie poderia ter algum plano. Sem contar que seria muito mais fácil ter certeza de que ela está bem nos momentos em que estamos separadas se ela soubesse da real situação.

Certo, talvez eu receba a tal caixa, mas não há como garantir que eles não peguem Sofie da próxima vez. Acho que eu ainda não tinha pensado em todas essas hipóteses antes e, talvez, nem tivesse acreditado realmente que havia perigo. Quando descobri a verdade sobre o Sam, achei que ele era a única ameaça. Agora eu percebia o quanto estava errada. Ele não fingira que estávamos correndo perigo para conquistar minha segurança, Sofie e eu estávamos, de fato, correndo perigo.

Agora que o susto inicial e a adrenalina da fuga passaram, eu conseguia sentir meu coração desacelerando e batendo forte contra o peito. Ao mesmo tempo, a dor da pancada sobre a cabeça começava a incomodar. Olhei para uma das mangas da minha camiseta branca e percebi que estava manchada com um líquido vermelho. Levei a mão direita à região da cabeça que estava ardendo sem parar e vislumbrei o sangue nas pontas dos meus dedos. Não deveria ser nada grave, mas estava doendo bastante e, talvez, no dia seguinte, iria ficar aquele edema enorme. Sorte que eu poderia disfarçar com os cabelos.

Andamos por mais alguns minutos até que pude reconhecer onde eu estava. Avenidas cheias de luzes e movimento, estávamos no centro. Era um alívio sem tamanho voltar a enxergar a claridade que, por alguns instantes, pensei que não veria de novo.

O cheiro também era diferente. Nada parecido com fedor de esgoto ou mofo como nas outras ruas em que estávamos, mas um cheiro agradável de ar fresco e libertação. Não que eu estivesse feliz em demasia, foi muito aterrorizante passar pela situação que acabei de passar, mas eu estava realmente satisfeita por não ter acontecido o pior. Apesar de saber, é claro, que isso não significava que estávamos livres daquelas pessoas.

Eu estava grata. É claro que isso não significava que eu iria esquecer tudo o que o Sam me fizera. Todas as mentiras, os fingimentos, as dissimulações. Eu ainda estava destruída com isso, mas poxa, ele salvara a minha vida. Seria uma mentira gigante se eu dissesse que isso não diminuiu a raiva que eu sentia dele.

Talvez ele tenha feito isso só para pagar uma dívida que achou que tinha comigo. Como, certa vez, planejara me matar, quis salvar a minha vida para diminuir talvez um remorso que sente. Eu não queria pensar assim, é claro que não. Queria acreditar que ele estava falando a verdade quando dissera que se importava comigo, mas eu não poderia me iludir de novo.

Não tive muito tempo de sentir o frio arrepiando todos os pêlos do meu corpo porque logo estávamos de volta para casa. O sangue já estava quase parando de escorrer e eu estava tentando me concentrar em outra coisa que não fosse a dor. Estava me sentindo meio tonta, mas não soltei as costas largas por nenhum minuto durante o trajeto.

Ele estacionou a moto no primeiro lugar que viu, logo desceu e me ofereceu a mão. Como não era hora para orgulho, agarrei-a com força. Cambaleei um pouco sobre o chão cimentado, as coisas estavam girando. Ele puxou minha cintura quando dei a impressão de que iria cair, mas logo consegui me firmar em pé.

Subimos pelo elevador vazio sem falar nenhuma palavra. Eu nem contestei quando ele apertou o botão do sexto andar e não o do quinto, onde eu morava. Meu prédio estava tão silencioso que chegava a ser assustador. Nenhum sinal de outra pessoa viva por lá. Andamos pelo corredor mal iluminado e entramos pela porta do 601.

Além de escuro, o lugar estava mudado. Vários móveis estavam encapados com plástico resistente e alguns dos armários estavam vazios. Também não escutei sequer um barulho do cachorro, que costumava arranhar a porta do quarto quando escutava movimento na sala.
Sentei-me, ainda tonta, sobre o sofá preto. Era um alívio ter um lugar concreto e que não se mexia para sentar. Eu poderia ficar ali o resto da noite, era difícil andar quando tudo dançava e girava ao som de alguma música inexistente. Sam acendeu as luzes. Relaxei a cabeça no encosto do sofá.

- Tome. – Ele disse depois de um rápido movimento até a cozinha e me ofereceu um copo com água.

- Obrigada. – Suspirei segurando, trêmula, o vidro.

Bebi a água devagar. Eu ainda estava com aquela sensação de que existia pouco ar para muito pulmão. Respirava fundo e descompassado enquanto sentia o coração agredir o peito por dentro. Acho que nem se eu saltasse praticando Bungee Jumping na altura de 200m eu me sentiria assim.

- Deixa eu ver isso.

- Ai! – Murmurei quando ele me puxou e começou a mexer na minha cabeça.

- Não faça drama. – Ele respondeu e continuou a avaliar o ferimento. Talvez não fosse drama se tivesse sido a cabeça dele, pensei irritada.

Ele pegou um curativo na gaveta e colou em cima do machucado. Queria ver o tufo de cabelo que eu iria perder quando resolvesse arrancar aquilo de lá.

- Ainda está tonta? Siga meu dedo com os olhos. – Passou os dedos indicador e médio na frente do meu rosto e eu obedeci. – Você vai ficar bem. – Ele constatou tentando parecer bondoso.

- Certo. – Respondi sem saber o que dizer.

- Como isso aconteceu?

- A cabeça? – Perguntei um pouco distraída. Era estranho estar lá de novo depois de tanto tempo. Ele acenou positivamente diante da pergunta. – Dei um murro no cara e ele me deu uma cotovelada. Bati a cabeça contra o vidro.

Sam riu alto. Aquele velho sorriso do humor negro que eu costumava gostar tanto. Fiquei um pouco nervosa, não consegui enxergar a graça na história.

- Do que está rindo? – Fechei a cara, mas ele não parou de rir.

- Você tem a mão pesada.

Sorri também. Foi legal ele ter falado isso.

Fiquei rindo junto com ele por algum tempo. Não sabia se era a saudade, o nervosismo ou se, simplesmente, o que ele dissera foi engraçado mesmo.

- Eu não estava te seguindo. – Ele informou de repente e com seriedade, então colocou a cabeça no encosto do sofá, do lado da minha, olhando para frente.

Eu não entendi, a princípio, o que isso deveria significar. Ao que me pareceu, a pancada na cabeça havia embaralhado um pouco as minhas idéias. Estava difícil raciocinar naquela hora, pelo menos eu não sentia mais a ardência no couro cabeludo. Só depois de um tempo em silêncio que entendi o que ele quis dizer. Ele quis deixar claro que estava cumprindo a sua promessa de manter-se distante.

- Então como...?

- Andei viajando, procurando algumas respostas. Voltei antes de ontem e percebi que aquele carro estava sempre observando o movimento do prédio. Resolvi segui-lo hoje. Você teve sorte.
Isso diminuiu um pouco a minha felicidade por estar ali. Apesar de eu ter deixado claro que não o queria, era confuso pensar que eu queria sim que ele estivesse me acompanhando. Pensando em mim. Ele me salvara por puro acaso.

- Certo. – Eu respondi com um nó na garganta.

- Qual o problema? – Ele perguntou ao perceber o quanto minha voz tremeu.

- O que vai acontecer – perguntei pensativa encarando, também, o quadro que estava na parede à nossa frente – quando eu não tiver sorte? Quando você não estiver lá?

Ele não respondeu. Ficou imóvel do meu lado por muito tempo. Não estávamos em contato, mas eu era capaz de sentir o calor dele em mim. Era uma sensação diferente de todas as que eu já sentira. Minha maior vontade era a de abraçá-lo. Eu não o queria porque era apenas a pessoa que me salvara a vida, mas sim porque era a pessoa que, quando estava perto, me fazia não querer ir embora nunca mais. Já deveria ser quase meia-noite, mas eu não estava me importando. Não tinha a mínima vontade de me mexer.

- Eu já encontrei outro apartamento. – Ele disse finalmente. – Já encaixotei algumas coisas, como você pode ver.

Agora que ele mencionara, era verdade, eu notei algumas caixas de papelão espalhadas pelo chão do cômodo. Outra onda de sentimento ruim passara pela minha espinha.

- Diga que não vai mais. – Eu respondi não em tom de súplica ou pedido, mas da forma mais casual possível. Meu orgulho me atrapalhava às vezes.

Ele virou o rosto e me fitou por vários minutos. Eu fingi que não estava percebendo e continuei a olhar para frente. Era capaz de sentir a respiração quente atingindo meu pescoço.

- Eu não te entendo às vezes. – Informou em um tom baixo e confuso.

- Podemos fazer um acordo. – Eu respondi sem pensar direito. Ele levantou a cabeça intrigado. – Você quer a caixa, eu estou em perigo. Você tem, obviamente, mais condição de me proteger que eu sozinha. Se você me ajudar, te darei o que você quer.

Ele arqueou as sobrancelhas e pareceu refletir acerca da minha proposta. Não era um mau negócio para ele. Ele só precisava ficar de olho quando pudesse até que eu recebesse a encomenda. Depois, eu entregava o que quer que fosse para ele e então ele poderia sumir e lidar sozinho com as pessoas que estivessem atrás disso. Ele conseguiria o que quer e minha família ficaria segura já que não estaríamos mais com a posse da caixa. Era esse o plano inicial, mas eu não queria pensar agora na parte em que ele ia embora.

- Não posso vigiar você a todo o momento.

- Eu sei. – Eu falei também levantando a cabeça em um único movimento brusco e encarei seus olhos verdes me olhando. – Durante o dia eu ficarei no colégio. Duvido que alguém tente algo contra mim na presença de um monte de gente.

- Hum. – Ele respondeu pensativo. – Se eu fizer isso por você, me dará o que quero?

- Sim. – Confirmei com toda a firmeza possível. Eu não sentiria falta de uma encomenda que nunca tive e nunca soube o que era. Se isso era o importante para ele, que ficasse com ele.

- Certo. Temos um acordo.

Sorri satisfeita. É claro que era doloroso pensar que ele só me ajudaria porque estava interessado no que eu iria lhe dar, mas, mesmo assim, eu não podia evitar o contentamento ao lembrar que isso evitaria que ele sumisse agora. Eu estava pensando no quanto foi desesperador a sua ausência e não raciocinei direito o que eu faria depois que nosso trato acabasse.

Levantei os olhos e encontrei os seus por um momento, mas logo os desviei para a boca, que estava cortada. Parte do sangue já havia secado e, só naquele momento, reparei que ele estava consideravelmente machucado. Peguei um dos lenços que estavam na gaveta que ele havia aberto. Molhei-o com água oxigenada que estava no mesmo local e esfreguei o pano contra a pele vermelha. Ele fechou os olhos com força e quase fez uma careta. Deveria ter ardido.

- Ah, não faça drama.

Ele sorriu divertido.




Acordei com o barulho da chuva batendo na porta da minha sacada na manhã seguinte. Olhei para o despertador e percebi que, como raríssimas vezes, eu não estava atrasada para acordar. Percebi, também, que a dor estava mais intensa, o local deveria estar roxo ou sei lá que cor para estar doendo tanto.

Escutei ruído de louças na cozinha. Sofia deveria ter levantado 5 horas da manhã como de costume e já começara seu roteiro matinal. Se algo acontecesse e perturbasse sua rotina, ela era capaz de ficar de mau humor pelo resto do dia. Valorizava muito seus planos e tradições.

Cambaleei para fora da cama tentando me lembrar exatamente como chegara em casa, mas as imagens estavam um pouco embaçadas. Tenho a vaga lembrança de ter aproveitado um pouco mais a companhia do Sam ontem à noite e depois de ter sido acompanhada até a porta de casa. Naquele momento, o sono e a tontura já estavam em estados elevados, então não tenho muita clareza de como vesti a camisola ou escovei os dentes na noite anterior.

Sentindo como se estivesse carregando uma pedra enorme em cima da cabeça, avancei lentamente pelo corredor de casa e topei com Sofie enchendo sua tigela de cereais. Ela levantou a cabeça e franziu as sobrancelhas quando me viu.

- O prédio está pegando fogo?

- Que? – Era exigir demais se ela quisesse que eu entendesse suas piadinhas de mau gosto àquela hora da manhã com uma bigorna no lugar da cabeça.

- Você levantando antes da hora. Achei que fosse uma emergência... Um meteoro atingindo o planeta talvez... – Ela sorriu da própria fala e colocou, atrás da orelha, uma mecha de cabelo que havia escapado do coque alto.

- Engraçada você. – Suspirei irritada e sentei-me à mesa.

- Você está um lixo. – Ela notou com seriedade e continuou procurando a proporção perfeita de cereais e leite dentro da tigela.

- Obrigada. – Respondi baixinho. – É sempre bom ter uma irmã tão delicada.

- Sério. O que aconteceu? Ainda não esqueci o seu total lapso de memória que a impediu de se lembrar de mim e que me fez esperar meia hora antes de ligar para a Sarah pedindo que viesse me buscar imediatamente. E ela está furiosa por você ter impedido que ela adiantasse a próxima matéria do jornal para poder me trazer em casa.

- Precisamos conversar. – Eu disse o mais séria que consegui. Teria que alertar Sofia e fazer com que ela acreditasse em mim. Passei a mão sobre os cabelos analisando a pele inchada da cabeça.

- Você tem 4 minutos. – Ela retrucou assim que interrompeu seu movimento de colocar leite sobre o cereal. – Antes que o cereal amoleça.

Pensei na maneira que poderia explicar tudo em pouco tempo e de maneira direta. Era muito difícil começar a explicar uma situação do tipo para uma criança de 13 anos, mesmo que ela seja tão desenvolvida quanto a minha irmã. Sofie me lançava um olhar atencioso esperando que eu começasse a conversa, ajeitou a gola do robe e continuou a me encarar.

- Querem nos matar. – Eu disse finalmente. Optei por começar do ponto e depois ir para as partes.

- Desde quando você começou a conversar por meio de hipérboles?

- Não é exagero. – Respondi preocupada. – É sério.

- Desenvolva. – Ela pediu e sentou-se com cautela, focando toda a sua atenção em minhas próximas palavras.

- Não fui te buscar ontem porque fui abordada por estranhos. – Expliquei da maneira mais direta possível sabendo que Sofie odiava quando as pessoas tentavam amortecer os fatos por meio de palavras. – Veja. – Passei a mão sobre o corte, afastei uma mecha de cabelos e virei-me para que ela pudesse entender que eu estava falando sério.

- Como isso aconteceu? – Ela perguntou tentando manter o controle de si mesma, mas eu percebi que estava preocupada.

- Fui jogada contra o vidro de um carro, mas isso não é o que importa Sofie. O que importa é que essas pessoas acham que temos algo que não temos. – Progredi a idéia sabendo que ela me entenderia.

- Então pode acontecer de novo. – Ela completou com perfeição.

- Exato.

- Certo. O que vamos fazer sobre isso?

- Que? – Indaguei em confusão. Os pensamentos ainda estavam meio embaralhados em minha cabeça.

Ela fechou os olhos impaciente. Odiava ter que me explicar o óbvio... pelo menos para ela.
- Você vai esperar que essas pessoas voltem? Precisamos de um plano.

- Não podemos fazer nada.

- Podemos avisar a lei.

- Avisar o que? Que pessoas que não sabemos quem são estão nos perseguindo em busca de algo que não sabemos o que é? Muito verídico. – Ironizei e ela se calou. – Também não temos uma ameaça escrita ou sei lá. Não temos testemunhas...

- Como você escapou ontem?

- Sam me ajudou. – Respondi com gratidão. Ele pode ter mentido, dissimulado e pode ser o cara com mais defeitos no mundo, mas, definitivamente, ter feito aquilo por mim ontem me desperta muita gratidão.

- Ele por acaso não é testemunha? – Sofie perguntou colocando as mãos sobre a cintura.

- Temos que deixar ele fora disso, ok? – Eu falei tentando que ela me compreendesse. Sam não poderia ser testemunha coisa alguma, já que, na parte diurna, ele sequer se lembrava de patavinas.

- Mellanie... – Ela começou a falar como se fosse me trazer a ficção e colocar-me de volta à realidade. – Eu sei que eu tenho um intelecto acima da média e que posso desenvolver pensamentos abstratos de bastante complexidade, mas isso não significa que temos condição de enfrentar uma situação assim sozinhas. Eu nem sequer entendi direito porque estão nos perseguindo, apenas estou acreditando na sua história com base nos dados empíricos da rachadura na sua cabeça que, aliás, acho que está sendo a causa dos seus delírios.

- Não estou delirando. – Contrariei-a veemente.

- Está sim. Se isso que você está dizendo é verdade, estamos correndo grande risco. Não podemos ficar esperando sozinhas e sem um plano feito as gazelas no canal animal.

- Sam prometeu nos ajudar. – Eu informei-a com cautela, pensando se era isso mesmo o que ela estava querendo receber como resposta.

- Rebecca disse que vocês não estavam mais juntos. – Ela franziu as sobrancelhas sem entender.

- Fizemos um acordo.

- Hum. – Ela refletiu cuidadosamente. – Já é alguma coisa. Ele parece ser forte. Quantos eram?

- Que? – Perguntei de novo me pegando aérea. O comentário sobre a força dele me distraiu temporariamente com a imagem de seus músculos.

- Você está normal? – Ela elevou o tom de voz sem paciência. – Quantos eram ontem à noite? – Ela perguntou de novo quase soletrando as palavras.

- Três homens.

- Indica boas proporções, mas não se pode afirmar que não virão mais se acontecer de novo. – Ela concluiu.

- O que você quer que eu faça? Estou sem ação aqui! Ai! – Gritei no impulso em que minha cabeça doeu. O machucado estava começando a latejar.

- Vou pensar em algo.

44 comentários:

Anamaria Cruz disse...

Uau, to sem palavras!
Esse livro é otimo, e nao tenho mais o que dizer.

Adorei a ação no capitulo :)
Quero logo a próxima parte D:

Anônimo disse...

adoooooooooooro!!!!

ameiii a ação!


amei o Sam em ação!!


amei q ele tennha aceitado ajudar ela.. mesmo q só por causada caixa!

=)


bjos!

Anônimo disse...

AAAAAA loka pra ler a próxima parte
to amando esse livro FATO, to ate relendo os capítulos pra nao deixar passar nada.

by Carol Winchester

Ju Fuzetto disse...

Demaissssssssssssssssssssss como sempre!!!!!!!!!!!!!!!!!

Aguardandooooooooooo a outra parteeeeee!
Beijos

Unknown disse...

somente um comentário:

TUDDDDO DI BOMMMMMMMMMMMMMMM + UM POKO!!!!!

e o proximo?

bjinos

Anônimo disse...

By: Alessandra

PERFEITO!!!
pra variar neh! rsrsr
Cada capitulo melhor que o outro! *-*

"- Que? – Perguntei de novo me pegando aérea. O comentário sobre a força dele me distraiu temporariamente com a imagem de seus músculos."

rsrsrsr adorei essa parte!!! xD

Posta o mais rápido possivel!!

Amo sua estória!!!

=]

Andressa disse...

Acho que eles vão acabar voltando. *.*
Quero mais. =D
Beijos.

Drika disse...

Como sempre, MARAVILHOSO!!!
Aguardando a continuação!!
Beijosss!!

Ray disse...

Wooooooow *-*
Mtá MAARA. Maara MESMO *--------------*
Mais, mais ô/

Anônimo disse...

Adorei

By : Hayetcha

Anônimo disse...

"Hum. – Ele respondeu pensativo. – Se eu fizer isso por você, me dará o que quero?" Hummmmmm!!!!

O QUE ELE QUER? A CAIXA! DUVIDO...
(Alguma coisa me diz que o Noah é mais importante nessa história do que imaginamos)

Obrigada Mel, você é muito talentosa!

Milly disse...

noooss, oq será q tem nessa caixa pra ser tão importante??
to curioosa *o*

ta perfeito como sempre :)
maais !

Luh disse...

Amei esse capítulo! Ação e romance... perfeito! *-*
Esperando ansiosamente a continuação!
Beijos, conterrânea

christiny disse...

aiiiii o sam é d+... gosto muito dele, do jeito intenso dele rsrs...
eu nao gosto mé do noah( ele parece culpado d algo, mas nao si oq é) e tipo td cara bozinho na verdade nao é aquilo d verdade
bjoo

Laura disse...

sempre booom

Anônimo disse...

eu ate quero os dois juntos, mas o nome do cap. ser Separação, me causa uma grande duvida dos rumos da historia


o Sam pode não ser normal, mas é bem prestativo

eu ainda morro de curiosidade por causa desse livro ahsuahusahsua

# nathielly disse...

Este livro é perfeito. /FATO.
Eu não consigo paraar de leer esse livro. / BUCHO
Serio. Não consigoo mais ficar sem leer o IVERSO, toda vez que acabo um parte, já estoou tooorcendo pra que a outra chegue urgentemente, é IMPOSSIVEL, não viciar neesse livroo tão perfetioo.
Parabééns, flooor.
Voooce ainda vai ter muito sucesso. ♥

Anamara disse...

iiih, vai ter flashback esses dois hein xD adorei! bjoo

Gii_u disse...

Estou amaaaaaandoo!!!!

Quando vai ter a proxima partee?!

Beijoooos
xD

Anônimo disse...

cadê a parte 2? )))):

Rayssa disse...

Sabe de uma coisa?
Dúvido também que ele queira a caixa,
garanto q quando chegar a hora ele vai dizer que o que ele quer não é a caixa, é ela *-*
oaksoakskasokaoskoas viajeitotalné? queseja
Maaaaaaaaaaaaaais ô/

Anônimo disse...

eu tbm cheguei a pensar como a Rayssa q na hr o Sam desiste da caixa pq oq ele qr é a Mel, mas ele muda tanto d humor q é dificil acreditar nisso

louca pela segunda parte...

nath disse...

vc não quer fazer do meu aniversario um dia melhor e postar mais uma parte?XD

esperando ansiosaaa =P

Anônimo disse...

By: Alessandra

Kde a parte 2 que não chega??

^^

Anônimo disse...

aaaaaaaai... Quero mais !
Tá muito bom tudo akiie..
Nossa, Muito Perfeito!
Que venha logo a parte 2 !
*---------*

Anônimo disse...

Aaaaiii...

Parte 2 please??


Diz q siim... Diz q siim...
Vai anda: diz q siim...
Siim??

o.O

...

Aliás:
perfeito!!!

Giu disse...

amo sempre

Jena disse...

Mais mais mais maaaaaais!!!!!!!!









XD

Dany disse...

Já disse que amo esse livro?
A cada capítulo é uma emoção nova, diferente.


Você escreve muito bem, mal posso esperar pela continuação!


Beijocas!!

Giu disse...

Caraca, vicio total na tua historia *___*

Podes dar uma olhada na minha e dizer o que achas?
:*

Nina disse...

Quero maaaais!! Fiquei sabendo q vc tá doentee!!
Melhoraaaas, Lih!!

Melissaa F disse...

Perfeito demais! E agora??

Jaina disse...

Adorei o novo layout do blog *________*
Tá lindoooooo!

Tacianne disse...

Muito lindo o novo blog! ♥

Ninfa disse...

emocionante!! Quero saber maiis!

carlia disse...

é sempre maravilhoso esse livro.

Eu choro, rio, me emoviono, me divirto, fico intrigada.

Você nos faz ter as diferentes sensações com unm livro só. você é demais

Raquel Bernardades disse...

Tomara q a Sofie pense num jeito de tirar eles dessa enrrascada :P

amodoro ela, é muito divertida!!

Livia disse...

quando sai o proximo??? nao aguento de curiosidade!!! garota, vc tem o dom!!!

Jade disse...

maravilhoso

Luana Barbosa . disse...

aiiiiiiiiin, eu quero ler mais *-*

Oliviaa disse...

maravilhoso

Lorena disse...

MEU DEUS!

Alexia Janyne disse...

mee seegura q ñ seei se voou aguentar até ter a proxima paarte! quee maaldade (~66

Anônimo disse...

ótimo *-*

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