sexta-feira, 1 de maio de 2009

Capítulo 1 - O Invasor

Eu sempre meditei muito sobre os caminhos que levaram minha vida até o ponto onde se encontrava naquele instante. Em uma dessas reflexões percebi como situações e encontros insignificantes podem levar a um futuro inesperado. Se eu, por acaso, fosse uma garota que acreditasse em coincidências, chegaria à conclusão de que a vida não passa de encontros desordenados assim como pingos de chuva que se chocam com o vento, mas como não sou assim, creio que as coisas acontecem por um motivo específico. Dentre os milhares de exemplos que me vêm à cabeça quando penso sobre o assunto, penso em como meus pais se esbarraram, assim, ao vento devido a um endereço errado que foi passado à minha mãe. Também me recordo do erro de cálculos dela ao verificar o calendário, fato que deu origem à criatura de pouco mais de metro e meio mais inteligente do oeste do país, minha irmã mais nova, Sofia. Posso citar, da mesma maneira, a bala perdida que tirou a vida do meu pai há seis anos e a única herança que nos foi deixada, um apartamento de luxo no subúrbio de uma cidade mediana. Se nenhum desses fatos tivesse acontecido nessas exatas ordem e exatidão eu, provavelmente, nunca teria sentido que a minha vida realmente valera à pena. Então não, não acredito em coincidências.

Outra situação inesperada e, como as outras, nada coincidente foi o assassinato de um pobre senhor amável e de cabelos grisalhos que tinha o hábito de recolher o lixo reciclável dos apartamentos em troca de moedas e, também, aproveitava para alimentar os pombos no terraço, coisa que causava a irritação e o descontentamento dos moradores já que, depois disso, as aves faziam barulho o dia todo. Se este fora o motivo de sua morte tão violenta, digo que foi muito injusto e torço para que os pombos sintam sede de vingança, cacem o culpado e o aterrorizem com gritos agudos até mesmo quando for ao banheiro. É, admito que foi um exagero pensar em uma pessoa tentando satisfazer suas necessidades fisiológicas sendo atacada por pombos logo no começo do meu café-da-manhã. É que eu não sou lá a melhor amiga dos pássaros indefesos, mas sou explicitamente contra a crueldade com os animais. Justamente por causa desse acontecimento bizarro e aleatório no começo do meu dia é que as coisas tomaram proporções impensadas por mim até aquele momento.

Minha mãe, repórter da coluna de eventos de um jornal quase anônimo na cidade, viu no pobre alimentador de aves uma oportunidade de ser promovida para a coluna policial. Eu já tinha desistido de entendê-la, não sabia como a morte de um amigo da natureza poderia ser a chave para a sua promoção e também não conseguia entender como alguém ficaria feliz em trocar a anunciação da nova filial do posto de gasolina pela notícia da morte de um velho que, apesar de bonzinho, era sem-teto.

- Seres humanos ficam deslumbrados com as catástrofes. - Sofia constatou normalmente quando, sem querer, pensei alto enquanto remexia o leite quente que tinha preparado.

- Não sei o que tem de tão deslumbrante nisso. Será que ninguém se sente sequer tocado com a saudade dos pássaros?

- Pássaros não sentem saudades, Mel.

Resmunguei alto. Esse era o maior problema de se ter um gênio de 13 anos em casa, eles nunca te deixam tirar um pouquinho os pés do chão. Normalmente, eu discutiria, não sei como ela poderia entender tanto de psicologia das aves, mas resolvi não me opor. Minha mãe tinha saído cedo para escrever logo a matéria para o jornal, isso significava que teríamos que ir andando até a escola, ou seja, estávamos atrasadas.

- Estamos atrasadas.

Sorri amarelo ao ouvir essas palavras, me irritava quando ela comunicava o óbvio, ainda mais quando eu seria a culpada. Já poderia ouvir a voz da minha mãe berrando comigo em minha mente: "você tem 17 anos, Mellanie, como não tem a mínima responsabilidade com a única tarefa que te dei?".

- Se quiser que o leite congele, vai ter que colocá-lo no freezer, misturar por mais meia hora não vai adiantar.

- Ainda está quente. - Respondi calmamente enquanto continuava a mexer com a colher.

- Você está enrolando, você o ferveu uns 40 minutos atrás.

- Você quer que a minha língua queime e caia?

- Cientificamente impossível.

Isso me irritou, é claro que eu não achava mesmo que havia essa possibilidade, mas onde está aquele tempo em que os irmãos mais velhos tinham o direito de exagerar mentiras para serem respeitados? Acabou, acabou a época em que se afirmava que se eles abrissem o guarda-chuva dentro de casa nunca mais cresceriam ou que comer formiga fazia bem às vistas. É, o mundo não tinha mais cultura. De novo não discuti, a história dos pássaros tinha me tocado, não sei o porquê. Resolvi, então, largar a preguiça de lado e tomar logo o leite. A pirralha tinha razão, estava mesmo frio.

Dei-me conta de que teria a primeira prova do ano no primeiro horário, tudo bem, organização não era meu ponto forte. Derrubei leite com chocolate na minha blusa, parece que destreza também não era.

- Ótimo, era tudo o que faltava. - Minha irmã criticou enquanto observava o meu esforço em disfarçar a mancha marrom com um guardanapo úmido.

- Sofie, vai pegando as suas coisas enquanto eu me troco rapidinho. - Ela saiu pela casa recolhendo as mochilas enquanto eu corri para trocar a blusa. Está certo, minha irmã irritava bastante, mas era o tipo de pessoa que tentava ajudar quando a situação ficava crítica.

- Mel!

- Que foi? - Gritei em resposta quando a ouvi berrar meu nome na sacada da sala. Saí pelo corredor ainda vestindo uma das mangas quando me encontrei com ela parada sob a luz do sol. - Que aconteceu?

- Você fez de novo?

- O quê? - Não entendi mesmo a pergunta, no tom que ela usou parecia que eu havia projetado um complô.

- Você adotou outro cachorro?

- Claro que não. - Minha irmã é extremamente alérgica a animais peludos, principalmente cachorros, e eu não levava isso muito à sério até uns três anos atrás quando contrabandeei um poodle para dentro de casa e ela inchou feito um rojão. Desde então desisti da idéia de ter um bicho, apesar de ela dar a certeza de que estaria tudo bem se eu tivesse um peixe, mas que graça têm os peixes?

- Vou ligar para a Sarah.

- O quê? Não! Sofie, mamãe vai me matar quando perceber que estamos atrasadas! Tenho certeza de que não tem cachorro nenhum aqui.

- Ah é? Olha isso. - Ela estendeu um dos braços que já continha pequenas manchas vermelhas e empolava mais a cada segundo. - Vai piorar se você não tirar o seu bicho daqui, traficante de animais.

- Já disse que não trouxe animal nenhum, os pêlos devem ter vindo com o vento. Na sua mochila tem o antialérgico, vamos embora logo, você toma um comprimido no colégio e vai ficar tudo bem. - Fui empurrando-a para fora da sacada.

- Se não melhorar, Sarah vai ficar sabendo do seu novo amigo ilegal. - Nossa, que drama. Eu mal tinha um cachorro e o pobre já estava sendo apelidado de "meu amigo ilegal", uma das coisas que tirava minha irmã do sério era a sua alergia.

Pegamos as nossas coisas apressadamente, tranquei a porta com uma girada de chave só e desatamos a correr pelo prédio. Se eu fosse escolher o acaso mais importante da minha vida, escolheria esse. Ao me apressar pelas escadas sem tempo para esperar o elevador, me choquei contra um cara lindo, alto e meio curvado por estar carregando, visivelmente, uma caixa de mudança. Segurei-me no corrimão para evitar a queda, foi um choque bem forte, apesar de não saber se estava tonta pelo encontrão ou pela visão dele. Os cabelos pretos de tamanho médio cobriam timidamente a face pálida, mas não eram negros o suficiente para retirar o brilho e o encantamento dos olhos verdes. Ele cambaleou um pouco com o encontro. A caixa que carregava, ao certo, tampara sua visão da maluca que corria pelas escadas antes das sete da manhã, no caso, eu.

- Desculpe. - Ele pediu, cordialmente, ao colocar o pacote em um dos degraus e estendeu a mão para me firmar. - Se machucou?

- Não, só estou um pouco tonta. - Ok, se eu fosse um pouquinho mais atirada, diria que a causa disso era o olhar dele, mas isso me pareceu tão brega, apesar de ser totalmente verdade. Além do mais, o choque deveria ter chacoalhado demais as minhas idéias, um cara daquele jeito não pensaria jamais em sentir atração por mim. Não que eu me ache feia, não acho, mas sou tão normalzinha e ele parecia o tipo de cara que sairia com a Madonna sem precisar pedir duas vezes.

- Você não parece nada legal, se quiser te acompanho até em casa. - Não, ele não estava me cantando. Delirante como sou, poderia até pensar nisso, mas o tom das palavras dele foi o suficiente para me alertar de que ele só estava sendo educado.

Sofia fechou a cara, estava irritada com outro imprevisto que aumentaria nosso atraso. Cogitei deixá-lo me acompanhar até o apartamento, mas não sabia onde eu queria chegar com isso, já tinha aceitado o fato de que ele deveria ter uma namorada, provavelmente a Rihanna, e que mesmo que não tivesse eu não teria qualquer chance. Também não era justo atrasar a minha irmã, além do mais, eu não iria me fingir de coitada para incomodá-lo ou, até mesmo, preocupá-lo, não sou assim. Não sou fresca e nem manipuladora a ponto de fingir uma situação na qual eu não estava apenas para conseguir alguns minutos a mais com um vizinho novo. Pensei nisso tudo em poucos segundos antes de sorrir e agradecer.

- Estou bem sim, obrigada. - Já tinha me recuperado do susto e já estava retomando a rota pelas escadas quando esqueci que a Sofia não iria deixar essa passar, assim, tão fácil.

- Você tem um cachorro? - Ela perguntou seriamente como se fizesse parte da Inquisição. Achei surpreendente como ela conseguia sustentar o olhar irritado para ele sem se sentir, no mínimo, sem chão. Talvez ela fosse um robô, improvável, mas explicaria muitas coisas.

- Tenho. - Ele sorriu bondosamente para ela, mas fazia diferente das outras pessoas, parecia que estava se divertindo com um humor negro que só ele podia ouvir. - Ele incomodou vocês?

Sofie ignorou totalmente a pergunta, costumava fazer isso quando achava o propósito irrelevante.

- Não, imagina, ele não nos incomodou. - Tentei cortar logo o assunto prevendo que ela não tinha terminado.

- Numa escala de 0 a 10, o quanto você gosta dele?

- Sofia! - Isso me envergonhou, corei. Agora, além de ser a louca que desce as escadas correndo e calçando o tênis, também sou a irmã da psicopata canina. Ele riu, não pareceu se incomodar com a indireta ou a ameaça que essa pergunta inferia. - É que ela é um pouquinho alérgica... - Tentei explicar antes que conclusões erradas fossem tomadas. Ela pareceu se irritar com a minha minimização do seu quadro alérgico.

- Pouquinho?

- Não dramatiza. Além disso, o cachorro vai estar no apartamento dele, não no nosso. - Cutuquei suas costas para ver se ela desconfiava e deixava logo isso para lá.

- Onde você mora? - Ela sabia como me deixar inconfortável, deveria ter feito algum curso pré-maternidade para isso, mal acreditei que ela tinha mesmo feito essa pergunta.

- No 601... - Ele ainda respondeu tranquilamente, deveria gostar de crianças ou, pelo menos, disfarçava muito bem.

- Em cima da minha irmã. - Eu cobri o rosto com as mãos.

- Desculpe? - Essa informação dela, visivelmente, o confundiu.

- Sua sacada está logo acima da minha irmã. Moramos no 501. Isso quer dizer que seu cachorro está só a três metros de distância. Então, numa escala de 0 a 10...

- Vamos embora, Sofia, já passou da hora. - Achei melhor interromper antes que ela perguntasse até o tipo sanguíneo dele. Acho que funcionou, já que ela já estava virando as costas para a escadaria. - Muito prazer em conhecê-lo. - Eu disse em tom agradável enquanto me perguntava se minhas bochechas ainda tinham a aparência de tomates.

- Igualmente. - Ele sorriu antes de se abaixar para levantar o pacote que antes estava carregando. Antes que pudesse sumir de vista, lembrou-se de acrescentar. - Se o Tosha causar mais problemas, me avise. Meu nome é Sam.

- Mellanie. - Me apresentei sem mais delongas. - Você também... Avisa se precisar de alguma... Alguma coisa... Açúcar ou sei lá. - "Açúcar ou sei lá?", não acreditei que tinha mesmo dito essa besteira.

- Claro obrigado. Se algum dia faltar... Açúcar, vou me lembrar disso. - Ele respondeu amigavelmente antes de terminar de subir as escadas e desaparecer de vista. Voltei ao trajeto de descida ao lado da minha irmã.

- Mel?

- Que foi?

- Você está ciente de que lá em casa só tem adoçante?





O clima estava quente e seco nesta época do ano, a poluição dos carros agravava a sensação de morar em uma bolha vulcânica. Eu sempre quis morar em uma cidadezinha pequena e fria, mas meu pai costumava dizer que, para que seus negócios funcionassem, ele deveria morar em um lugar populoso. Ele trabalhava na publicidade de uma empresa de cosméticos e sua teoria fazia certo sentido já que sua função de vendas daria mais certo em uma cidade com mais gente.

Meu pai era bom no que fazia, tinha muita habilidade em convencer as pessoas, foi assim que convenceu minha mãe a mudar diversas vezes de casa ao longo de nossas vidas. É meio chato ter que deixar para trás coisas que, de certa forma, tem mantém apegada, mas ele insistia que era o melhor a fazer. Foi só depois de sua morte que nos fixamos em uma mesma moradia. O apartamento que nos fora deixado era grande em relação ao tamanho da família, minha mãe quis vendê-lo para conseguir um lugar menor e menos luxuoso, mas acredito que se ele foi a única herança que nos sobrou era porque deveríamos ficar lá.

Sofia dava passos apressados enquanto observava atentamente o braço ainda manchado pelo pouco contato com pêlos de um cachorro que nunca tínhamos visto. Fiquei imaginando o Sam passeando com o Tosha, deveria ser um cachorro alegre já que o dono parecia gostar muito de animais. A partir deste ponto, esqueci completamente do milagre e me ateei ao santo, era meio complicado não pensar nele, além de ter um rosto de anjo com olhos que misturavam bondade e perigo, havia outra coisa que me intrigava. Talvez eu estivesse apenas impressionada com o jeito tímido e polido com o qual ele havia se apresentado. Era uma teoria que, certamente, fazia sentido já que todos os meus relacionamentos românticos terminaram em total fracasso porque eu sempre escolho os caras mais problemáticos possíveis. Tenho a teoria de que existe o cara certo para cada garota, o velho provérbio da "tampa da panela", embora eu já achasse que, se isso fosse verdade, eu era uma frigideira. O meu grande problema é que tudo passa muito rápido, aquele sentimento no começo do relacionamento, lentamente, se apaga como uma lâmpada queimada.

- Mel? - Novamente eu tinha sido interrompida em uma de minhas viagens mentais.

Virei-me para encarar a fonte da voz feminina, era a Patrícia Petry, a típica pessoa que só te conhece em duas situações: quando ela precisa de um favor ou quando está disposta a passar minutos torrando a sua paciência. Imaginei qual das opções era a correta.

- Atrasada de novo?

Bingo.

- Desculpa... Isso te interessa de que maneira mesmo? - Confesso, talvez tenha pegado pesado demais, ser mal educada não é do meu feitio, mas detesto o sentimento de perseguição, como se desse motivos para alguém bisbilhotar a minha vida. Ela pareceu não se importar, talvez fosse essa a graça que ela via, fazer os outros perderem o bom senso.

- Queria só lembrar que se continuar acumulando atrasos vai ser expulsa do grêmio estudantil. - Seus olhos azuis enormes brilharam e ela sorriu como se o natal tivesse chegado mais cedo e deu as costas, desaparecendo em meio aos alunos que lotavam os corredores.

Isso me fez tremer de raiva. Eu não me importava nem um pouco com o grêmio, aliás, já estava pensando mesmo em sair visto que todos os meus palpites eram potencialmente ignorados. O grêmio deveria favorecer todos os alunos, promover eventos culturais ou festas de confraternização, mas a panelinha acabava sempre usando o benefício para a autopromoção e status, sem contar a maneira discriminatória com que tratava os demais. Quando me inscrevi, acreditei que poderia mudar as coisas, mas acho que certas coisas são grandes demais para serem mudadas por uma pessoa só. O fato é que minhas fracassadas tentativas de mudança acabaram se tornando pedras no sapato de gente como a Patty.

Não é que eu a desprezasse por ela ser fútil e falsa, cada um tem o direito de ser como quer, a questão é que a loira de 1,75m mais oxigenada do lado sul da cidade costumava, até alguns anos atrás, brincar de bonecas comigo. Depois da morte do papai, fato que mudou radicalmente a minha família e que me deixou mais afastada das outras pessoas, ela passou a me ignorar totalmente, o que, de fato, me incomodava menos que suas eventuais piadinhas de humor negro. Desde então, não me importava tanto com a sua presença interesseira, mas não iria dar o gostinho de ser vencida por míseros atrasos.

Dei-me conta que a minha irmã tinha sumido, deveria estar impaciente com a minha demora em levá-la até a sala. Ela já é bem grandinha, eu sei, mas é dois anos letivos adiantada e sei que é vítima de piadinhas sobre ser nova demais, então eu costumo acompanhá-la até o corredor para deixar claro que ela não está sozinha. Outro dia, a vi experimentando disfarçadamente um dos meus sutiãs, era largo demais, afinal, ela só tem treze anos. Certamente se sentiu excluída já que as meninas de quinze anos que estudavam com ela já deveriam ter passado dessa fase. O desapontamento era visível em sua face quando a peça não serviu, imaginei quantas Patrícias Petry estudando no primeiro colegial teriam naquela escola.

- Você tem tanta sorte! - Uma loura alta e magricela exclamou ao me ver no corredor.

- Por quê? - Sorri em resposta enquanto observava o penteado estranho da minha melhor amiga, Rebecca.

- A prova foi tão difícil! Eu não sabia a maioria das respostas e você sabe como você costuma me salvar...

- Podemos estudar depois se quiser...

- Por mim está ótimo, vamos entrando antes que percamos a segunda aula. Tenho que te contar o que eu aprontei no meu cabelo ontem...

Tudo bem, talvez a Rebecca, assim como a Patty, gostasse de problematizar o superficial, mas a diferença é que a Becca era extremamente amigável. Sempre gentil, bem humorada e disposta a ajudar quando preciso dela. Era uma amiga verdadeira a qual eu valorizava muito.

As aulas que antecederam o intervalo passaram lentamente, mas, para mim, foram bastante ligeiras devido à minha falta de concentração. Perguntei-me se o Sam já teria concluído a mudança para o apartamento logo acima do nosso. Sofia juntou-se à nossa mesa perto de um dos jardins de lírios do pátio. A Becca não se incomodava com a presença dela, ao contrário, achava divertido observá-la. Eram dois lados extremos.

- Vamos desinfetar o apartamento hoje à tarde.

- Vamos? - Perguntei enfatizando o plural. - Se quiser você faz isso sozinha, mas vou logo avisando que não vai adiantar. A menos que você lacre o cachorro em um daqueles plásticos-bolhas, o pêlo vai continuar chegando à sacada.

- É uma idéia trabalhosa, mas interessante. - Fez uma cara intrigada. Realmente estava pensando na possibilidade de concretizar minha idéia. - Quanto você acha que ele mede?

- Um e oitenta, acho. - Respondi pensativa.

- Estou falando do cachorro.

- Ah... Eu também... - Tentei disfarçar.

Ela já ia abrir a boca para descrever a enciclopédia da estatura canina quando Rebecca a interrompeu.

- Espera, que cachorro é esse?

- O cachorro do vizinho novo. - Sofie respondeu como se isso resolvesse toda a questão. Becca me encarou com o aquele olhar de desconfiança, certamente estava tirando as próprias conclusões sacanas dessa frase ingênua.

- Mellanie, sua devassa. - Balançou a cabeça negativamente enquanto sorria, maliciosa. - Por que não contou logo?

- Não achei que fosse importante, é só um inquilino novo...

- Detalhes. Como ele é?

- Peludo e enorme. - Sofia respondeu para a cara de desapontamento da minha amiga.

- Ela perguntou do Sam. - Corrigi minha irmã que, aparentemente, não entendia que o cachorro não era o ponto principal da história.

- Ui, Sam... Sexy. - Pude perceber Rebecca tentando imaginá-lo, mas duvidei seriamente que sequer chegasse perto do original. - Conta sobre o Sam.

- Lindo, charmoso, forte e educado, ou seja, não faz o meu estilo. - Ironizei.

- Acho exagero, ninguém pode ser tudo isso ao mesmo tempo. - Ela me respondeu amigavelmente. Rebecca tinha a estranha teoria de que certas combinações de características são impossíveis, já eu não duvidava mais de nada.

- Tenho certeza de que ele deve ter algum defeito, pontas duplas ou sei lá. - A ironia brotou em mim de novo, definitivamente, tinha acordado com o pé esquerdo.
- Vamos ouvir a opinião da sua irmã.

Sofia abaixou um pouco o livro que estava lendo para poder nos encarar com os óculos grossos. Deveria ter ficado irritada com a interrupção por causa de uma partícula que ela achava irrelevante. Tenho a certeza de que se lhe perguntassem sobre o cachorro, teria um sermão a pregar.

- Como ele é, Sofie? - Ela perguntou de novo diante do silêncio.
- Hum... - Ela refletiu um pouco acerca da pergunta, estranhava muito as perguntas desse tipo. - Normal... Homo Sapiens sapiens. - Deu de ombros e voltou à concentração para o livro "Estudando abduções de segundo grau volume 3".

A quebra de expectativa brotou novamente na face corada da Rebecca.

- Amiga, se ele é homo não vai funcionar... - Disse em tom de consolação. Sofia suspirou alto e saiu, ela tem uma espécie de cotas para as situações em que é incompreendida.

- Ele não é... Esquece. - Pedi a ela, mas sabendo que era um pedido a mim mesma. Eu é que queria esquecer.

- Ah não! - Escutei a exclamação dela ao observar o redor.

- Que foi?

- Leandro. - Virei-me para encarar um garoto muito magro, alto e desengonçado olhando em sua volta. Deveria estar procurando por alguém.

- Que tem ele? - Não enxerguei o problema, Lean era o tipo que fazia de tudo para agradar os demais.

- Tomara que ele não nos veja, Mel. Hoje é o dia do teste do teatro, não dá! - Ela começou a entrar em pânico. Apesar de ser péssima na atuação em musicais, gostava e levava muito a sério. Suspirei.

- Lá vem você com essa história...

- Eu deveria ter usado verde como o horóscopo ditou hoje! - Choramingou enquanto puxava a manga da blusa violeta. Era muito supersticiosa.

- Pára de drama, ele não é azarado.

- Quantas pessoas você conhece que foram atingidas por um raio no centro de uma cidade?

Touché. Resolvi usar a tática da generalização.

- Ah, eu tenho certeza que têm muitas. - "Muitas quem?" seria o tipo da pergunta que eu não conseguiria responder.

- Duas vezes? - Ela enfatizou o número a fim de restringir as possibilidades.

- A segunda vez não contou realmente, só o cabelo ficou um pouquinho chamuscado... - Respondi baixinho ao perceber que ele estava vindo na minha direção.

- Mel! Achei uma receita daqueles bolinhos que você gosta e resolvi testar! - Contou com o maior entusiasmo possível, mostrando uma vasilha cheia de esferas pretas e médias. - Pena que o despertador do forno estragou justo enquanto tava assando e eles ficaram torradinhos... - Abaixou as sobrancelhas, desapontado, mas logo voltou a sorrir. - Acho que ainda dá pra sentir o gosto! - Estendeu a vasilha me oferecendo algo que tinha a aparência de um meteorito. Fiquei sem graça de recusar, afinal, ele só queria ser agradável. Becca levantou as sobrancelhas observando a minha próxima reação, eu sabia que ela estava se perguntando se eu iria mesmo comer aquilo. Aparentemente, Lean entendeu que ela também estava interessada no alimento. - Ah, mas que indelicadeza a minha! Coma um também, Rebecca!

- Não, obrigada mesmo Lean, está muito bonito, mas não acho que... - Ela desatou a falar querendo se livrar dessa. Meu humor negro me fez sorrir.

- Ah, que nada! Sempre tem espaço para bolo. Pega! - Antes que ela pudesse começar qualquer movimento, ele já tinha arremessado o bolo duro e queimado em sua direção. A bolinha de uns seis centímetros de diâmetro e mais rígida que granito passou voando a apenas dois centímetros de sua face bonita e bem desenhada e, dentre as milhões de possibilidades, atingiu justamente o botão que acionava a fonte do pátio, molhando todos que comiam e conversavam despreocupadamente em seu redor. Ela me fitou com o costumeiro olhar de "Eu te avisei". Tudo bem, talvez o Lean seja mesmo um pouquinho azarado.





O resto da manhã veio tranquilamente e, à medida que as horas passavam, o calor aumentava ainda mais. A sorte é que mamãe pôde nos buscar no colégio, do contrário, seria uma luta enfrentar o sol forte no trajeto a pé. Dentro do carro estava uma temperatura legal por causa do ar condicionado. Do banco da frente, pude observar o congestionamento causado por algum cano que havia estourado em alguma avenida paralela a em que estávamos.

- Vou ficar fora hoje à noite. Acha que pode tomar conta da sua irmã até a hora que eu voltar? - Senti a cobrança em suas palavras, alguém a comunicou sobre o atraso de hoje de manhã.

- Tudo bem. - Respondi calmamente dando de ombros. Já era habitual cuidar da minha irmã praticamente o dia todo. Desde que meu pai se foi, Sarah, minha mãe, abusava do trabalho a fim de fugir da perda, por isso nossa relação era meio distante.
- Sarah... - Sofia chamou antes de ser interrompida.

- Mamãe. - Ela corrigiu e aproveitou o sinal vermelho para fitar a filha sentada no banco de trás do Astra preto.

- Mamãe. - Sofie aceitou a correção e suspirou. - Precisamos nos mudar. - Disse em tom sério como se estivesse comunicando o acontecimento de uma catástrofe mundial.

- Nem pensar! - Esganicei também me virando para encará-la, isso estava indo longe demais. Não queria me mudar de novo e a idéia de me afastar do vizinho novo me desencorajou.

- Será que eu não tenho nenhuma influência sobre essa organização familiar?
- Não. - Minha mãe e eu respondemos em coro. Ora essa, mudar de casa por causa de uma criança de treze anos. Ela cruzou os braços e se deu vencida, por enquanto.

Sarah também não almoçava conosco, os trajetos de carro e os engarrafamentos resumiam o tempo em que passávamos juntas. Quando chegamos em casa, pedimos pizza pela vigésima vez no mês, cozinhar me dava tanta preguiça ainda mais quando éramos só duas para comer. Escutei um ruído lá fora e fui verificar. Era barulho de mudança.

Sam estava lá embaixo coordenando alguns homens que ajudavam a carregar as caixas. Ele estava especialmente bonito com a camisa branca cavada e os braços fortes à mostra. Os cabelos pretos estavam meio desarrumados e molhados com um pouco do suor que escorria pelo pescoço e descia pelo corpo... Tá, me surpreendi comigo mesma ficando hipnotizada olhando seus músculos, nunca tinha ficado desse jeito espiando um cara. Fiquei perdida nesses pensamentos até perceber que, agora, ele olhava para cima na minha direção e me fitava com uma expressão curiosa. Depois ele sorriu. Minhas bochechas queimaram, corri logo para dentro.

Eu senti vergonha e, ao mesmo tempo, raiva de mim mesma. Não costumo parecer boba só por causa de um homem, mesmo que fosse o Sr. perfeição. Eu deveria ser uma das dezenas de garotas que têm a mesma reação ao vê-lo. O lado bom é que pude notar que não eram tantas caixas assim, o que significava que o grupo que se mudava para o apartamento de cima deveria ser pequeno. Também não vi nada feminino.






O clima começou a esfriar quando a noite caiu e a lua finalmente apareceu. Não estava tão frio, mas a leve brisa já amenizava a sensação de residir na capital do inferno. As folhas das enormes árvores que foram plantadas ao redor do condomínio balançavam às vezes quando algum vento eventualmente se formava. O noticiário noturno dava a previsão de que amanhã estaríamos na mesma situação. Fiquei imaginando quanto tempo levaria até que eu começasse a fritar.

Sofia estava em seu quarto fazendo sei lá o quê, a maior parte do tempo em que passava em casa, ela ficava confinada lá dentro. Saía às vezes para beber água ou comer alguma coisa, depois entrava novamente, avisava que não queria ser interrompida e batia a porta com precisão. Isso me dava a sensação de estar sozinha por mais tempo do que eu na verdade estava. Até porque, uma irmã trancafiada no quarto não é a melhor companhia. Peguei um pacote de lasanha industrializada no congelador e taquei dentro do microondas, não iria mesmo ligar o fogão para poder comer sozinha. Jantei sentada no sofá enquanto assistia um seriado policial na televisão. Na parte principal da trama, a televisão escureceu e as luzes se apagaram.

- Que ótimo. - Reclamei para as paredes.

- Mel, a energia acabou! - Ouvi minha irmã gritando do quarto. Segurei a vontade de responder "sério?". - Não posso continuar minha experiência agora!
- Daqui a pouco deve voltar. - Constatei sem preocupação, acredito que piques de energia são bem comuns, mais propensos em dias chuvosos, mas nada é impossível.

Escutei passos fortes no apartamento de cima, por mais estranho que possa parecer, era reconfortante saber que o Sam estava andando por lá. Antes da mudança, era somente um lugar vazio, agora a impressão de solidão parecia ser menor. Parei de encarar a tela escura da tevê desligada, algo me chamou a atenção. Da sacada da sala, pude perceber as centenas de luzes que brilhavam no horizonte, quebrando a expectativa da noite. Apenas o nosso prédio estava sem energia.

- Sofie?

Minha irmã mostrou-se no corredor com curiosidade, passou por mim, ainda sentada no sofá e encarou a sacada.

- Eu avisei a síndica sobre a manutenção do sistema. - Disse nervosa quando percebeu, em segundos, a mesma coisa que eu.

Por mais exótico que seja, minha irmã tem um sistema muito preciso sobre manutenção e funcionamento das coisas ao seu redor. Tinha idéias muito rígidas de segurança e seguia à risca os manuais de instruções. O exagero era tamanho que ela já confiscou meu celular por uma semana alegando que não se pode carregar a bateria com o aparelho ligado. Desconfio que ela achava divertido atormentar as pessoas lhes dizendo o que elas devem, ou não, fazer. Agora eu sabia o motivo da irritação da síndica nos últimos dias.

- Aonde você vai? - Perguntei quando a vi pegar as chaves na mesinha e marchar, como um general, em direção à porta.

- Vou reclamar.

- Deixa de drama, logo vai voltar, fica quieta.

- Eu preciso do meu dissecador eletrônico. - Fiquei imaginando o que diabos seria isso e as idéias que tive me deram um pouco de medo.

- Para quê?

- Para dissecar. - Ela respondeu como se eu fosse burra demais para entender o óbvio e saiu batendo a porta com autoridade.

Tirava-me do sério a maneira como uma criança parecia ter mais controle da situação que eu mesma. Não sou uma adulta ainda, mas deveria, no mínimo, exigir mais respeito da minha irmã menor. Resmungando, saí pela casa procurando uma vela ou uma lanterna já que a luz da Lua que banhava a sacada era insuficiente para me fazer ver sequer um palmo além do meu nariz. Sendo desastrada como sou, fui bem capaz de tropeçar umas dez vezes no apartamento no qual morava há anos. Fui surpreendida pelo ataque.

- Mellanie, escuta com atenção. - Ele disse seriamente enquanto tapava a minha boca com as mãos e segurava um dos meus braços. - Eu vou te soltar agora, mas você não pode gritar, entendeu? Acha que pode fazer isso? - Não tinha um tom de voz hostil e, tomada pelo susto, achei melhor colaborar. Assenti positivamente com a cabeça e ele me largou.

Respirei fundo tentando me recuperar do choque, o trauma com a violência ainda era presente em mim, mesmo fazendo seis anos da morte do meu pai. Visualizei um homem alto e forte, vestido com uma camiseta preta e calça jeans larga se esgueirando pela minha sala. Senti meu coração acelerado e, entre a respiração ofegante, sibilei:

- Como você entrou aqui?

Sam fez um sinal de silêncio com o dedo indicador sobre os lábios carnudos, mas pequenos.

- Pela sua sacada, mas não é importante. - Fiz menção de que iria discutir a importância de um quase desconhecido invadindo minha casa á noite, mas ele foi mais rápido. - Ouça, é muito perigoso, não queria invadir assim, mas é uma emergência. - Cochichou enquanto, vigilante, se direcionava até a sacada da sala.

- O que está acontecendo? - Segui a mesma linha de conversa baixa.

- É o que quero descobrir. Alguém cortou os cabos da energia.

Ah, era isso. O habitual olhar de "Eu te avisei" da Rebecca apareceu como fotografia na minha cabeça. Ela estava certa sobre as combinações de características. O Sam era lindo, forte, educado e misterioso na medida certa, mas era visivelmente um lunático. Perguntei a mim mesma se eu tinha algum problema por me sentir sempre atraída pela pessoa errada.

- Olha, você deveria voltar para a sua casa. - Disse, então, em volume normal.

- Eu vou voltar, vou surpreendê-lo por trás. - Respondeu mantendo o sussurro. - Não saia do apartamento. - Ele aconselhou com seriedade enquanto se dirigia à porta.

- Tá bom. - Não acreditei em nada dessa história e respondi ironicamente antes de ouvir um estalo. A face de desconfiança no rosto dele transformou-se em alerta. - O que foi isso? - Perguntei horrorizada e temendo a resposta, eu sabia o que era, mas tudo me parecia tão irreal.

Ele afastou-se da porta e segurou minhas mãos.

- Vai ficar tudo bem. - Seu olhar penetrante me atingiu. - Faça o que fizer, não saia daqui. - Frisou cada palavra como se fosse a última e desapareceu pela porta.

O medo exalava pelos poros da minha pele, acho que você só acredita que a violência não é coisa de filme quando ela, efetivamente, te atinge. No meu caso, era a segunda vez na vida. Meu pavor e susto foram tamanhos que só depois de alguns segundos me lembrei de algo que não deveria sequer ter esquecido.

- Sofie!

25 comentários:

Máàh disse...

Quero o proximo capitulo!
;DD

MUITO BOM!

Léti disse...

Nossa, amei, quero o dois!!!

Júnia disse...

Ameeeeeeeeeeeeeeeei *--*

Lis :D disse...

peerfeiito *____*
mas to meio q boiando :$, num é msm um livro num né ? tipo naum publicado

Bárbara disse...

Melhor livro infanto-juvenil q eu já li :D

Liana disse...

Demaaaaaais *_______________*

Dayanna disse...

começo e nao consigo parar *.*

linda disse...

lindooooooooooooo

Mylena Furtado disse...

EU TÔ APAIXONADA POR ESTE LIVRO ! MERECE PUBLICAR !!

Milena disse...

cada dia mais perfeito. voce é demais.

Lorena disse...

ameii ♥

Sara disse...

Tô lendo o primeiro capítulo de novo. Vou reler todo o livro, acho maravilhoso!!

Espero muito q vc consiga publica-loo!

Beijos da Sara

Ana Cláudia disse...

Uau, que merda. Consegue superar até a tal Stephanie Meyer no quesito "histórinha clichê para pré-adolescentes". Será que alguém aqui já leu Oscar Wilde? Já leu Emily Brontë? Já leu Tolstoi? Já leu Allan Poe? Ah, por favor... ¬¬'

Marianna Costa disse...

Ana Cláudia,
eu faço o 5º período da faculdade de Letras e afirmo que essa história é bem escrita. Pode não ser como qualquer um dos livros que você citou (os quais eu duvido que você tenha lido, no máximo procurou na enciclopédia ou leu para passar nbo vestibular).

Por favor, não envergonhe a si mesma ao postar livros que nem sequer conhece ou tenha a prepotência de achar que a autora de Inverso quer ser um grande nome da literatura. Querida, não diga bobagens, escritores já existiram milhões, poucos são gênios o bastante para entrar para a história e isso não significa que são livros ruins ou sem conteúdo.

Conheço a autora de Inverso pessoalmente e sei que ela não quer competir com Oscar Wilde, né fofinha? Faça um favor a si mesma e nunca mais poste uma resposta tão obtusa e sem fundamento nenhum.

Divirta-se com Camões.

Vanessa disse...

É muito bom esse livro! Recomendo pra todas as minhas amigas e elas ja estao viciadas tbm!!!!

Anônimo disse...

ANA CLAUDIA
pra q vir no blog de alguém ofende?se nao gostou...problema é seu, esse flog é destinado para o livro e pras pessoas q gostam do livro, q por sinal sao muitas...
falou como se fosse superior a uma adolescente, mas nem mesmo uma adolescente é infatil e ridícula a ponto de faze isso q vc acabo de faze.
SE MANCA

by melissa

Gata dos desejos disse...

amei muito ♥

Anônimo disse...

tá enchendo o saco essa demora toda, tou até perdendo o gosto de ler o livro. Poxa, posta logo :/

Anônimo disse...

nossa, muito bom mesmo...

bjs e escreva rapido

Anônimo disse...

gostei muito do começo, vale a pena ler!!! quero q seja publicado pra eu poder comprar!!!

Leninha disse...

Tô aqui no Cap 1 lendo tudo de novo!!!UAHAUHA
Viciiiieeeeeeeeeei, meu

Ellena

Dana disse...

cap 1 - quando a vida era mais simples hauahuahauhauah bom demaaaais!! recomendo pra todas as amigas!! bjos, flor!!

Gaby disse...

Só passando pra dizer como tudo isso eh incrivel ;)
té mais

Cindy Cristine disse...

Estou passando aqui para dizer, que li esse livro a muito tempo. E faz alguns anos que procuro ele. Estou muito feliz em ter encontrado novamente. :)

Anamara disse...

Muito feliz em saber que você terminou o livro (pelo menos o primeiro, parece que terá mais, pelo que vi)! Estive procurando o blog e nunca achava, toda vez que ouvia The final countdown lembrava dessa história kkkk por causa do livro gosto ainda mais da música, aliás. Agora finalmente poderei ler o restante da história! Espero ver esse livro lançado, torço para que isso aconteça =)))

Postar um comentário