segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Capítulo 12 - Reunião (parte 3)

Não foi tanta surpresa encontrá-lo ali naquele horário. Era de meu conhecimento que o itinerário matinal do meu vizinho incluía: levar o Tosha para passear nas primeiras horas da manhã, logo depois do nascer do Sol; voltar para casa, tomar um banho e trocar-se para depois comparecer aos ensaios no estúdio; retornar à moradia entre meio-dia e uma hora da tarde, horário o qual acabamos de nos encontrar e ele sorriu calorosamente. Sorri de volta. Aquela sensação de esforço contínuo para não agarrá-lo ali mesmo regressara. Pensei que era melhor assim.

Sofia olhou para ele, depois para mim e fez aquela cara de desconfiança. Eu agradeci bastante ao destino por impedir que ela estivesse em casa ontem à noite por causa do curso, o que significava que ela não poderia comentar nada fora do normal, isto é, se resolvesse falar alguma coisa. Ela, por vezes, apenas acenava a cabeça por educação já que evitava conversar trivialidades com as pessoas e somente abria a boca se tivesse algum assunto de grande importância para tratar.

As portas do elevador se fecharam depois que minha irmã e eu já estávamos acomodadas. Percebi que Sofia estava encarando qualquer canto aleatório para evitar dar a impressão de querer socializar conosco. Ótimo, uma irmã calada é melhor do que apenas “irmã”, ou talvez isso seja só maldade minha. Sam espirrou de maneira discreta e retirou um lenço xadrez do bolso com uma mão que já estava ali perto. A respiração pesada e as eventuais fungadas me mostraram que ele não estava no ápice de sua saúde.

- Resfriado. – Ele comentou envergonhado quando o elevador chegou ao sexto andar e as portas já estavam se abrindo novamente. – Acompanho vocês até o térreo. – Avisou depois de apertar o botão que fez as portas se fecharem e iniciou-se aquela normal sensação de elevador de estar sendo puxado para baixo sem sair do lugar.

Achei muito cavalheirismo da parte dele. Quando entramos no elevador, este já estava no quinto andar. Levar-nos até o térreo para depois retornar ao sexto andar exigia a paciência e dava um trabalho que nem todas as pessoas estariam dispostas a fazer.

- Você já visitou um médico? – Perguntei sentindo meu rosto arder de vergonha e, também, da tamanha cara-de-pau que eu nunca achei que teria.

Sam encostou-se novamente na parede do elevador e enfiou o lenço de volta ao bolso. Sorriu timidamente quando eu demonstrei preocupação acerca de sua saúde.

- Não é nada grave, devo estar melhor em um ou dois dias.

- Tem certeza? – Indaguei assim que desejei morrer por ter feito o meu meio-namorado ficar doente um dia antes do meu aniversário.

- Claro! – Ele sorriu novamente de um jeito tão fofo que eu fiquei com vontade de derreter. Sofia parecia querer vomitar.

- É que... – Eu comecei a falar e, de repente, as palavras pareceram ficar entaladas na minha garganta e eu, então, me perguntei se deveria mesmo dizer o que eu queria dizer ou se isso era um sinal para simplesmente calar a boca. Minha perseverança e vontade pelo errado foram mais fortes que eu. – Eu estava imaginando se... – Sam mirou-me nos olhos com muito interesse, esperando que eu terminasse de falar. – Meu aniversário é amanhã. – Ele pareceu entender o que eu queria dizer e sorriu de novo ficando um pouquinho vermelho. – Bom, eu vou chamar alguns amigos, não é nada grande, só... Bom, só uma pequena reunião.

- Hum... – Ele voltou àquela expressão zen que costumava exibir. – E você quer que eu vá?

- É que você é meu vizinho... E, como está logo acima, o barulho poderia te atrapalhar, achei melhor avisar...

- Ah. – Ficou muito confuso e olhou para o chão. Eu senti meu corpo queimar.

- Era... Era uma piada. – Sorri meio sem jeito. Eu deveria parar de dizer coisas estúpidas em momentos de tensão. É claro que ele achou sem graça, até porque, ele ficou sem graça. Eu esquecia que o outro Sam tinha mais humor que este e que, só o outro, achava a minha casual falta de bom senso um fator fofo. – Claro que eu quero que você apareça.

Ele sorriu radiante. Depois que entendera a minha tentativa de brincar, pareceu estar rindo de mim por dentro, o que me deixou meio desconfortável, já que eu tinha toda aquela cisma sobre pessoas rindo de mim. Esperei, profundamente, que ele estivesse rindo da piada e não, de fato, do meu jeito inapropriado quando sob tensão.

Ouvi um pequeno bipe quando o elevador chegou ao térreo e as portas se abriram. Fiquei um pouquinho incomodada quando percebi que eu já deveria me despedir e, então, ficaria sem vê-lo até o início da noite. Essa era a hora mais difícil do nosso meio-namoro. Sofia já estava pisando no térreo quando me olhava com aquela expressão impaciente.

- Bom, tenho que fazer compras porque eu esqueci completamente e agora nossos armários estão chorando de saudades da comida. – Eu disse rapidamente enquanto ia saindo. – Vejo você depois.

Ele fez um movimento brusco para evitar que a porta se fechasse.

- Vocês ainda não almoçaram?

Virei em torno do próprio eixo para encará-lo de novo e sentir aquele formigamento e fraqueza nas pernas. Era incrível como eu nunca me cansava dele.

- Não. – Sorri envergonhada com a minha falta de organização. – Estou indo me certificar de que a gente coma algo ainda hoje.

- Mas não vai demorar demais até que você compre comida e faça o almoço?

- Ah. – Senti meu rosto queimar ainda mais, minhas bochechas deveriam estar da cor de um tomate. – Eu não cozinho. Vou comprar algo que pode ser enfiado no microondas.

- Mel, podemos ir de uma vez? – Sofia começou a bater o pé direito no piso do hall em sinal de que não estava disposta a esperar as conversas banais com o nosso vizinho.

- Claro. – Eu acenei rapidamente para o homem bonito que estava na minha frente e já estava virando as costas de novo quando ele me interrompeu.

- Não querem almoçar comigo? – Perguntou cordialmente. – Eu cozinho.

- Ah, imagina... – Eu disse rapidamente enquanto balançava a cabeça negativamente, mas sentia meus pés sendo atraídos para o elevador de novo. – Não queremos incomodar... Podemos comer qualquer coisa congelada, bem mais fácil...

Ele fez uma expressão de quem estava muito decepcionado.

- Eu sinto informar... – Segurou uma de minhas mãos e me puxou para dentro do elevador. – Hoje não estou aceitando “não” como resposta.

Senti a vibração da imensa vontade da Sofia de me esganar no primeiro segundo em que estivéssemos sozinhas. Ela largou os braços no ar e marchou para dentro do elevador com aquele olhar de “fale comigo e perca a cabeça”. Se já não estava inclinada a papear antes, imagine agora que a minha língua grande tinha nos desviado completamente do trajeto. Falando em trajeto, nós fizemos um caminho bastante confuso do quinto ao sexto andar, depois ao térreo e de volta ao sexto andar.

- Deveriam adicionar o botão “elevador tour” para vocês dois. – Sofie comentou rispidamente depois que o Sam apertara o botão que indicava o número seis. Então ela bufou enraivecida e ficou quieta durante o resto do caminho.




Foi uma das tardes mais agradáveis que eu já passei em toda a minha vida. Tirando alguns fatos incômodos, por exemplo, quando a Sofia recusou-se a entrar no apartamento enquanto o Sam não trancasse o Tosha no quarto e deixasse que aquela maníaca borrifasse o anti-séptico de bolso no ar, tudo correu perfeitamente bem.

Eu costumava sentir o cheiro agradável da comida do vizinho enquanto via televisão no meu apartamento e isso me despertava vontade de comer algo mais elaborado que yakisoba instantâneo. Mas o fato é que eu não sabia que ele cozinhava tão bem assim. Sério, ele ficaria rico logo, ou ainda mais rico, se abrisse um restaurante ou coisa do tipo porque a comida era tão divina que eu nem pude comparar com outra já que não me lembrava da última vez que eu comera tão bem assim. Acho que concorre de perto com a comida de natal da vovó, que mora em uma cidadezinha pequena a uns duzentos quilômetros daqui. Mas como comida de vó é a melhor coisa que existe, a do Sam ficava, por pouco, logo atrás.

Eu o ajudei com as louças depois que acabamos de comer e fiquei satisfeita quando percebi que a Sofia não parecia mais tão disposta a me matar. Ela deveria ter gostado da refeição tanto quanto eu, mas logo deu um jeito de sair do apartamento alegando estar no início de uma reação alérgica em cadeia e foi pra casa. Eu achei ainda melhor, já que então eu pude ficar sozinha com o Sam e ele pôde soltar o Tosha, que ficou pulando em mim e zanzando na cozinha enquanto lavávamos as louças e ríamos sobre histórias aleatórias de família.

É sempre divertidíssimo conversar com ele, já que ele é sempre tão doce e tão engraçado de um jeito fofinho. E eu admito que eu gosto da maneira que ele fica corado quando, acidentalmente, nos tocamos. Outro ponto alto da tarde foi quando ele disse que não precisava voltar ao estúdio e ligou para sei lá quem dizendo que estava pior do resfriado e pudemos assistir a um filme que estava passando na televisão.

Outra característica do Sam que eu gostava era o fato de que ele sempre me tratava com um respeito enorme. Nem por uma vez se aproveitou do fato de estarmos ambos sentados próximos no sofá para tentar me agarrar ou me beijar, e é claro que eu permitiria, se esse fosse o caso. Ele só me abraçou de lado e deixou que eu encostasse a cabeça no seu ombro. Ficamos o filme inteiro nessa posição, enquanto se fosse o outro Sam, ele passaria a mão na minha coxa, puxaria meu cabelo e terminaríamos sem ver cena alguma. Isso também era divertido, mas ficar somente abraçados por um bom tempo despertava o meu lado romântico.

A tarde foi escurecendo e ele parecia estar um pouco melhor. De manhã, ele não parecia muito mal, eram só espirros, mas à tardinha, até esses haviam passado. Dei a desculpa de que a minha mãe dissera que eu deveria estar em casa às seis da tarde, mas a verdade é que eu fiquei com medo de estar lá quando eles trocassem de lugar ou, pior, que eles nem trocassem, já que eu estava lá para atrapalhar o ciclo.

- Você precisa mesmo ir? – Ele perguntou com uma voz tão doce que me deu uma vontade imensa de ficar. – Podemos assistir a outro filme.

- Hum... – Pensei bastante nas circunstâncias atuais. – É melhor mesmo que eu vá, não quero que a Sarah fique brigada comigo no dia do meu aniversário.

- Vejo você amanhã então? – Segurou minhas mãos e olhou-me nos olhos.

Um ruído alto quebrou o clima e uma música clássica começou a tocar. Sam tirou o celular vibrante do bolso, mas logo apertou um botão que fez a música parar e as luzes desligaram.

- Algum problema? – Perguntei curiosa sobre a ligação que ele não quis atender.

- É a Julie. – Ele explicou e enfiou o celular rapidamente de volta ao bolso. - Não sei o que ela quer comigo, há dias não pára de ligar nas horas mais inoportunas. – Parecia mesmo aborrecido. Não era segredo para mim que ele tinha problemas com a irmã, mas ainda me assustava o fato de vê-lo zangado. Sempre tão doce, simpático e paciente durante o dia, era estranho que alguém da própria família despertasse uma ira tão indistinta. Nesses momentos, ele até lembrava o Sam que aparecia para mim durante a noite.

- Você não quer saber por que ela está te procurando? – Indaguei sabendo que estava passando um pouquinho dos limites já que não tínhamos tanta intimidade assim. – Quero dizer, vocês não se dão tão bem a ponto de ela ligar pra colocar conversa em dia... Pode ser importante.

Ele sorriu como se achasse a minha ingenuidade a coisa mais fofa do mundo.
- Eu duvido muito. – Sorriu de novo com bondade, mas deixando claro que não queria continuar com aquele assunto.

- Hum... Bom... Acho melhor eu ir então. – Eu disse enquanto apertava a sua mão forte. – Minha mãe já deve estar preocupada. – Todas as células do meu corpo riram secretamente diante dessa piada.

- Certo. – Ele respondeu bem chateado com a minha saída. – Até amanhã, Mel.

- Até. – Sorri e saí pela porta que ele já havia aberto. Ouvi-la fechar nas minhas costas quando coloquei os pés no primeiro degrau das escadas. Não estava com paciência para esperar o elevador somente para descer um andar.

Não precisei nem tirar as minhas chaves de casa do bolso porque, como se tivesse percebido a minha presença do lado de fora, Sofie abrira a porta num tranco. Assustou-se momentaneamente com a minha estadia ali, mas logo voltara à normal expressão de tédio que costumava exibir.

- Por que estava aí parada? – Perguntou como se eu fosse alguma louca que achava que ficar vigiando a frente da própria casa era a melhor paisagem que alguém poderia apreciar.

- Acabei de chegar. – Respondi como se fosse o óbvio, mas ela não saiu da frente para que eu pudesse passar.

- E por que não bateu?

- Porque acabei de chegar! – Era difícil lidar com ela às vezes, muito difícil. Como percebi que ela ainda fazia questão de bancar a barreira viva que iria me impedir de pisar na minha própria casa, resolvi puxar assunto para ver se ela se tocava logo. – E você? Por que estava abrindo a porta, vai sair?

- Sarah vai me levar ao curso. – Falou com aquele tédio de sempre e aquela cara de desdém sobre a irmã mais velha relapsa que mal sabe que a mais nova freqüenta o mesmo curso noturno há meses.

- Ah, isso me fez lembrar... Você tem notícias do Noah? Estou tentando falar com ele há dias, mas os telefonemas sempre caem na caixa postal...

- Achei que eram amigos. – Ela aumentou o tom de desdém e arregalou um pouco os olhos pequenos por trás dos óculos grandes demais.

- E somos. – Corrigi cansada. Essa implicância dela com ele tinha que parar algum dia.

- E você nem sabe que ele pegou caxumba? Tsc... Grande amiga.

Isso sim foi um choque. Como ele havia pegado caxumba e nem me avisara? Fazia um mês que mal nos falávamos direito e eu achei que era porque ele ainda estava chateado por ter tentado me ajudar em um momento que eu estava muito mal e eu pareci uma mal agradecida que nem dera valor nisso e voltara com o ex-namorado. Mas por que ele não ligara? Eu deixei um monte de mensagens, citei o meu aniversário e ele nem pôde me mandar um sms para avisar que estava doente? Quero dizer, eu poderia tê-lo ajudado de alguma maneira como forma de agradecê-lo pelo que ele fizera por mim, mas ele nem se incomodara em me informar em primeiro lugar.

- Por que queria falar com ele?

- Queria convidá-lo para o meu aniversário. – Eu disse um pouco chorosa. A chateação com tudo isso era inevitável. – Mas agora deixa. Dane-se o Noah. – Completei irritada. Eu não era o tipo de garota que corria atrás de caras. Não senhor, se ele achava que era isso o que eu era, ele estava muito enganado. Ele não demonstrara o mínimo de amizade por mim ao não me contar que estava doente, isso deveria significar que não queria a minha ajuda. Então que ficasse sozinho. – Por que está aí parada? Eu quero entrar em casa.

- Sarah disse para eu esperá-la na porta. – Sofia informou estufando o peito como se fosse bastante eficiente por levar a regra ao pé da letra.

Eu balancei a cabeça negativamente como se não estivesse acreditando que alguém realmente ficava na porta quando lhe diziam para ficar. Minha chateação agora era tamanha que eu nem me importei quando empurrei a minha irmã para o lado e passei para dentro assim mesmo.

Minha mãe estava correndo com a bolsa pelo corredor quando eu entrei no meu quarto e bati a porta. Escutei os passos pesados e ligeiros cessarem frente à minha porta. Era ilusão pensar que ela havia percebido a minha irritação e queria perguntar o motivo por estar preocupada.

- Mel? – Deu duas batidinhas na porta a fim de receber resposta.

- Que foi? – Gritei do lado de dentro rezando para que ela falasse o quisesse sem entrar no quarto. Não estava mesmo a fim de chateação.

- Querida, você acha que tem problema se eu faltar no seu aniversário amanhã? Tem uma reunião muito importante no trabalho e eu...

- Faça o que quiser. – Respondi sem verdade alguma nessas palavras. É claro que eu via problema se ela faltasse. Que tipo de mãe não comparecia ao aniversário da própria filha?

- Vou tentar agilizar as coisas por lá então... – Sarah gritou parecendo perceber que eu tinha me incomodado, fiquei menos chateada com ela. – Aí eu chego só um pouco atrasada.

- Certo. – Eu falei baixinho e ouvi os passos apressados se afastando da minha porta. Caí com força sobre a minha cama e apertei meu travesseiro contra a minha face.

Olhei para mim mesma e percebi que eu parecia uma criança mimada. Fazer dezoito anos não fariam nenhuma diferença em quem sou. Eu seria, hoje, a mesma pessoa que serei amanhã. Não seria mais adulta, mais sábia ou mais madura, mas meus problemas duplicariam e isso não era justo.

Não era justo que eu fosse condenada a sei lá que destino por causa de uma briga que não era minha e nem do Sam. Nós dois fomos colocados um contra o outro pelo simples fato de nascermos nas famílias em que nascemos. Pessoas que eu nem sabia quem eram estavam desconfiadas de que nós possuíamos algo que eles queriam. E se eu recebesse essa “coisa” amanhã? O que aconteceria comigo? E o mais importante: o que aconteceria com nós dois?

Hoje, o maior dos meus problemas era o fato de que uma das pessoas que eu considerava como amiga havia demonstrado o maior descaso comigo. Não telefonara para avisar que estava doente, não retornara ligações ou mensagens, sumira por um mês inteiro e não esteve nem aí com a minha preocupação. Esse era o centro da chateação para mim hoje... E qual seria meu novo problema amanhã?

Gemi no escuro e resolvi tentar afastar esse tipo de pensamento. Não pensar nos problemas não iria fazer com que eles sumissem, mas iriam me dar o maior tempo possível para aproveitar a festa, a alegria e a companhia das pessoas que eu mais gostava. Amanhã era sábado, um dos melhores dias da semana e eu não iria estragá-lo com medo antecipado do que poderia, ou não, acontecer.

Meu celular vibrou no escuro e eu senti a madeira fria sob meus dedos enquanto tateava meu criado-mudo tentando encontrá-lo. Derrubei, sobre o chão do quarto, algumas meias que eu havia me esquecido de guardar e resmunguei palavras indistinguíveis quando percebi que iria ter que levantar para poder alcançá-lo. Essa tarefa foi mais difícil no escuro e a sacada não iluminava mais nada, visto que o Sol já havia desaparecido.

Sentei-me na cama desarrumada e não pude evitar apreciar as luzes da cidade lá fora que entravam no quarto através da sacada. Às vezes era difícil dormir naquela posição da cama, frente à sacada e sua iluminação da cidade lá fora, mas ao mesmo tempo diminuía a solidão que me era comum antigamente. Quem nunca se sentiu sozinho mesmo no meio de milhares de habitantes da mesma cidade?

- Alô? – Perguntei meio zonza por causa do escuro e da preguiça que havia surgido em mim nos cinco minutos em que fiquei deitada.

- Melzinha! – Rebecca me saudou do outro lado da linha. – Como vai a animação pra amanhã?

- Ótima, ótima... – Menti um pouquinho, mas só um pouquinho.

- Que bom! – Ela comemorou. – Escuta, já convidei aquelas duas meninas que dividem a mesa de laboratório com a gente. Falei com o Lean, aliás, perguntei ao Lean quantos amigos eles tinham chamado e ele, tipo, super respondeu com uma palavra só que foi “três” e aí foi embora e nem tive tempo de perguntar se eram três com ele ou sem ele... – Foi me enchendo de informações e eu pisquei várias vezes tentando absorver todas elas. – Aí eu encomendei alguns salgados só e um pouco de salada caso alguém seja vegetariano. Você conhece algum vegetariano, Mel? Eu acho super bonito o amor que eles têm por animais e tudo, mas não consigo me livrar da carne, sabe como é? E eu até precisava parar mesmo com isso para poder continuar meu regime. Não quero ficar como aquela sua prima Tânia, tão desproporcional, coitada, mas o Max me disse que eu estou bem de saúde, já te falei do Max? Aquele cara que conheci na academia outro dia...

- Rebecca, foco. – Eu realmente adorava a Rebecca, mas todo aquele falatório sem sentido no telefone me cansava demais. Telefone, para mim, deveria ser usado para dizer só o essencial e pronto.

- Ah é... Do que eu estava falando mesmo? Ah, pois é, os convidados... Então, eu não sei se o Lean quis dizer que eles são três ou se ele chamou três. E já que ele não está falando comigo, você acha que pode perguntar direitinho?

- Ah! – Soltei um gritinho involuntário de sobressalto quando vi que uma massa preta de 1,80m tinha acabado de aterrizar na minha sacada, parecia ter vindo do nada.
Minha respiração parou por um segundo, mas logo fui capaz de me recuperar do susto.

- Mel? Tá tudo bem? O que aconteceu? – Ouvi uma voz feminina preocupada.

- Achei que tinha visto um bicho. – Menti. – Minha bagunça me confunde. – Continuei dando desculpas quando ele entrou pela sacada e sentou-se na cama ao meu lado. Passou os dedos pelos meus cabelos como gostava de fazer.

- Certo... Você conseguiu falar com o Noah? Eu sei que parece chato, mas eu precisava mesmo saber quantas pessoas são?

- O Noah não vem. – Respondi amargamente e de maneira certa. Mesmo que ele resolvesse atender alguma ligação minha agora, ele não iria mais, porque eu não iria ligar. Confusa? Com prazer.

- Por quê? Por que está falando assim? Ele não vai porque não pode, ou porque você não quer que ele vá? Aconteceu alguma coisa? – Quando Rebecca começa a fazer perguntas, parece uma metralhadora.

- Ele só... Só não vem. – Suspirei ainda chateada. Sam afastou meus cabelos da nuca e começou a beijá-la.

- Bom, foi só para planejar tudo direitinho mesmo. Você sabe como eu adoro planejar festas!

- Rebecca... – Suspirei novamente cansada. – Não é uma festa.

- Eu sei, eu sei! – Disse animada e eu duvidei mesmo que fosse verdade. – Bom, então nos vemos amanhã!

- Tudo bem... Até amanhã. Beijos. – Apertei o botão vermelho que finalizava a chamada.

Segurei o Sam pelos cabelos e o puxei mais para perto. Hora ou outra eu iria acabar arrancando um tufo de cabelo preto da cabeça dele, mas ele não reclamava de dor quando eu puxava, então eu não me importava muito. A saudade era bem mais forte. É claro que foi muito legal estar com ele a tarde toda, mas, ao mesmo tempo, ficar junto dele e não poder beijá-lo era como tortura.

- Você estava comigo hoje. – Ele disse em tom de reprovação, mas continuou a beijar meu torso. Eu ri com um pouco de maldade.

- Sim... E você não estava.

Sam levantou a cabeça um pouco chateado e, ainda mais, irritado com a minha piada sobre sua ausência. O desejo de maltratá-lo um pouquinho era mais forte que eu.

- Você quer que eu tenha ciúmes de mim mesmo. – Ele riu da minha mente geniosa, mas não parou com os beijos. Eu puxei seu cabelo com mais força. – Pare de me provocar.
Eu ri de novo. Eu aprendi com o tempo que era ótimo, além de engraçado, judiar do Sam um pouquinho. Ele, à vezes, ria e, à vezes, ficava bravo com a mesma piada em dias diferentes. Era uma pequena caixa de surpresas.

- Ainda bem que você chegou. – Falei de um jeito meio mandão.

- Aconteceu alguma coisa? – Ele enrijeceu os músculos da face e me observou com um olhar de cobrança como se eu tivesse o dever de dizer quem estava me incomodando para ele usar a cabeça da pessoa como alvo de um tiro de bazuca. Mas é claro que ele iria se comportar enquanto eu estivesse no comando, ou pelo menos eu esperava isso.

- Hum... – Refleti sozinha enquanto passava meus dedos sobre uma face que parecia tão bem esculpida. – É só o Noah.

- O que ele fez com você? – Pareceu ficar bastante bravo e tentou afastar-se um pouco para começar a me dar todo aquele sermão de que, desde sempre, me avisara sobre o Noah e blábláblá. Meu problema é que não consigo permitir que as pessoas dêem palpite na minha vida, mesmo que seja meu namorado. Não estamos mais no século XIX e as mulheres são livres, ora. Impedi que ele se levantasse da cama, puxei-o mais para perto.

- Ele não fez nada. Só estou chateada porque ele sumiu e nem se preocupou em ligar.

- Você gosta muito dele, não é? – Ele me perguntou enquanto se espremia para deitar na cama ao meu lado.

Dei de ombros.

- Hum, ele só me ajudou em um momento difícil, então a minha consideração com ele subiu bastante. – Sam me lançou um olhar desconfiado. – Mas ele não é o que eu posso chamar de melhor amigo e nem chega perto de ser uma das pessoas mais importantes da minha vida.

- Então por que está chateada? – Indagou tentando ser compreensivo, mas eu senti o tom de cobrança na voz.

- Não sei... – Fiquei pensativa. Deveria ter algo a ver com o fato de que eu não o considerava um melhor amigo, mas apenas amigo. É sempre ruim quando nos decepcionamos com uma amizade.

Sam remexeu-se no colchão e logo estava sentado de novo. Para ele era meio difícil permanecer parado por muito tempo, sabe-se lá o porquê. Eu encarei seu rosto bonito e animado com certo receio.

- Sabe o que eu acho? – Sorriu radiante como se o Natal tivesse chegado mais cedo. – Dane-se o Noah.

- É, foi exatamente o que eu disse para a Sofia. – Respondi agradecida por alguém que conseguia me entender. – Dane-se ele e as ligações que ele ignora.

- Claro, quem precisa do Noah para se divertir? – Ele perguntou rindo, satisfeito com a minha concordância sobre o que ele havia dito.

- É! – Eu concordei de novo, animada e dei um salto para fora da cama. – Quem precisa?

- Vamos sair. – Disse repentinamente e eu levei um susto. Não havíamos planejado nada hoje.

- Você enlouqueceu?

- Por que temos que combinar tudo antes? – Perguntou com um pingo de chateação na voz. – Eu estou aqui, você também e tem muita coisa lá fora. Vamos.

- Você é muito imprevisível. – Constatei enquanto pegava um casaco e me preparava para sair de casa.

Eu não iria relutar muito sobre a nossa saída. Na verdade, eu gostava quando ele me surpreendia dessa maneira. Acho que ficaria muito chato se a gente se sentasse todos os dias no sofá da sala e comêssemos comida instantânea enquanto assistimos novela mexicana. Quero dizer, é divertido quando se faz isso somente de vez em quando.
Não havia muito que fazer na rua naquele horário de uma sexta-feira. O movimento era intenso na frente de todos os bares pelos quais passamos, mas eu não estava com o humor para entrar em nenhum local lotado de gente como daquela vez que eu saí com o Noah. Então o Sam e eu ficamos sentados em uma praça que tem uma fonte luminosa no centro. Estava bastante bonita, as cores vivas e brilhantes eram ressaltadas pela noite bonita e o céu sem estrelas.

O Sam me comprou uns doces que vendem nesse tipo de praça, aqueles que todo mundo gosta e sente falta de comer às vezes, mas não tem tempo de ir nesses locais para comprar. Ficamos conversando até tarde da noite sentados em um dos bancos. As pessoas passavam por nós e nem se importavam com a nossa presença e, para falar a verdade, eu gostava de ser somente mais uma anônima na vida dos que eu não conheço. Era ótimo sair por aí e fazer o que eu quiser sem ter alguém para vigiar todos os meus passos. Ser celebridade deve ser difícil.

O resto da noite se passou tranquilamente e sem mais reviravoltas. O Sam me ajudava a esquecer que eu tinha todos aqueles problemas que me cercavam a todo momento, mas quando encostei a cabeça no travesseiro e deixei que o meu corpo caísse sobre a minha cama, todos eles voltaram com força total.

Não fui capaz de espantar os pesadelos quando finalmente peguei no sono. Milhões de caixas secretas com um ponto de interrogação desenhado com sangue me perseguiam até um determinado lugar onde era completo escuro. Não havia como enxergar coisa alguma, nem mesmo o que estava bem diante dos pés. Não havia como enxergar os próprios pés. Minhas orelhas arrepiaram-se ao ouvir os mais horripilantes sons. Ruídos de criaturas se arrastando pelo solo, gemidos e sussurros indecifráveis na escuridão.
Eu ouvia uma goteira ao longe. Era capaz de escutar cada pingo d’água caindo de grande altura e esborrachando-se no chão. O eco era capaz de ouriçar cada pêlo no meu corpo, assim como os sons rastejantes que, a cada segundo, aproximavam-se ainda mais dos meus ouvidos. Algo gelado e úmido segurou a minha perna, gritei de horror, mas meus sons eram abafados pelo nada. Mais garras frígidas começaram a me puxar pela canela e quando parei de caminhar silenciosamente, tentei correr, mas eu já estava presa. Nenhum grito foi ouvido, nenhuma criatura jamais foi vista. Era o terror desconhecido que me puxava, incansavelmente, ao chão. Braço gélidos que eu não podia ver e nem sabia de onde vinham eram a minha ruína. O perigo era invisível, mas estava lá.

Uma sirene começou a tocar e os meus ouvidos arderam. O alarme vigoroso fez com que as mãos sumissem, eu estava livre de novo. Meus olhos abertos e arregalados encararam o teto do meu quarto. Aquele som do despertador realmente me incomodava, parecia que entrava no cérebro e saía destruindo cada neurônio por onde passava. Mas se ele não fosse tão irritante, talvez não cumprisse o papel de me fazer acordar no horário em que eu precisava.

Abri a minha janela e encarei o horizonte cinzento de primeiras horas da manhã. Só de lembrar que eu estava acordando cedo no sábado meu corpo já reclamava e tencionava a desabar no colchão novamente. Não me incomodei nem um pouco em arrumar as coisas dentro do quarto, como se acordar cedo no fim de semana já não fosse o suficiente...

Tomei o café na vagareza de sempre. A minha concentração estava focada no leite branco girando dentro da minha caneca, isso evitaria que eu pensasse no que eu estava prestes a fazer, pelo menos por um tempo. Eu estava ouvindo um barulho de broca no quarto da Sofie. Fiquei alguns minutos ali, sentada à mesa de café, tentando imaginar o que ela estaria fazendo com uma broca dentro do quarto. Desejei em silêncio que não tivesse nada a ver com os pacotes de mostarda que eu a vi carregando para dentro do quarto, sorrateiramente, ontem à noite.

O leite mal havia esfriado e ela apareceu com um robe cor de oliva no corredor. Seus cabelos um pouco mais claros que o meu estavam presos, como quase sempre, em um rabo alto no topo da cabeça. Ela estreitou os olhos com sagacidade e desconfiança quando me viu acordada tão cedo em um sábado. Pisou com as pantufas no chão do corredor enquanto dava um laço mais apertado no roupão. Mal entrou na cozinha e já pegara a costumeira tigela de cereais com o golfinho estampado.

- Os céus estão desabando? Por que está acordada tão cedo em um sábado? – Perguntou como se fosse a autoridade máxima no local.

- Bom dia para você também. – Respondi nada animada e senti meu estômago revirar ao ser questionada sobre o motivo que me fez quebrar uma das minhas leis mais importantes: jamais levantarás antes das dez nos fins de semana.

- Poupe-me dos padrões sociais. – Ela disse irritadiça enquanto sentava-se à mesa e enchia a tigela de cereal. – Acho que hoje vou preferir o médio em fibras.
Acariciei a minha caneca com as mãos. Ficar observando aquele leito rodar não estava mais funcionando para me entreter àquela hora. O Sol já estava ficando mais forte e já atravessava as cortinas da sacada e inundava a sala com uma luz poderosa. Eu não poderia ficar enrolando por muito mais tempo, mas minhas mãos ainda tremiam ao pensar no meu objetivo.

- Por que eu estava ouvindo um barulho de furadeira? – Perguntei casualmente, tentando afastar o medo que percorria pela minha espinha.

- Porque eu estava usando uma. – Ouvi a resposta como se ela não fosse óbvia.
- E o que você estava fazendo com isso?

- Furando? – Terminou de completar a tigela de cereais com leite fresco.

- Isso é óbvio.

- Então por que perguntou? – Ela pousou o leite tranquilamente sobre o forro de mesa.

Respirei fundo tentando me concentrar na maneira mais clara de fazer a pergunta e, assim, evitar aborrecimentos. Pelo menos a irritação com a Sofia me tirava alguns pensamentos ruins da cabeça.

- O que você estava furando?

- Uma coisa.

- Que coisa?

- Por zipóides de extraterrestres! – Exclamou ela e eu fiquei me perguntando o que diabos seria isso. – Você precisa usar a função fática ou ficou claro que não quero contar o projeto no qual estou trabalhando?

- Cuidado com o tom. Não estou com humor para gracinhas. – Ameacei indisposta. A verdade é que eu estava dando a mínima para Sofie e seus ataques de sigilo. Ela pareceu ter entendido o recado.

- Você está estranha. Mais do que o normal, quero dizer. – Tentou corrigir-se e levou uma colher cheia de cereais à boca. Ignorei o “elogio” que me fora feito.

- Hoje é o meu aniversário. – Lembrei-a sem a esperança de receber felicitações.

- Qual o problema? – Ela deu de ombros e continuou dirigindo sua atenção aos próprios cereais.

Pisquei duas vezes tentando acreditar que eu acabara de ouvir aquela pergunta. Como assim “qual o problema”? Meu aniversário mudava tudo! Em alguns minutos eu pegaria um ônibus que me levaria ao local onde eu deveria receber uma encomenda de um parente falecido e que eu mal sabia o que continha. Como se não bastasse, essa “coisa” estava colocando a minha e a vida de todas as pessoas próximas a mim em perigo. Se isso não era motivo o bastante para transformar o aniversário de alguém em um desastre, eu não sei o que seria.

- Olha... – Sofie suspirou profundamente com pesar ao perceber que teria que ter uma conversa motivacional com a irmã mais velha. – Esse aniversário não vai mudar nada. Aniversários são datas superestimadas pelo padrão social. Você será, amanhã, a mesma pessoa que foi ontem. Não vai ser um dia que vai mudar tudo o que há em você.
Ela tinha um ponto de razão. Não era possível que tudo o que eu tenho é capaz de desaparecer em um dia. E o que ainda me restava era tudo o que eu poderia querer: um amor, uma família, amigos, um lar, uma vida. Respirei fundo e decidi que levaria meus problemas um de cada vez. O primeiro deles era, definitivamente, buscar a encomenda o mais cedo possível e me preocupar em seguir caminhos em que serei somente mais um ponto na multidão.

Observei que, a cada minuto, a intensidade da luz solar ficava mais forte na sala. O sofá vermelho parecia estar pegando fogo àquela altura e não eram nem oito horas, mas o clima estava tão maluco que algumas nuvens cinzentas insistiam em não abandonar o céu. Levantei-me com um salto. Precisava andar depressa.

- Aonde você vai? – Fui questionada pela amostra grátis de gente sentada á minha frente.

- Preciso... Preciso fazer uma coisa. – Respondi já pisando no corredor e escancarando a porta do meu quarto.

Eu não sabia se a minha pressa se devia à nova injeção de coragem que fora injetada nas minhas veias ou ao medo de que ela acabasse logo, antes que eu cumprisse meu objetivo. Atirei vários pedaços de papel, uns potes de creme, um carretel, um par de meias e três prendedores de cabelo para o alto enquanto estava vasculhando a gaveta em busca de algo essencial. Não demorou muito para que eu achasse aquele envelope meio rasgado no meio da bagunça. Soquei-o no bolso com força sem pensar duas vezes e abri meu guarda-roupa.

Peguei uma das minhas blusas de frio com capuz. O tecido cinza de tom claro quase combinava com as nuvens que ainda pairavam no céu. Dobrei-a sobre um dos braços e certifiquei-me de que a carta estava mesmo no bolso da calça antes de sair do quarto e bater a porta com um estalo.

Quase trombei com a Sofia no corredor, devido a minha pressa de sair logo de casa antes que eu desistisse. Ela nem reclamou como faria de costume, somente observou com curiosidade a blusa que eu estava levando para sair.

- Essa encomenda também não vai mudar você. – Deu uma piscadela tão rápida que eu fiquei me perguntando se eu a imaginara, logo entrou no próprio quarto e sumiu de vista.

Era certo que a minha irmã testemunhou o recebimento da carta, mas eu não pensei que ela estivesse se lembrando disso. Sem contar que acertou em cheio o que eu iria fazer na rua, era uma criança exótica.

No centro da cidade, a luz do sol estava menos evidente. Os ônibus foram rápidos ao me levar até lá. Apesar de ser um horário de pico no qual as pessoas estão saindo de casa, até mesmo em um sábado, foi uma viagem tranqüila. Assim que desci do automóvel e encostei os pés na calçada, fui me movendo com a máxima rapidez que conseguia enquanto repetia somente com os lábios o endereço que li na correspondência.
Vez ou outra, um arrepio percorria minha nuca e a paranóia falava mais forte que eu. Então eu parava de repente, como se tivesse me lembrado de uma coisa muito importante que esquecera em casa, e observava desconfiada todos os que estavam ao meu redor. O alívio era notório quando eu percebia que não havia nenhuma face conhecida, nenhuma pessoa ou carro repetidos no trajeto. Mas a idéia de estar sendo seguida não fugia da minha mente.

Avistei a placa do meu local de destino do outro lado da rua. Com cautela, observei novamente tudo o que estava a minha volta. Nada suspeito, apenas pessoas desconhecidas caminhando enquanto falavam no celular ou carregando sacolas de compras. Um instinto me dizia para colocar a capa e assim eu o fiz. Não estava um dia quente demais para que uma garota usando um capuz pudesse chamar tanta atenção assim. Na verdade, era bem provável que chovesse na parte da tarde. Atravessei a rua e parei frente ao local, precisava ter certeza de novo. Olhei atentamente para trás. Nada.

Escutei uma sineta quando abri a porta do estabelecimento, que mais parecia um banco. Um salão iluminado, frio e bem decorado me encheu os olhos. A grande sala estava continha várias pessoas falando sobre negócios, algumas sentadas nos sofás marrons da direita enquanto tomavam um gole de café fresco. Outras estavam apenas consultando o jornal diário ou fazendo pagamentos e anotações em suas cadernetas.
Não havia como não comparar aquele local a um banco. Inúmeros guichês se postavam do lado esquerdo, com atendentes que sorriam enquanto conversavam no telefone. Percebi que alguns dos vários homens armados estavam me encarando com desconfiança. Se eu fizesse qualquer movimento suspeito, não iriam pensar duas vezes antes de deter a delinqüente juvenil usando um capuz. Ou pelo menos era assim que, provavelmente me viam. Tive que passar por um detector de metais antes de poder entrar, de fato, na sala.

Agora eu entendia o motivo de porque era mais conveniente que esperassem eu vir buscar a encomenda. Teria que ser um super plano para quebrar a segurança daquele local que não era feita somente com seguranças armados e detectores de metais, mas também portas de aço e cadeados do tamanho da minha cabeça. Ok, talvez um pouco de exagero, mas mesmo assim era bem mais fácil tirar da minha mão que da deles.
Dirigi-me a uma moça bonita e vestida com um uniforme elegante que estava trabalhando em um dos guichês vagos. Parecia bem nova e lixava as grandes unhas pintadas de vermelho vivo. Fiquei em dúvida se ela, de fato, não estava me vendo ali ou se estava preferindo me ignorar. Meus olhos pairaram em um dos avisos pregados no vidro do guichê:

“Ao retirar o que lhe pertence
Guarde com carinho
Não nos responsabilizamos por perdas e danos
Causados ao seu amorzinho”


Perguntei a mim mesma qual teria sido a pessoa com o senso de humor mais exótico do planeta para ter bolado aquela advertência. Era provável que essa criatura achara que era um aviso engraçado e descontraído demais para ser guardado no fundo da gaveta ou queimado sem dó, como eu certamente teria feito.

- Pois não? – A moça perguntou finalmente enquanto eu resmungava, em minha mente, contra a tentativa fracassada de piada do departamento de Recursos Humanos daquele lugar. Ela deve ter percebido que eu não estava disposta a caminhar até outro guichê que tivesse uma funcionária que quisesse me atender.

- Bom... Meu nome é Me...

- Você tem alguma intimação, carta, qualquer material enviado pela nossa empresa? – Ela interrompeu antes que eu pudesse completar meu nome.

Enfiei a mão dentro do bolso para retirar o envelope amassado e depositá-lo sobre o balcão. A funcionária, que agora eu percebia ter uma plaquinha com a palavra “Silvia” pregada ao peito, observou aquele pedaço de papel com certo desprezo pela minha falta de cuidado. Usou as enormes unhas vermelhas do dedão e do indicador para puxar o papel a si. Ainda com aquela expressão de quem estava sentindo um cheiro horroroso no ar, começou a desdobrar a minha carta.
Passou os olhos escuros pelo papel e logo se abaixou para tirar algumas fichas da gaveta. Entregou-me pelo menos quatro folhas amarelas e uma caneta de tinta cor preta.

- Preciso que você preencha tudo isso. – Explicou-me parecendo mais paciente quando percebeu que eu não estava ali para fazê-la perder tempo. – Não costumamos pronunciar o nome dos nossos clientes em voz alta para manter a privacidade que eles desejam. Temos um serviço bem eficiente de proteção aos bens. Tenha a certeza de que o que lhe pertence foi guardado com todo o cuidado e que não foi violado de maneira alguma. – Quando ouvi as palavras “lhe pertence” imaginei se teria sido ela que bolara aquele aviso de humor brilhante. – Preciso dos seus documentos, assinaturas aqui e aqui – disse enquanto apontava o dedo para uma das fichas – e, para garantir, sua impressão digital aqui. – Bateu com a unha em um canto do papel onde havia o espaço reservado.

Sentei-me na poltrona frente ao guichê para terminar de preencher toda aquela papelada. Eu percebia que algumas das pessoas bem vestidas do local ainda me observavam desconfiadas com o canto do olho. Não era sempre que você via uma baixinha com capuz de chuva dentro de um banco ou coisa parecida.
Levei cerca de 10 minutos para terminar e me certificar de que havia respondido tudo. A maioria das perguntas era completamente dispensável, por exemplo, por que alguém gostaria de saber se eu moro em casa, apartamento ou tribo indígena? Enfim, entreguei tudo conforme fora pedido e esperei que ela terminasse de passar as informações para o sistema e conferir meus documentos e afins.

- A meu ver está tudo certinho. – Disse sorrindo rapidamente e nem parecia mais a pessoa que estava se recusando a me atender minutos atrás. – Espere aqui. – Ela pediu e então saiu deslizando com o salto alto sobre o piso lustroso e mostrou uma fichinha que ela mesma havia escrito a um dos homens atrás do balcão. Ele leu as informações, abriu uma porta de metal quase escondida por correntes grossas e sumiu por ela.

A mulher logo voltou ao seu posto inicial e continuou a lixar as unhas sem dizer qualquer outra palavra. Achei melhor ter um pouco de paciência e esperar sentada enquanto procuravam a minha encomenda. Aquele sentimento de formigamento em todos os músculos do corpo começou a brotar em mim. Eram a ansiedade e a curiosidade falando mais alto que o medo.

Eu poderia nunca ter ido lá buscar essa “coisa”. O problema é que, mesmo assim, ainda iriam pensar que estava comigo e que eu a escondera. E qual o sentido de poupar toda a curiosidade se, de jeito nenhum, as pessoas que estavam me perseguindo iriam acreditar que eu não tinha o que eles queriam? Não, não. Eu iria pegar o que me pertence, saberia finalmente o que era e depois pensaria no que fazer. Eu não tinha muita escolha mesmo.

Quando voltei ao foco da realidade, o homem com o qual a moça falara minutos atrás, já estava de volta carregando uma pequena caixa com o máximo de cuidado que poderia. Pelo que eu pude perceber de longe e quando ele a entregou, com cautela, nas mãos da atendente, era uma caixa padrão do estabelecimento. Parecia ser feita de papelão e tinha uma cor amarronzada. Eu me decepcionei um pouco quando eu percebi que a caixa era pequena, mal chegava ao tamanho de metade de uma caixa de sapato. Na minha imaginação, parecia muito maior e mais deslumbrante.

A funcionária também usou todo o cuidado e destreza que tinha para colocá-la dentro de um saco de papel, aqueles comuns de cor camurça. Então dobrou a boca do saco e fechou-a com um pequeno selo auto-adesivo. Sorriu satisfeita com o trabalho bem feito e entregou-me aquele pequeno embrulho em mãos.

- Prontinho. Tenha cuidado que não é mais a nossa responsabilidade.

- Certo... – Respondi meio indecisa tentando controlar a vontade de perguntar “é só isso?!”. – Obrigada. – Acenei com a cabeça e afastei-me dos guichês indo em direção à porta.

Pela primeira vez, a chave de todo aquele mistério estava em minhas mãos.

Fim da parte 3.
Gostaria de usar esse espaço para agradecer o selinho que a Carolina Bezerra me ofereceu em seu blog Messy Lines.
Fiquei um pouco decepcionada com os poucos comentários do capítulo passado, mas eu sei que atrasei demais e não mereço :( hahaha Um beijo a todas as leitoras ;*

84 comentários:

Ju Fuzetto disse...

Flor!!!!

Ameiiiiiiii, e tô curiosa pra saber mais!!!!!

Parabéns vc arrasa!!!

Posta logoooooooooo


beijo

Milly disse...

Lihn! adorei a terceira partee *--* to muuito curiosa pra saber o q é ! vê se nao demora ta ?
bjks ♥

Anônimo disse...

Danielle:
Aimeudeus o que tem na caixa??
Não desanima não, logo , logo todo mundo volta. As meninas pararam de checar todo dia o blog mas quando elas virem o novo capitulo vao comentar :)

Anônimo disse...

adorei o capitulo Lihn... posta mais..espero q nao demore! a demora desanima a gente.... :/
eu xecava o blog 4 vezes por dia... e vc nem dava uma posição...

Ju Fuzetto disse...

Linh!!!!!!!!!!!!

Tô passando por aqui de novo, porque quero ler mais...

Amiga posta logo, por favor vai nos matar de curiosidade!!

adorooooooooooooooooooooooooooooo!!!

beijo

Anônimo disse...

Muuuuito Booom como sempreee!!!!

parabéns mais uma vez!
by: giih

Anônimo disse...

Demaaaaaaaais!!!!
ta cada vez melhooor!!!

não esquece da gente nãão!!! posta a outra partee logo taah?!?!

AMOOOO muuuito!

Mayara Alexandre disse...

Aaaai, que curiosidade... *---*
Tá Muito bom isso aqui... Demais!
Espero que não demore muito tempo pra postar.
Beijos

Luh disse...

Eu sabia que vc ia terminar o capítulo antes de dizer o que tinha na tal encomenda! Espero que a parte 4 não demore então!
Valeu, Mel! Cada dia mais fico mais intrigada e gosto ainda mais da estória! Bjão!

Anônimo disse...

Adorei!!! E por favor não demora pra postar a parte 4, to muito curiosa pra saber o que tem dentro do envelope... beijos :*

Drika disse...

Maravilhoso como sempre e, claro dando muita risada com a Sofie. Me amarro nela, adoro o jeito sarcástico dela tratar as coisas e as pessoas. Bom agora bateu aquela curiosidade para saber o que tem dentro dessa caixinha e o que vai acontecer no caminho de volta para casa é claro, quais serão as emoções que ela viverá agora e como será a festinha de aniversário, são tantas coisas pra saber que fico ansiosa esperando o próximo capítulo.
Beijossssssss!!!!!

Tainá disse...

aaaaah odeeio ficar curiiooosa! aosdhosauh
super ansiosa pro proximo capitulo *--*
nãao demoora pra postar não pelo amor de Deus ;]
beeijos :D

Anamaria Cruz disse...

Adorei o capitulo!

O aviso parece que foi escrito por uma daquelas personagens de um livro da meg cabot, haha adorei.

O que é a encomenda?
Dios, será que alguém vai aparecer?
aaaaaaaaaaaah eu to muito curiosa!

Posta logo Lihn D:

Anônimo disse...

eer, a espera desanima a gente mesmo ;/
Mas o capitulo tá ótimo, tou ansiosa pelo
próximo post (:
bjs :*

christiny disse...

oiiii
foi muito legal a terceira parte... o Sam de dia é muito legalll e bem carinhoso, não q o Sam de noite tb não seja pois ele é, mas cada um deles tem seu charmee... achei lindoO quando a Sam falou "Eu sinto informar... Hoje não estou aceitando “não” como resposta", quando eu li esta parte vc tinha q ver meu rosto, eu estava com aquela cara d boba apaixonada e um sorriso enorme q não cabia em meu rosto rsrss... estou SUPER curiosa para saber oq tem no pacote e tb c o Noah irá aparecer no aniversário dela, sei la ainda não fui muito com a cara dele não....
bjo!!!!

Andressa disse...

AMEI!
Ai ai ai!
POsta mais! Mais, mais!

Linda disse...

lindooooooooooooooos os dos! Achei ótima essa parte porque deu pra conhecer melhor o Sam diurno!

Anônimo disse...

Linh eu sou nova por aqui e saiba que eu estou amando a história... Please posta logo o próximo capítulo naum aguento mais de tanta curiosidade...

O que tem dentro da caixa? Noanh irá aparecer na festa de surpresa, fazendo Sam se ruer de ciúmes? e Sam do dia vai comparecer mesmo na festa? será que terá um conflito entre os Sams p estarem na festa? E Becca conseguirá ficar com Lean? NOSSA ESTOU MESMO CURIOSA... são tantas hipóteses que se passam em minha mente...

Carol Winchester disse...

Por favor não demora muito a posta *_*

Anônimo disse...

quero maaaais

larissa disse...

Que expectativa!!! É VICIANTEE!!!

Anônimo disse...

quero mto saber oq vai acontecer na festa e oq tem na caixa

Anônimo disse...

Aeeee Feliz Aniversário, Lihn =)
mtooo felicidades

Annya disse...

Lihn,minha flor,minha Deusa,minha Musa!Meus mai sinsero Feliz Aniversário!Amoooooo vc!

Unknown disse...

Oi Lihn, não faz suspense, conta para nós o que tem na caixa!

Não demora para postar, estamos morrendo as unhas de tanta curiosidade.

bjos.

Unknown disse...

Como você pode deixar a gente assim ? D: Mais uma vez vc para bem na melhor parte mano =/ Nossa curiosidade vai lá pro céu !
Mas um vez um capitulo perfeito *-* AMO MUITO ISSO AQUI <3

Anamara disse...

Curiosaaa pra saber o que é essa tal encomenda... Acho q vem problemas por aí tb... kkkk... muito bom!

laressa disse...

Aaah quando vc vai postar maiiis ? =S
vou ficar esperando vc postar, todos os dias volto aqui para ver se tem coisa nova =D, mas nao demora muito nao, gostei tanto dela, que li até esse capitulo em pouco mais que 2 dias =D
ameei essa historiia, louca pra saber o que vai ter nessa emcomenda ! mais, mais, mais, mais, mais, mais, mais, mais, mais...
Bjooos da sua nova e fiel leitora *--*

By: Laressa adc msn: laressa_mania@hotmail.com

laressa disse...

Vou postar um comentario por dia ate vc postar o proximo cap =s queroo maiiiiiiiiiiiiiiis
por favor, nao deicha a gente assim nãoo =/
Bggs, amanha eu volto =D

Anônimo disse...

Linh, sai livro ou post? precisamos de noticias
to com saudade dos "Sams" e da Mel

laressa disse...

denovo eu aqui e nada de cap 13 =/

laressa disse...

Euuu aquiiiiiiii, sem mais Inversooo =/ quero mais Lihn =D

laressa disse...

Querooo maiis, maiiis, maiiis, maiiis, maiiis, maiiis, maiiis, maiiis,maiiis,maiiis,maiiis =D

Anne xD disse...

Nuuuum faz isso naum Lihn!!
Oh God - o q tem dentro dessa caixa?? e a festa?? e o Sam?? e a Sophie?? e esse desaparecimento do Noah???
Tdo dia olho aqui e nada. Vou surtaaar!!
Pos loooogoo pleaaase!

Anônimo disse...

poxa.. 1 mes....

laressa disse...

Nossaaa, queroo maiiiis pleaseee xD

laressa disse...

Maiiiis, to curiosaaaaa *-----------*

Carol disse...

Nossa faz um tempão que eu não venho aki achei q ja teria uns 2 partes Oo realmente ta demorando muito pra atualiza, eu sei q tem muitas coisas no dia a dia q acaba deixando sem tempo, e você disse que tinha o rascunho do livro pronto e tal. essa demora so faz desmotiva a gente de ler pq perdemos o piki depois de umas semanas. se continuar assim vc vai perde muitas leitoras =/

Unknown disse...

Lihn... please aparece.. to morrendo de curiosidade aki menina!!! o q q aconteceu.. td dia eu venho aqui e nd de post.. espero q nao tenha acontecido nd serio!!
beeijos

laressa disse...

Linh, cade o post que vc disse qe nao ia demora muito ? =s
curiosaaa *-*

Please, aparece xD

Anônimo disse...

Lihn sinti lhe dizer que as qualificações pro seu livro diminuiram de 88 pra 28 nesse tempo que vc deixou de escrever.. vc perdeu mtas leeitoras.. fui essa semana comprar um livro pra ler....:)

Anônimo disse...

florr posta logo,,tô morrendo q curiosaidade..
tmb parabenizo vc,seu trabalho esta magnifico !!<3
inversos,mereçe um filmee pra ganhar muitos OSCAR..bejinss

Anônimo disse...

você ainda tá criando a história? achei que só faltava digitar..
se é assim, desculpas mais que aceitas =)

Anônimo disse...

finaaaaallllmente uma declaração... rs n axo q seja desculpa.. trabalhoo e estudo o dia td.. saio d casa 5h da manha e xego 11 da noite.. e dah tempo de vir ler vc =D

Anônimo disse...

Pela amor de DEUSSSSSSSSSSSSSSSSSS!!!!!!!!
Cade este post?????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????
Você está matando a todas nós de tanto esperar...

Anônimo disse...

Cara... eu adoro essa história,
mas ja to cansada de ler capitulo repetido.
Posta coisa nova pra gente...
Eu já falei pra deus e o mundo do seu livro...
Please... saudades do Sammmmm

Anônimo disse...

Eu imploro...
O posttttttt!!!!

Anônimo disse...

LIHN.. pelo amor de deus nao faz isso com a gnt..
to mundo ansioso aki e vc demora desse jeito.. se aprece por favor.. venho tds os dias aki e nd de cap.. asssim ate desanima a gnt

Anônimo disse...

Pow... cara! Vc nunca vai postar isso né?
Porq vc num vende um exemplar pra gente pela internet???

Anônimo disse...

Estou muito triste, pq há um mês num tem inverso!
Muitas saudades de ler esse livro.
Post o mais rapido possivel, linda!
Estamos morrendo de saudades...

Anamara disse...

Oi, tava lendo o recado que você deixou ali sobre sua faculdade ter começado e tal... Acho que só de você ter essa preocupação de informar à todos sobre o que tá acontecendo até na sua vida pessoal para explicar pq não postou ainda, já é muita atenção com todo mundo... Legal da sua parte. Agora acho que você não precisa ficar se matando aí, calma kkkk... As pessoas que tem que ser compreensivas com você também, oq eu não to vendo por aqui, afinal você tem sua vida pessoal e prioridades muito maiores do que postar aqui... Enfim, aguardando o próximo capítulo, e quanto maior for a demora, mais emocionante vai ser... Ainda mais agora que a gente pode saber oq tem nesse tão misterioso pacote... kkk... Beijo!

Tati disse...

aiii que saudades de Inverso!!
A curiosidade está me matando, mas td bem, entendo que vc tem sua vida pessoal e suas prioridades.
bjss

Anônimo disse...

Tem que escrever mais... tou morrendo de curiodidade...
escreva rapidinho.... :D estarei aqui para ler...

bjs...

Anônimo disse...

será que vai ser o fim _dessa_ semana? *torcendo*

Anônimo disse...

relaxa, não se sinta pressionada.
só de você dar satisfação pra mim já tá bom ^^

Anônimo disse...

Lihn sabe oq eh pior do q prometer e naum cumprir? eh prometer ssabendo q nao se vai cumprir...
poxa.. vc sabia q nao ia dar pra postar .....dizia q nao tinha previsao e pronto...

Aninha disse...

anonimo, acho q eh muita falta do que fazer ficar brigando com a menina aqui no blog. vai la tentar CRIAR um livro pra ver se eh coisa fácil vai. se ela postou que a previsao era nesse feriado é porque ela achou que ia dar, eh logico que ela nao fez isso pra enganar ninguem. todo mundo tem suas responsabilidades ainda mais com faculdade integral, duvido que ela tem ate tempo pra respirar no meio de semana e tem que ficar aguentando cobrança o tempo todo de gente que nem se identificar identifica. quando eu fazia direito, nao tinha tempo pra nada, que dira pra ficar pensando o tempo todo em outras coisas, vc ganha novas preocupaçoes. o que vc le em meia hora, ela demora dias pra escrever, se toca.

Ana Carla Caballo de Castro disse...

"vc sabia q nao ia dar pra postar ....." q retardada, acha q a lihn escreveu aquilo pq? como disse a aninha,s e ela disse eh pq achou q ia cons4eguir postar a temp0!! ou acha que ela quis dar o 1 de abril na gente?? gnt q nao tem o q fazer eh foda.

Anônimo disse...

minha kerida, eu tambem faço medicina! e tenho tempo :P sabe porque????pq quando a gente ker algo a gente corre atras... e eu corro atras de tempo pra fazer oq eu gosto... tanto q to sempre aki... :P
se toca vc fia...
eu faço medicina, trabalho, tenho filho pra criar e dou conta de tudo! ;)
e nunca reprovei na faculdade... ;) hehehe

Anônimo disse...

concordo com a anonima, afinal acredito que isso aqui pra lihn eh uma responsabilidade.

Martiinha´Black disse...

Ola (:
Queria te dizer que ADORO esta historia,fazes um excelente trabalho... Parabens !!
Tou ansiosa para o proximo capitulo.
Quando é que vai sair?
Bjinhoooo

Mylena Furtado disse...

DOIS MESES, DOIS MESES SEM POST !!
tô piraaaaaaaaaaando !!
mas tdb, amr (:
vai lá e faz tudo o que voce tiver que fazer na sua faculdade e talz .
a gnt entende :D

Anônimo disse...

LINH eu amo a sua história td dia venho aki, por favor continua eu to fikando desesperada!!
eu sei q vc ta mt sobrecarregada com a facu, mas por favor faz um esforço!!

Anônimo disse...

Mais uma vez ficamos sem nada =/

Anônimo disse...

Oi Lihn, lembra de mim? Cínthia do msn...
Bem, estou passando novamente aki pra dizer q adoro seu trabalho... e que estou esperando ansiosa pelo novo capítulo.
Sei que ele será tão bom quanto todos os outros.
Beijos!!! Entre mais no msn!!

Lua disse...

NOOOOSSA! Adorei! Li roendo as unhas aqui pra saber no que ia dar, nem senti que só iam mais linhas e linhas e linhas! Merecia até palavrão pra dizer o quão bem voce escreve, mas como este é um local público, deixa as palavras de baixo calão pra lá!
Ó, tô louca pra ler a continuação! Posta logo ^^
Bjs!

Anônimo disse...

quero maaai, estou esperando anciosamente pelos proximos

Anônimo disse...

muito lindo ^^

Aninha Costa disse...

ahhhh flooor
coom certeza vou esperar...
to mto ansiosa pra ler mais...
e...
entro ake quase todo dia pra ver se tem coisa nova...
e vc naum vai perder leitoras pela demora
quem é fã acompanha de verdade
eu to lendo um livro, outro blog, cuido do meu blog e ainda tenho tempo de ler o seu...
bjx

laressa disse...

Liiiii, só esperando vc *o*

Anônimo disse...

Poxa, a menina que faz medicina ai, pode ter falado de um jeito meio grosso, mas não é totalmente mentira não :S caraca, quantos meses que a gente espera por um post? por mais que a Lihn esteja ocupada, n é possivel q n tenha tido algum tempo livre nesses meses :/ Lihn dá alguma noticia pelo menos, ninguém aguenta mais esperar :/

Anônimo disse...

Lihn flor td bem q vc tem lá sua prioridades como sua facu, td bem, mas 4 meses?? dava mt bem pra vc fazer pelo menos u post, ta td mundo aki morrendo de curiosidade... pelase um postizinho so!!

Anamaria Cruz disse...

Eu estava até entendendo que tu tava sem tempo pra escrever e tal, mas 3 meses já fica meio dificil. Ás vezes eu vejo tu postando mil coisas no twitter, ai a gente fica "ae, ela ta com tempo, talvez poste esse fim de semana" ai chega na segunda e vê que tu não postou. Desanima.

Mas bem, sei que tu não vai abandonar. Eu acho. E quando tu postar é claro que vou ler, mas chega a um certo ponto em que a gente se cansa de esperar.

Volte logo. Beijos

Anônimo disse...

postoooou!! já vou lá ler, é ótimo!!!

Anônimo disse...

amo amo amo amoo³³³³³³³³³³3333

Gabby Tx disse...

Aaaaaiiiiii cabei de ler e já tow anciosima pelo próximo, quando vai sair. hein?
Vc criou um bando d zumbis com fome pela sua história n alimentá-las é perigosissimo´.
Arguadando por vc.
x.o.x.o.

Anônimo disse...

Aki muito bom o livro tem 4 dias q comecei a le e ja li tudo.
Ja to loka p sab o q vai acontece. Espero q vc post o proximo capitulo o +rapido possivel.

Anônimo disse...

Muito Bom..ameei o livro..estou na expectativa pelos proximos capitulos!!!

cari :) disse...

AAAAAAAAAAAAAAAAAH EU VI CI EI! pelo amor de deus eu lhe imploro que poste, voce nao pode nos deixar meses sem continuar, isso é torturanteee!
sam's s2

Anônimo disse...

to esperando ansiosamente o proximo capitulo, ta perfeito, to amandi (:

Anônimo disse...

posta mais poor favor!! não aguento mais esperar D=

Anônimo disse...

é!! pelo amor de deus posta mais! É muito chatoo e faz voce perder muitas leitoras com esse lance de esperar mais de 4 meses por o próximo capitulo!!!

Anônimo disse...

cade o proximo capitulo, quero leer!

melinha disse...

nossa quase cem comentários nesse post!! hauhauahauha tive que comentar tb, uai!!! queria dizer que eu amo inverso e esse capítulo, em especial, foi show, não sei como vc conseguiu que eu me apaixonasse pela história tão rápido!! amo amo amoooo inverso!! xD beijos e muitas felicidades com o seu dom pra escrita!! by melinha

Postar um comentário