domingo, 20 de setembro de 2009

Capítulo 10 – Nem tudo é o que parece (parte 4)

Ele não me respondeu. Eu sabia o porquê. O pouco tempo que eu o conhecia já era suficiente para entender que ele estava queimando em fúria. O olhar forte e fechado era a prova fatal disso. Faltava pouco para que ele explodisse em raiva, bastava que eu fizesse qualquer insinuação acerca do assunto do Noah...

- Tenho uma pessoa me esperando lá embaixo. – Falei propositalmente e fui capaz de vislumbrar as chamas surgindo no verde dos olhos.

- Não quero que ande com ele. – Seus lábios tremeram ao tentar pronunciar essas palavras.

Ah, essa era boa. Ele só precisava responder desde quando eu permitia que qualquer homem mandasse na minha vida. Sorri ironicamente, quem ele estava pensando que era? Algum integrante do Maroon 5?

- Você não precisa me trancar aqui, eu já te odeio.

- Péssima com mentiras. – Ele sorriu e aproximou-se com cautela. Os passos fazendo um barulho forte no chão espelhado.

- Não é uma mentira. – Contrariei sustentando o olhar. As pessoas tendem a olhar para baixo quando mentem, talvez eu não estivesse mesmo mentindo.

- Estou percebendo. Nem completou uma semana e já está saindo com aquele... Noah, não é esse o nome dele? – Ele perguntou e encostou-se na pia. Colocou o dorso contra a pedra e apoiou as mãos também no granito. Cruzou os pés à sua frente em uma posição muito descontraída.
Ri alto. Essa era ótima. Além de querer me matar, agora exigia exclusividade.

- O que você quer Sam? Se você quiser acabar comigo, faça, não tem ninguém aqui, mas me poupe de conversa.

- Já disse que esse não é mais o meu plano. – Respondeu agora parecendo bem mais tranqüilo.

- Posso ir embora, então?

Ficar com ele ali, dentro do banheiro, não era uma situação confortável. Ele me distraía de todo o ódio que tentava reprimir nas horas em que pensava nisso tudo. Sam tinha total consciência de que exercia esse efeito em mim. E, olhando-o ali, encostado na pedra, de braços cruzados e aquela cara mais angelical impossível, quase me fazia esquecer a última semana por alguns momentos.

Ele também parecia estar tentando se controlar. Aliás, ele tinha essa expressão o tempo todo. Ele possuía o humor muito instável, era capaz de mudar completamente em segundos. Entrara ali a ponto de explodir e, após alguns segundos de conversa, já conseguira se acalmar.

- Não.

Era eu que não estava conseguindo ficar tranqüila. Minha raiva só crescia e a sensação de que ele estava jogando comigo me deixava ainda mais raivosa. Se ele não queria me matar, por que precisou me trancar naquela droga de banheiro?

Respirei fundo e deixei o ar escapar em um suspiro, fechei os olhos e repeti o processo. Era uma questão de ego agora, não iria deixar que ele conseguisse o que parecia querer: tirar-me do sério.

- Ótimo.

Encostei-me também casualmente na parede oposta, fitei-o despreocupada.

- Você não pode fazer isso.

Nem me dei ao trabalho de responder. Eu realmente odiava quando as pessoas tentavam me dizer o que tenho, ou não, que fazer, mas estava entrando naquele jogo infantil. Não iria ficar irritada.

- Aquele cara não é confiável.

Essa frase foi demais para mim.

- E quem é você para falar de confiança?

- Eu não quero machucá-la. – Ele deu de ombros.

- Você mentiu.

- Você também.

Outra coisa que me irritava era essa tentativa dele de fazer parecer que nós dois tínhamos cometido os mesmos erros. Eu, de fato, menti. Não contei que iria sair com sua outra personalidade, nem que estava investigando sua vida ou conhecendo sua família, mas era totalmente diferente de forçar uma situação entre nós a fim de assassinar o outro. O que eu senti não foi mentira. Não simulei, forcei ou planejei coisa alguma. Aliás, o amor nunca esteve, realmente, inserido nos meus planos.

- O Noah é uma boa pessoa.

- Ele segurou sua mão.

- E daí? Dá para parar de ser infantil? Nós não temos mais nada, achei ter deixado isso claro ou você adquiriu uma terceira personalidade?

Isso quase desbancou a tranqüilidade aparente que ele estava tentando exibir. Por um segundo, ele me lançou novamente aquele olhar selvagem de destruição, depois piscou fortemente e voltou ao estado anterior.

- Eu quero o melhor para você.

- Como tem coragem de dizer isso? – Eu levantei o tom de voz sem me dar conta, a raiva contida estava começando a querer transbordar.

- Ele pode ser uma ameaça. – Ele falou baixinho e se aproximou.

- Você é uma ameaça. – Corrigi quase gritando.

- Você me mudou. Antes eu era vazio, você me preencheu. E, embora tenha tentado, não sou mais o mesmo. – Ele ficou bem próximo de mim, ainda encostada na parede, e apoiou as duas mãos do lado da minha cabeça. Inclinou-se um pouco para frente e olhou profundamente nos meus olhos.

Era o verde da embriaguez. Eu tinha a plena certeza de que era isso. Meus pensamentos já não mais faziam sentido na minha mente, ao contrário, pareciam fazer alguma pressão de dentro para a fora que me dava a sensação de que minha cabeça logo explodiria. Eu, com toda a certeza, sabia o que ele havia feito comigo, na maneira como me transformara nessa personagem estúpida e deprimida, chegando, às vezes, até a insanidade.

Qual era o meu problema então? Eu já nem estava mais ouvindo suas palavras venenosas e doces, tinha o olhar centrado em seus lábios delirantes. Ninguém nunca me beijara como ele beijou. Quero dizer, ninguém nunca causara aquele efeito de pernas tremendo e coração disparado que ele costumava causar quando estávamos juntos. E eu sentia falta, muita falta das sensações quentes. Aquela impressão de que eu queimava por dentro, aquele fogo que arde e aquece ao mesmo tempo. E doía, como doía. Despedaçou-me por vezes ao perceber que eu era tão dependente, que estava presa a isso e não poderia fugir e, nem preciso dizer, arrasou-me ainda mais ao descobrir que o que ele parecia sentir e retribuir por mim não era verdade, foi tudo planejado. De repente, lembrei-me de toda a dor inicial, de como eu custava a fazer com que ela fosse embora e isso me tirou daquela neblina que, devido ao seu cheiro tão próximo, se instalara em minha cabeça.

- PARE DE MENTIR! Pelo menos uma vez, pare de mentir! – Bradei bem alto deixando toda a defesa desmoronar e a raiva tomar conta de tudo. – Odeio você.

Se eu não o conhecesse bem, acharia que estava prestes a chorar. A culpa habitou sua face juntamente com o medo, o desespero e o desgosto que talvez sentisse de si mesmo. Ele olhou para baixo esperando que eu terminasse de berrar todos os insultos que eu tive forças para pensar naquela hora. Pela primeira vez, pareceu aceitar a todos de cabeça baixa, nem sequer fez menção de retrucar e, também, pela primeira vez, cogitou a possibilidade de que eu falava a verdade sobre odiá-lo.

- E você é fraco, Sam! Um covarde que não consegue lidar com desastres e resolveu se tornar um assassino! – Continuei a bater com palavras e não pude evitar as lágrimas diante de tamanha raiva que estava retida e agora tinha a chance de se libertar. – Sujo! Isso é o que você é!

Percebi que ele estava bem próximo de mim, ainda me prendendo encostada na parede com as mãos apoiadas dos lados da minha cabeça. Quando finalmente parei de descontar toda a minha fúria, ele levantou a cabeça e me encarou magoado. Aquela era a tão incomum expressão de que ele se sentira ferido. Alguém que costumava se portar frio como o gelo, estava finalmente mostrando suas feridas.

- Não grite mais alto que o meu coração. – Disse em voz baixa cheia de amargura e encarou o chão novamente.

Eu fiquei em choque fitando seus cabelos negros que escorriam para baixo. Tão pertos e, ao mesmo tempo, tão distantes. Distantes dos meus dedos, da minha afeição. Distantes daquele tempo onde eu me sentia como se não precisasse de mais nada. Cabelos nos quais enterrei meus dedos, olhos que contemplei com os meus, lábios agressivos e urgentes que eu sempre quis tão perto. Estavam ali, naquele único e raro momento em que demonstravam fraqueza.

Ainda em choque por ter gritado tudo e ainda mais surpresa com a reação, toquei, ainda sem respirar, seus cabelos com os dedos que consegui levantar em tão pouco espaço. Sam ergueu a cabeça.

Observou meu corpo tremendo e meus olhos um pouco arregalados de surpresa. Tive a impressão de que ele queria dizer algo, algo talvez mais importante que a própria existência, mas ele não conseguiu. Apenas sustentou o olhar cheio de um significado que eu não conseguia decifrar. Então se aproximou.

Eu percebi o que ele estava fazendo. Estava tentando me envolver com os olhos verdes e abertos. Quentes e fortes. E estava quase funcionando à medida que ele chegava mais perto e seu calor me acolhia. Eu queria, inconscientemente, aquele beijo. Os enérgicos arrepios que senti diante da aproximação dele me mostraram o quanto eu o queria de novo, mas eu, filha do carbono e do amoníaco, era repleta de contradições e inseguranças. Portanto, não me surpreendi muito quando minha mente ficou em estado de alerta segundos antes do encontro de nossas bocas, meus olhos arregalaram-se como se tivessem dado conta da situação naquele momento e, no instante seguinte, senti meus dedos frios arrebentando em sua face.

É claro que eu não planejei bater no Sam. As chances de ele ficar nervoso e me matar segundos depois disso eram enormes. Ele não conseguia controlar a raiva muito bem. O fato é que eu queria e não queria o beijo. Só porque ele tinha o poder de fazer meu corpo responder aos seus estímulos de maneira irracional não significava que eu era a idiota que iria esquecer tudo o que ele fizera. Ele sim me transformou. Antes eu era segura, esperta e consciente, agora eu apenas era uma ridícula que chorava sozinha em cômodos escuros por alguém que não demonstrara o mínimo de compaixão e afeto por mim. Ele me magoara, me destruíra, me humilhara. Fizera-me sentir como uma estúpida, rebaixara-me à condição de verme. Isso não era tão fácil de esquecer.

Embora eu ainda sentisse os sintomas que me fizeram chegar à conclusão de que o amava, eu também era capaz de sentir repulsa, desgosto e, até mesmo, ódio ao encará-lo. Enfiar minha mão na cara dele foi só uma reação impulsiva na tentativa de evitar o beijo. Um beijo que eu queria e não queria com uma pessoa que eu amava e odiava. Os sentimentos na raça humana não andam em linhas retas pré-definidas, eles rodam em círculos e, cruéis, cruzam-se com seus opostos.

Ele não se mexeu. Parou a aproximação assim que sentiu o baque dos meus dedos, pouco tempo depois, olhou para cima e encarou minha nova expressão de susto e medo. Agora eu realmente me sentia a presa, mas a presa obtusa que foi inconveniente e idiota o bastante para açoitar o predador. Não, ser inoportuna ou estúpida não é ser corajosa.

Sam encarou meus olhos banhados de temor. Ele também parecia estar surpreso com a minha reação. Esperei que a raiva de tamanha afronta brotasse logo em seu ser, mas ela não veio. Ele estava em choque. Ficou com essa mesma expressão durante vários segundos que não consegui contar e então se afastou.

- Vejo que não estava mesmo mentindo sobre seu ódio. – Disse finalmente, colocando a mão direita sobre a pele que estava ficando avermelhada em seu rosto. – Nunca mais vou incomodá-la. – Levantou a cabeça, decidido e endireitou o corpo. - Seja cuidadosa. Adeus, Mel.

Eu não consegui responder nada. Eu não sabia se estava mais chocada pela minha reação, pela reação dele ou pela possibilidade de não vê-lo nunca mais. Não fui capaz de me mexer, fiquei apenas observando suas costas corpulentas ficarem cada vez menores à medida que ele se afastava. E não olhou sequer uma vez para trás antes de destrancar a porta e sumir.




Meus olhos castanhos e claros abriram-se de repente, vislumbrei o teto branco com os cantos enfeitados com cascatas retangulares de gesso. Senti o tapete do meu quarto sob minhas costas estiradas. Eu ainda estava com o vestido de festa.

Meu quarto estava da mesma maneira como eu o deixara antes de sair de casa, mas, ainda assim, eu sentia que havia algo diferente. E eu não me sentia assim apenas com relação ao quarto, todas as coisas pareciam diferentes de um jeito que eu não conseguia explicar.

Não me lembro muito bem como voltei para casa. Quando fazia algum esforço para tentar clarear as idéias, flashes não muito nítidos se passavam em minha mente. Tinha quase certeza que o Noah deixara Rebecca e eu na porta do apartamento. Não sabia se eu havia buscado Sofia na casa da vizinha, nem onde estava Rebecca. Muito menos tinha a mínima idéia de quanto tempo eu ficara deitada com o vestido sobre o tapete ou que horas eram.

A sensação constante era a de que eu havia perdido horas da minha vida e não sabia onde elas estavam. Se eu fosse um pouco mais dramática, poderia pensar que eu também adquirira uma segunda personalidade, mas eu, no fundo, apenas sabia que eu não prestara atenção o bastante na minha vida para me lembrar o que acontecera de fato. Quero dizer, que tipo de existência poderia prender minha atenção se todas as coisas pareciam diferentes? Quem quer viver em um mundo onde você acorda durante todos os dias vendo objetos que, de uma hora para a outra, não são mais aquilo que costumavam ser? E eu não estava louca, ainda não.

Eu só sentia que a graça de tudo havia se esvaído. Pode parecer melodramático demais, mas era assim que eu pensava. Se fosse mesmo verdade o que ele havia dito, ele deveria se mudar logo. Arrumar algum jeito de comprar outro apartamento durante a noite e fazer com que sua outra personalidade sentisse a necessidade de outro lugar para morar. E qual seria a graça de viver naquele prédio se eu não pudesse mais ouvir “The Final Countdown” tocada no violoncelo a cada novo crepúsculo? Que tipo de pessoa quer viver em um mundo desses?

Tentei mexer a cabeça para procurar Rebecca. Eu tinha a leve impressão de que ela viera chorando durante todo o caminho ao condomínio. Não tive forças suficientes para ajudá-la, não me lembro de ter dito muita coisa na noite anterior depois que saí daquele banheiro, aliás, nem me recordo o motivo de sua tristeza. Quando tentei me levantar, percebi que meu corpo doía. Meus músculos não queriam que eu me movimentasse e minha língua simplesmente não me obedeceu quando tentei gritar por ela.

- Você não deveria ter dormido no chão. – Escutei uma voz fina e calma que vinha de algum lugar perto de mim.

- Quantas horas são? – Foi o que consegui perguntar a ela, minha boca estava quase dormente.

- Quase nove... – Rebecca respondeu um pouco chorosa.

Nove?!? Definitivamente não parecia que tantas horas haviam se passado. Eu também não entendi porque não me deitei na cama quando cheguei ou porque não coloquei um pijama, talvez eu não estivesse pensando.

- Minha cabeça... – Respondi tentando levar uma das mãos à testa.

- Você estava um vegetal ontem à noite, deve ter sido isso. – Ela respondeu deitando-se no tapete, encarando também o teto, próxima a mim. – Pareceu não estar nem ouvindo o que se passava ao redor, mal piscava. Achamos que alguém tinha drogado você.

- Vou ficar bem. – Eu falei sem ter certeza de que era verdade. – O que houve com você? – Pisquei tentando localizar o “seja minha” no meu teto. Senti um enorme vazio quando não consegui vê-lo lá. Talvez fosse apenas a claridade do dia ou talvez ele não estivesse mesmo lá, nem mesmo à noite. Sumira para sempre.

- Beijei o Lean.

Eu iria verbalizar um “parabéns”, mas o tom de voz dela não era aquele que deixava implícito de que isso tinha sido uma coisa boa.

- E então? – Tentei me concentrar em outra coisa que não fosse palavras desaparecidas no meu teto.

- Ele me beijou de volta no começo. – Ela respondeu bem devagar, ainda com a voz muito melancólica. – Depois disse que estava cansado de ser usado por mim quando eu estava bêbada.
Escutei-a se mexendo para pegar uma caixa de lenços de papel que estava em cima do criado mudo.

- Ele disse que eu só dava atenção a ele quando estava cheia de bebida e que não era outro dos meus batons. – Ouvi a respiração fungada e imaginei a quantidade de lágrimas que viriam depois. – Eu não estava bêbada ontem.

Isso me amoleceu de verdade por vários minutos. Eu sabia o quanto Rebecca estava se esforçando para mudar e aprendera que bebidas alcoólicas não resolvem seus problemas. Ela estava se esforçando de fato e, se ela lembra tudo o que foi dito, era porque estava dizendo a verdade sobre não ter ficado bêbada.

- Sam estava lá. – Eu confessei depois de um tempo indefinido de silêncio. – Seguiu-me com os olhos durante toda a noite.

- Oh. – Ela ficou surpresa e parou de chorar por alguns instantes. – Eu percebi que ele estava lá.

- Acho que ele não gostou de me ver com o Noah.

- É, acho que não. – Ela concordou ainda fungando e respirando pesadamente.

- Ele me trancou no banheiro. – Relembrei com nitidez todos os acontecimentos até aquela parte,

Rebecca levantou a cabeça e me encarou de olhos arregalados ao ouvir isso.

- Ele é louco?

Eu não respondi. Eu realmente tinha dúvidas de quem era o louco na nossa relação ou ex-relação, como queira chamar.

- Eu bati nele. – Comecei a rir freneticamente, mas não porque achava graça. Na verdade, era aquela típica situação do “rir para não chorar”. Observando esse ato agora, de longe, era fácil perceber o quanto isso fora ridículo e impensado. – Quão patética eu sou?

- Você não é patética. Você só está confusa.

- Nah, eu sou patética e confusa. – Eu constatei ainda rindo de mim mesma.

- É culpa dos hormônios. – Ela respondeu rindo também, provavelmente da situação em que ela se encontrava.

- Não, é culpa dos homens.




Rebecca e eu tentamos fazer algo que nos distraísse durante as horas restantes do domingo. Ela estava visivelmente magoada por ter que encarar Lean amanhã mesmo envergonhada pela rejeição e eu estava temerosa por não ver o Sam no dia seguinte ou nunca mais. Não conseguimos encontrar sequer um filme que prendesse nossa atenção por duas horas, então ela resolveu ir embora e tentar relaxar. Eu me lembrei, horas depois, de que não havia buscado Sofia na dona Matilde, mas ela não pareceu se importar muito com o meu atraso de quase 12 horas para pegar a minha irmã. Sofia, ao contrário, estava tão furiosa que não se atreveu a falar comigo por muito tempo porque, de acordo com ela, teria um colapso nervoso se liberasse toda a raiva que estava sentindo e começasse a gritar comigo. Eu não me importei muito, era melhor que essa virasse a cara e me evitasse por um tempo já que eu não estava com forças para discutir naquele momento. Em uma coisa, contudo, ela estava certa: os biscoitos de granola com espinafre eram mesmo ruins.

Passei o restante do meu domingo tentando escutar barulhos suspeitos no andar superior. Ausência de passos, de música ou até mesmo barulho de caixas e de mudança. Não consegui escutar nada. Meu domingo foi apenas extremamente tedioso como as semanas que se passaram desde então.

Sam parecia ter cumprido a sua promessa. Não o vi e nem ouvi qualquer barulho dele nos últimos dias. A única vez que me lembro de tê-lo visto fora duas ou três semanas antes, dias depois da festa da Paola, no elevador.

Eu entrei apressada, estava, para variar, atrasada. Sarah e Sofie já estavam me esperando lá embaixo para irmos ao colégio, então o encontrei lá. Encostado em uma das paredes do elevador, bem elegante, vestindo a costumeira roupa formal de trabalho. Não estava mais usando a luva nas mãos, o que me fez perceber que não era verdade sobre ter se queimado, foi apenas uma desculpa que sua outra personalidade deu para não tocar o violoncelo na festa.

Ele sorriu ao me ver, perguntou se eu já havia melhorado da minha doença, que ele não sabia ser fictícia, também disse que poderíamos remarcar aquele almoço. Eu apenas sorri aliviada por tê-lo ainda por perto, falei que estava atrasada e que o via depois. Esse “depois” nunca chegou.
Nunca mais o vi. Nem em elevadores, nem reparei seu carro na garagem, latidos do cachorro com o qual ele tinha o hábito passear todos os dias. Também não escutei “The Final Countdown” e muito menos passos. E, assim, semanas se passaram.

Eu ainda tinha esperanças de que nos encontrássemos acidentalmente enquanto eu descia apressada as escadas, mas não aconteceu. Não adiantou que eu escolhesse as escadas e não o elevador. Encontros diversos que tivemos ali não mais se repetiram.

Rebecca tinha razão sobre mim. Eu era confusa. Evitara todos os telefonemas dele na semana em que nos separamos tempos atrás, não quis sair de casa com medo de encontros com sua outra parte. Inventei uma desculpa esfarrapada para cancelar nosso almoço e aceitei ir à uma festa com outro cara. Eu estava convencida de que não o queria, de que o odiava, de que não sentiria sua falta se ele sumisse. Então por que, agora, meu coração saltava a cada vez que eu via um homem de cabelos pretos de tamanho médio entrar no elevador? E por que eu morria mais um pouco em todas as vezes que percebia que se tratava de apenas um estranho? Por que eu sentia a esperança fluir novamente em mim a cada vez que ouvia um barulho de moto e então minhas pernas fraquejavam ao notar que não passava de uma moto comum entre outras milhares?
Nem eu conseguia entender a mim mesma. Aquela vez que eu descobri as fotos e a verdade, lembro-me de que ele havia dito que não desistiria de mim. Será que era estranho eu gostar de saber que, embora eu não quisesse mais aquela relação mentirosa, ele ainda lutaria por nós? Quero dizer, eu tinha a certeza de que ele não era a pessoa que eu achava que fosse, estava magoada e destruída com os planos e as mentiras, mas talvez, no fundo, eu quisesse que tudo melhorasse. Talvez eu não tivesse perdido ainda, completamente, a fé em nós dois. Acho que eu acreditava que o tempo curaria e amenizaria essas feridas que, por um tempo, não quiseram se fechar e, então, eu estaria pronta para tentar de novo.

Não que eu quisesse ser idiota o suficiente para cair duas vezes na mesma armadilha, porém eu tinha esperança de que ele mostrasse que estava falando sério sobre ter mudado. Talvez eu quisesse que ele me provasse que eu estava errada, que ele não era o monstro que eu pensei que fosse. No fundo, eu queria que ele me reconquistasse e só percebi isso agora. O problema é que, agora, ele tinha desistido.

Sam tomou meu gesto impulsivo e impensado como minha última forma de dizer que estava tudo acabado e que nada faria com que eu voltasse a confiar nele. Então ele sumira e eu me sentia duas vezes abandonada agora. E o que me deixava mais confusa era a minha reação.
Eu, de fato, me sentia mais feliz quando pensava que ele havia voltado, embora esse sentimento tenha se tornado mais raro no decorrer dos dias. O problema nisso é que eu não sabia, ao certo, o que eu faria se isso acontecesse. Quero dizer, eu ainda estava quebrada e ainda não confiava nele e, pensando de uma maneira mais racional, não queria uma nova relação. O que ele fez foi sujo e detestável, só porque ele resolvera sumir não significava que tudo seria apagado da minha memória. Só que eu me sentia bem melhor quando tinha a certeza de que ele estava lá, no andar superior, exatamente em cima de mim. Embora não quisesse vê-lo por muito tempo, o alívio era enorme ao saber que, se eu quisesse, poderia apenas subir um lance de escadas. Agora, eu não possuía mais isso.

O choque vinha, também, da maneira repentina de como viera o adeus. Quando você encontra uma pessoa, nunca cogita a possibilidade de que aquela será a última vez. Então eu preferi não acreditar muito no que ele dissera, achei que não era verdade. Tentei convencer a mim mesma de que era só uma maneira de dizer. Estava completamente errada. Nos primeiros dias, me sentia melhor quando percebia movimentação no sexto andar, fiquei feliz com nosso encontro no elevador narrado acima, depois disso... Nada.

Como já dissera, me sentia mais alegre quando era iludida por sons ou imagens que remetiam a ele. Com o passar do tempo, eu já estava me convencendo de que ele não vinha. Então, ao fim daquelas semanas, eu já tinha conseguido assimilar a verdade. Você pode tentar o quanto quiser, mas nunca vai conseguir se enganar para sempre. Ele se fora como dissera que iria. Fim.

Eu sofria calada. É claro que as outras pessoas, especialmente as que estavam mais próximas de mim, percebiam que eu havia morrido a metade que restara. E, se antes eu sofria pelo que ele havia feito comigo, agora eu sofria o dobro por ele ter feito isso comigo e, ainda por cima, ter me abandonado. Eu não era mais aquela pessoa que havia sido ferida por alguém que dissera não ter desistido, agora eu era a garota que foi iludida, enganada e abandonada. E que, pior, às vezes se pegava à espera de algo indefinido, um som, um barulho, como um cachorro que aguarda seu dono. Então eu chorei.

Chorei sozinha e durante dias. As ondas vinham ainda mais fortes agora que eu havia caído na real de que um encontro acidental e coincidente – como o da festa da Paola – não iria mais acontecer. Eu deixava as lágrimas cair e contava até dez, mas isso não mais adiantava. Depois do dez, eu ainda conseguia sentir a fraqueza e a depressão. Certo dia, fui capaz de contar até o cem e não pude controlar a angústia, era tudo em vão.

Eu ainda estava indo à escola. Agora entendia perfeitamente o modo de defesa de mamãe. Sem perceber, era isso o que eu estava me tornando. Era a primeira a chegar no colégio e uma das últimas a sair, assistia às aulas durante a parte da manhã, afundava a cabeça nos livros da biblioteca durante toda a tarde e fazia longas caminhadas ao Centro de Pesquisas para buscar Sofia à noite.

Era fato que eu poderia ir usando algum transporte coletivo, mas isso aceleraria a minha chegada e me deixaria sem ter o que fazer enquanto eu a esperava. Então eu passei a sair mais cedo de casa e enfrentar a noite fazendo exercícios físicos que me deixavam exausta ao ponto de, depois que voltasse, cair direto na cama e dormir sem sonhos.

A caminhada funcionava bastante. Além de ser bom para o corpo, me deixava cansada demais para fazer reflexões extras durante ou após o exercício. Descobri, depois de um tempo, que era mais fácil digerir certos fatos se você os encarasse aos poucos e não pensasse muito neles, embora tivesse a constante sensação de que estava sendo consumida a cada segundo que passava.

Percebi isso em uma dessas noites de caminhada. A lua estava bonita, invejando todos os outros astros, com os quais dividia o céu, com a sua graciosidade. Embora fosse o astro que mais chama atenção em nossas noites de luar, eu ainda preferia as estrelas. Sempre fui apaixonada por elas, sem se dar conta, elas guardavam um segredo mágico e místico que nenhum homem jamais conseguiu decifrar.

Percebi que eu estava diminuindo o tempo de chegada ao Centro agora que estava ficando mais treinada. Antes, eu ia bem devagar e chegava quase morta de cansaço no prédio em que Sofie fazia suas pesquisas. Depois dessas semanas, eu era capaz de fazer esse trajeto sem fazer muito esforço e ainda aumentava a velocidade do passo, chegando, às vezes, vinte minutos antes do horário correto. Por esse motivo, resolvi mudar o trajeto. Poderia passar pela rua do parque, o que demoraria mais um pouco e, ao mesmo tempo, me permitiria ver a Lua com mais clareza, sem os obstáculos que os grandes edifícios representavam ao céu.

Perto da praça, havia várias lojas que já estavam fechadas devido ao horário. Passei por várias vitrines iluminadas, dando uma olhada em objetos bonitos que estavam à venda. No mostruário de uma pequena loja de roupas, vi umas camisetas bem legais com estampas de cores fortes que faziam meu estilo. Pensei que seria um bom presente de aniversário. Além de roupas novas, eu poderia também pedir alguns CDs. Meu aniversário não demoraria a chegar e, embora Sarah não gostasse de dar festas de aniversário, que dizia serem perda de tempo, eu costumava receber os presentes que pedia.

Contornei o parque pensando quais CDs eu ainda não tinha e, quando olhei para cima, vi a Lua Cheia iluminando mais o local que os grandes postes enferrujados que estavam espalhados pela praça. Passei por debaixo de várias árvores gigantescas que enchiam o chão de folhas durante o outono e entrei por uma rua estreita ao perceber que meu desvio poderia ocasionar um pequeno atraso.

A rua cortaria parte do caminho já que impediria que fosse necessário contornar todo o parque para voltar à avenida movimentada pela qual eu costumava seguir. O lugar era realmente pequeno, dois carros não passariam ali simultaneamente e as árvores próximas à entrada bloqueavam a luz que poderia entrar naquela ruela. Eu não me incomodei em seguir quase no escuro. Eu já estava acostumada a fazer minhas reflexões na ausência de luz, era justamente por esse motivo que eu tentava ficar cansada ao máximo para dormir assim que meu corpo tocasse a cama.

Eu percebi que não estava sozinha quando o lugar ficou claro de uma vez só. O farol de um carro preto que entrara na ruela logo atrás de mim iluminara o local que, agora eu pude perceber, era imundo e abandonado. Apressei os passos para sair logo dali, estava realmente escuro e o horário não ajudava uma garota sozinha andando por uma rua deserta.

Consegui, ao fundo, visualizar o final da rua e percebi o movimento de vários outros automóveis da cidade andando em alta velocidade na avenida que ela cortava. Olhei rapidamente para trás e notei, também, que o carro atrás de mim ficara ainda mais ágil. Comecei a correr.

Meus tênis batiam no chão com força e meus cabelos chicoteavam o vento e o meu rosto, que não perdia tempo olhando mais para trás. As luzes dos faróis do outro lado indicavam que eu estava chegando próximo à avenida. Ali eu estaria menos ameaçada. Ao mesmo tempo, eu também percebi que a luz atrás de mim estava ficando mais intensa, estavam me alcançando.

Tentei correr ainda mais rápido e, se tivesse segurando qualquer outra coisa que não as chaves de casa, teria deixado tudo para trás. O problema é que carros alcançam qualquer humano com facilidade e foi isso o que aconteceu.

O carro preto de um modelo que não pude reconhecer apagou os faróis assim que me passou e parou à minha frente, bloqueando a visão que eu tinha da avenida. Meu primeiro instinto foi voltar ao parque, correr na direção oposta, para trás. E foi o que, na ingenuidade, tentei fazer, mas logo que as portas do veículo se abriram, ouvi um clique conhecido.

Era um clique exatamente igual àquele que ouvi na mansão dos Trent, quando Julie apontou sua arma para minha cabeça. O grande problema é que, agora, não era Julie ou qualquer outro dos Trent ali, me ameaçando com um revólver. Era um completo desconhecido, acompanhado de outros dois homens.

- Se eu fosse você não faria isso. – O homem que estava apontando a arma para mim gritou em alerta. Ninguém, naquele lugar abandonado, ouviria isso ou qualquer grito que eu pudesse dar.

Parei de correr para o outro lado na mesma hora e virei-me para encarar um homem aparentemente sem face naquela quase escuridão. Tremendo, levantei minhas mãos com cautela, também é um dos instintos primeiros quando você percebe que há uma arma de fogo na sua direção.

- Tem certeza que é ela? – Ouvi outra voz desconhecida perguntar para o cara armado, que parecia ser o líder.

- Absoluta. – Ele respondeu com um humor que não pude encontrar. – É ela.

- Mas ela não está carregando nada. – Uma terceira voz constatou no escuro.

- Mas está com ela. – O outro homem armado insistiu.

Ao ouvir isso, eu fiquei ainda mais horrorizada. Prestei atenção em tudo o que pudesse estar comigo. Naquele momento, eu estava apenas com minhas chaves de casa e não me lembrava de ter recebido qualquer coisa nas semanas anteriores. Eu não tinha o que aqueles homens queriam, não ainda. Isso me deixava em uma situação pior, já que se eu dissesse que não tinha nada, eles achariam que eu estava mentindo e não hesitariam em me agredir ou torturar até que eu falasse. E como eu poderia falar ou entregar qualquer coisa que eu ainda não tinha?

Uma nova luz iluminou a ruela. Um dos dois homens que estavam com o que segurava a arma acendeu uma lanterna e apontou diretamente para mim. Além de poder me perceber melhor, ainda garantiam que, com a luz cegando meus olhos, eu não fosse capaz de enxergar essas pessoas. Por esse motivo, só percebi a aproximação de um sujeito quando ouvi o barulho de passos.

- Fique quietinha. – Ele disse em tom de ameaça, segurou meu braço direito com força e foi me puxando para frente.

O outro homem só desligou a lanterna quando seu parceiro já havia me jogado dentro do carro por uma das portas traseiras, então a escuridão banhou o lugar novamente. A pessoa armada me empurrou e entrou no carro pela mesma porta que eu, sentando ao meu lado, com a arma ainda em punho. Os outros dois entraram na frente do veículo e logo começamos a andar.

Atingimos a avenida que estava logo à frente e, assim, éramos só mais um carro entre milhares de outros o que sugeria que ninguém saberia o que estava se passando. Apesar de não ter atrasado nos outros dias em que buscara Sofia, minha irmã sabia que eu tinha o hábito de me atrasar com freqüência em outros compromissos, o que a faria perceber meu sumiço, talvez, horas depois. E eu não sabia se eu estaria viva à essa hora.

Enquanto o carro se movia na velocidade normal, sem atrair suspeitas, os homens se mantinham em silêncio e eu pensava como poderia resolver isso. Raciocinei que a melhor maneira de me manter viva até a hora em que sentissem a minha falta seria fazê-los acreditar que eu tinha o que eles queriam. Se eles achassem que eu realmente o possuía, não poderiam me matar já que precisariam de mim para chegar a ele. O problema é que eu não sabia exatamente o que era essa coisa.

Eu tinha a clara idéia de que era, provavelmente, a encomenda que eu receberia no dia do meu aniversário, só que, na carta que me mandaram, não havia qualquer outra informação que me colocasse na posição de imaginar o que poderia ser isso. Resumindo: seria muito fácil descobrir que eu estava mentindo.

- Para onde estão me levando? – Perguntei depois que percebi que estávamos saindo da avenida e entrando em lugares, novamente, escuros e afastados.

- Já disse para ficar calada.

- O que vocês querem de mim? – Eu disse na ingênua esperança de que eles deixassem claro o que era exatamente essa encomenda.

- Você é bonitinha... – O homem ao meu lado disse de uma maneira meio suja. – Mas conversa demais. – Seus dedos correram pelos meus cabelos castanhos. – Fique calada que vai ser melhor para você.

Eu não tinha condições de contrariar esse tipo de exigência, afinal, ele estava armado, não eu. Então obedeci e fiquei calada observando os lugares inéditos, pelo menos para mim, pelos quais estávamos passando. Agora que eu resolvi ficar quieta e que saímos das avenidas mais movimentadas na cidade, eu era capaz de ouvir o ruído dos ratos futricando as latas de lixo e, também, um alto barulho de uma moto logo atrás de nós. Nem tudo é o que parece.



Fim do Capítulo 10.
Nota da Autora: Bom pessoas, esse capítulo ficou maior do que calculei mas tive que acrescentar uma parte 4 para que o título fizesse sentido, hehe. Espero que tenham gostado. Provavelmente o próximo capítulo sai no fim de semana que vem e espero muitos comentários porque eles me incentivam a escrever mais e mais rápido. Continuem repassando o blog aos amigos se não for pedir demais. Obrigada, mais uma vez, pelo apoio e beijos!

52 comentários:

Anônimo disse...

Caramba amei esse capitulo!!!!!!!!!!! Aliás todos... OMG!!! oq acontecerá com a Mel será que o barulho da moto que ela ouviu seria do Sam? Eu adoro o Sam... ele é tudo de bom. Meu Deus que essa semana voeeeeeeeee! pra ler o novo capitulo... Já comecei roer as unhas!!!

Serenissima :)

Anônimo disse...

Mel!

Cada vez melhor!!


Aiai!!

Kru jah o proximo!


Mirella!

Anônimo disse...

Meu Deus do Céu, eu acho q morri

todos os capitulos são ótimos, pq vc escreve mto bem, mas esse mexeu realmente comigo
Tive uma descarga de várias emoções

Quero mais, muito mais

camila* disse...

faço das palavras da Nah as minhas também
*-*

e ah, quanto mais comentário mais rápido tu escreve? vou mandar comentários de hora em hora :D HDUAODHUOASDHOA

Anônimo disse...

Ohh Meu Deus!!

Por favor, me diga que essa tal moto é do Sam e que ele foi salvar ela!!

Perfeita d+ sua história!

P.S. tive que brigar com o meu irmão, que queria entrar no pc, pra conseguir ler a parte 4. Se fosse preciso eu brigaria de novo hahaha

Anônimo disse...

Mel Parabéns ,
cada vez esta melhorando
mais e mais , estou morrendo
de curiosidade para vez o resto
e espero que essas semana passa voando
literalmente KKKKKKK'

By.: Hayetcha

Janira disse...

"Não grite mais alto que o meu coração"


QUE LINDOOOOO!!

Unknown disse...

"Não grite mais alto que o meu coração"

Simplesmente lindo *-* Eu preciso de mais.

Unknown disse...

oi Mel,

NÃO DEMORA PRA POSTAR, POR FAVOR!!!

fIQUEI TODO DIA ABRINDO PRA VER SE TINHA POSTADO...

EU AMOOOOO O SAM!!!

BJINHOS

Anamara disse...

Aaai o que será q vai aconteceeer?! nossa, até o final de semana q vem... xD
=****

Anamaria Cruz disse...

Eu chorei denovo, "Não grite mais alto que o meu coração", isso foi lindo, muito lindo, demais!

Mel, nossa, eu fico sem palavras pra dizer como essa história é perfeita e inspiradora. Parabéns, sério!

Eu to muito curiosa, posta logo ): é o sam, né?

Monick disse...

krak e de acelerar a pulsaçao!!
muito emocionante,todos os capitulos saum otimos,mas esse e um dos melhores!

christiny disse...

carak este capitulo foi maravilhso... mexeu completamente comigo, raiva, saudade, medo, tristeza, alegria, confusao, solidao ... carak neste me deu muita vontade chorar com td q aconteceu, me senti como c eu fosse a personagem e nao esperava msm aquilo do sam e apesar d ter ficado com odio ainda su apaixonada pelo personagemmm... ele e a mel sao maravilhosos...

inverso é TUDO D BOM...
carak a cada capitulo aparece algo q me surpriende e emociona...
ameiiiiiiiiiiiiii

Anônimo disse...

AAAAAAAAAAAA MEU DEUS ja disse q fico contando os dias pro fim demana so por causa dessa historia???
Nossa a parte do banheiro quase tive um treco Oo
E essa moto ser o Sam???



By CarolWinchester

Vivi disse...

"Não grite mais alto que o meu coração" aiiiiinnn que tudo!!!

Vivi disse...

Carol winchester, espero que seja o Sam *_____*

Mylena Furtado disse...

A moto é o Sam né? Esse tapa foi demais.
Inverso é demais, Sam é demais, Mel é demais. Você é demais.
CONTINUAAAAA !
(já que isso ajuda a postar mais rápido, tô louca pra ver a Mel e o Sam juntinhos denovo. E o Noah, já deu o que tinha que dar, já matou minha vontade de ciumes no Sam. kk')
amo muito tudo isso ♥
Beijoo Myh*

Drika disse...

Muiiitooooo bommmm, ameiii. Espero que o Sam pare logo esse carro e resgate a Mel. Muito Lindo esse capítulo!
Parabéns mais uma vez Mel!! E continua postando mais.
Beijosss!!!

Ju Fuzetto disse...

mellllllllllllll que agoniaaaaaaaaaaaaaaa....

espero que poste logo a outra parte....

Morrendo de curiosidade!

Parabéns Perfeito como sempre!

beijos

Anônimo disse...

Minha Gente!

se comentar ajudar a incentivar as postagens, vou escrever toda hora o quanto eu amo esta história e como eu estou LOUCA para ler o resto.

Amigas,
vamos fazer de tudo pra que não demore!!!!
é uma necessidade ter mais Mel e Sam.

Aproveitando não simpatizo com o Noah!!! Ele deve ser do mal!?

Ray disse...

Ai DÍOS, to sem palavras *------------*
Só no findi q vem? Nooooooo
Ah Mel, dá um desconto vai *0* é impossivel esperar 5 dias pra isso, eu vou estar morta até lá de taaaaaaaanta curiosidade...
Quero Mel e Sam juntos de nooooovo *--------*
Posta, Posta, Posta *0*

Lis :D disse...

Esse cáp foi TENSO , é o sam de moto né ? *---------------* tem q ser , esperando ansiosamente o próximo cáp ;p

Tainá disse...

Meeu esse livro vai ser um sucesso!
Mel tá lindo, parabéns.
eu quase chorei de dó do saam ;(
a frase dele de adeus foi profunda =/
não demora pra postaaar *-*

Andressa disse...

Puta que pariu!
O que eu faço com você?
Você escreve de uma maneira que nos faz ter reações diversas conforme o sentimendo da Mel. Nos faz chorar e rir, sentir raiva e afeto...
E expressa tão bem os sentimentos pelo qual muitas de nós, leitoras, passamos, como por exemplo o amor misturado com o ódio... A felicidade de ter alguém com que sempre sonhamos e a decepção depois de descobrir que não era bem como pensávamos. Tudo o que você escreve nos traz lembranças de nossas próprias histórias, o que nos identifica ainda mais com sua história.
Continue escrevendo, não pare... E por favor, posta logo a próxima parte, não aguento a espera.
E ja disse, quando o livro for publicado, quero autografado.
Beijos.

Anônimo disse...

Nhaiiiiiiiiiiiiii!!!


Qro o proximo capituloooo!!! urgente!!!


=P

Bjos!!

Anônimo disse...

Parabéns, sua história é maravilhosa!
Muito envolvente!!

Anônimo disse...

poooosta rapido please!

betina disse...

amo desde sempre ♥

Taciana disse...

precisa dizer q é lindo DEMAAAIS?

K3

Dandara disse...

não sei se quero a mel com o sam mais , é. eu não perdoaria :/

livia disse...

quero sempre os dois juntos ♥

Reni disse...

aaaaaaaaaaaaa o Sam vai salva-la....
eu os quero juntos de novo...

tb quero saber o q tem na encomenda!!!

aaaa amo a sua historia

Unknown disse...

minha nossa, não aguento +,

posta o prox capitulo!!!!!

OMG, não aguento de tanta ansiedade!!!!!

Bia disse...

ai meu jesuzinho azul, quero maaaais!!!

Unknown disse...

Inverso virou meu vício ♥

posta mais Mel *-*

Milly disse...

Maais mais!
ta muito bom!!

Quel disse...

MUITO emocionante!! Espero que seja o Sam!!!

Miriã. disse...

sempre sempre sempre...



AQUI no blog.
Quero esse livro publicado já!

Anônimo disse...

Odeio gentii imitona comu essa aí
Só ker imitar Crepusculo´
Nein comparaçao
Cai fora Carniça´ !
kkk

Anônimo disse...

Carniça
O~ caniça
Nunka vai ser sthepanie Meier
Nunka vai ser um livro como Crepusculo
Sua Abigobal
kkk

Anônimo disse...

essa minina ki fez o livro
E uma garota sem noçao do Karai
Carniça podre
Vai pru fundinhu do poço
Carniça

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk


Livro ruim du KARAI
Meu irmão !

Marilia disse...

Nossaaa, invejosa acima detectada.

Ainda posta em anônimo, tsc tsc tsc.
Covarde =D

Jéssica G. disse...

Coitada da pessoa que criticou ali em cimaaaa. Até parece que alguém quer imitar aquela BURRA da stephenie meyer HAHAHAHAHAHAHAHA

Crepúsculo, eita livro RUIM, dá vontade de vomitar.

Nina disse...

só uma coisa a dizer:

quem escreve em anonimo é COVARDE e outra: comentou só aqui no cap 10 pq nem leu o livro todo, neh qrida??

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

pra tu

Nina disse...

outra: duviduuu que consegue escrever uma historia tão boa ou pelo menos metade do Inverso!!


kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Anônimo TROXA.

Tô com a Mel sempre.

Melissaaaaaaa F disse...

Essa história é d+


bjinhos

Anônimo disse...

aah qe horror idiota , se não gosta sai daqui e nao comenta nao , só vai tar se humilhando e se fazendo de bobo e perdendo seu tempo TROUXA , se não gosta , ve se faz um melhor , ou pelo menos um terço do INVERSO , pq vs nao vai pra puta que pariu e para de ser tão sem noção , vem aqui só pra criticar uma obra tão legal e boa , vai te catar fi , e tipo , NUNCA NA VIDA QE ISSO PARECE COM O CREPÚSCULO , ESSE É SOBRE DIFERENTES PERSONALIDADES , ONDE VS TA VENDO VAMPIRO AQUI ? ONDE VS TA VENDO UMA COISA SEMELHANTE A CREPÚSCULO ? VAI PROCURAR ALGO QUE FAZER PQ SEU COMENTÁRIO NÃO VAI ADIANTAR NADA , A AUTORA AINDA VAI CONTINUAR O LIVRO VOC GOSTANDO OU NAÃO , E ELA TEM MUITOS FÃS , INTÃO SEU COMENTÁRIO NÃO É VÁLIDO PRA ELA , VTNC _|_ . MEL AAAAAAAAAAAAAAMEI :) Beeijo da Rê / Coloquei como anônimo pq minha conta do google ta com outro nome OIEAOIAEOIEA ' :D

July disse...

Concordo com o anônimo a cima

Anônimo disse...

o anonimo chama Renata :) / Beijo da Rê

Lorena disse...

aiin que desespero meu Deus, (:

Gabby Tx disse...

M-A-R-A-V-I-V-L-H-O-S-O MISTO QUENTE foi como eu fikei, o inicio foi muito massa com o Sam bravo, ui, e lindo o q ele disse "N grite mais alto q o meu coração", babei d+. M<uito bom msm , tanto q bateu o record d comentários sem falar nesse final emocionante. Tow mais curiosa ainda.
x.o.x.o.

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