segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Capítulo 10 – Nem tudo é o que parece (parte 3)

Não é que eu não tinha uma roupa adequada para a ocasião, o fato é que eu estava arrumando qualquer tipo de empecilho para desistir. Rebecca, é claro, não iria permitir que isso acontecesse. Ela tinha decidido ir para casa somente para buscar algumas coisas e voltar. Conhecendo-me como ela conhecia, era bem capaz de saber que, se ela não estivesse lá para me arrastar, eu não iria mesmo àquela festa.

Por ambos os motivos: meu humor estava afundado, sem contar a minha auto-estima. Era humilhante saber que um cara tão incrivelmente bonito achou como único atrativo em mim algo que nem estava em mim, um pacote que eu iria receber. Eu deveria ter desconfiado desde o início, quero dizer, olhe para mim, com a exceção da personalidade forte e o estranho gosto por desafiar os outros, eu não passava de uma garota comum. Além do fundo de poço em que eu me encontrava, o outro motivo óbvio pelo qual eu sentia vontade de socar o travesseiro a cada vez que eu pensava nele era o fato de que eu estava indo com o Noah. Não que fosse tão horrível assim porque o Noah era um cara legal. Sempre delicado comigo quando nos encontrávamos nas vezes em que eu ia de ônibus buscar a Sofia no Centro, me ajudou quando precisei de alguém para tomar conta dela para que eu pudesse sair com o Sam e, também, não perdia a chance de me convidar para sair a cada novo encontro.

Eu não era cega, muito menos burra. Não queria encarar esse problema agora, mas eu sabia que esse tratamento carinhoso não tinha nada a ver com o fato de que eu era irmã da Sofie. Aliás, se essas duas coisas tivessem qualquer relação, era mais compreensível que ele me destratasse já que Sofia fazia questão de ser o mais intragável que podia e enfatizava, quantas vezes fosse preciso, que era intelectualmente superior e que ele deverias voltar para a quarta série se não conseguisse resolver um simples algoritmo determinístico.

Como minha irmã era a criança de treze anos mais destrutiva (para não dizer malvada) quando apontava erros e falhas alheias friamente, não era de se assombrar que, se o Noah tinha paciência para cuidar dela quando eu precisava sair e ainda se oferecia satisfeito para essa tarefa, era porque havia outro motivo. E a insistência ao me chamar para sair mostrava que, talvez, ele estivesse interessado mesmo em mim. Ninguém atura a Sofie porque gosta de aturar a Sofie. Fato.

Isso estava me preocupando. O raciocínio não era complexo: eu não queria fazer com o Noah o que o Sam fez comigo. Quero dizer, ir a essa festa com ele poderia dar a impressão, de alguma maneira, que eu estava lhe dando uma chance quando, na verdade, não havia chance alguma. E era, simplesmente, desumano insinuar algo que não existia. Foi o que o Sam fez.

Por vários dias, eu acreditei que ele fosse a minha “pessoa”. Tenho a teoria de que cada pessoa neste mundo nasce destinada à alguém. Alguém que a faça feliz e alguém para se fazer feliz. Talvez o par esteja longe e nem saiba que existe alguém à sua espera, mas não importa. O dia desse encontro será o dia da trilha para a felicidade eterna. E qual seria o sentido da vida se não a própria vida e a felicidade de cada individuo? Ser feliz e fazer os outros felizes me soava um motivo muito razoável para a existência nos meus momentos de depressão. E eu, realmente, estava iludida pela idéia de que Sam fosse a minha “pessoa” e, em momento algum, ele tentou me fazer acreditar o contrário. Era mais interessante para ele que eu acreditasse no que ele dizia, nas histórias que ele inventava, no perigo invisível e inexistente do qual ele me protegia. Ele me iludiu e me exterminou com a posterior verdade; eu não faria o mesmo com o Noah.

Esses tipos de pensamentos rodavam na minha cabeça enquanto eu tomava um banho que deveria ser rápido já que essa festa saíra totalmente dos meus planos de passar a noite tentando montar um cubo mágico. Ás vezes, eu sentia que a onda do sofrimento estava voltando, então me concentrava no xampu de frutos dói mar ou no que deveria ter na festa.

Era uma boa maneira de distração, confesso. Além de, é claro, parecer muito menos deprimente e deplorável que montar um cubo mágico sozinha e no escuro com ocasionais choros de minuto. A verdade era essa, eu tentava evitar o choro e, em grande parte do tempo, funcionava, mas quando a onda voltava e batia para valer, era inevitável. Então eu deixava as lágrimas virem, inundarem a praia juntamente com a frustração, a melancolia e o desespero. Eu permitia que tudo viesse mais uma vez, incluindo os flashes de memória que me davam a sensação destrutiva de estar vivenciando tudo de novo. Por fim, eu contava até dez e, por esses dez segundos, admitia que qualquer sentimento me habitasse, mas, ao chegar ao número dez, era forte o bastante para fazer tudo parar. As lágrimas secavam, os sentimentos iam embora. Era o que eu gostava de chamar de sofrimento silencioso e restrito. Então eu estaria anestesiada e insensibilizada... esperando a próxima onda chegar.

O cheiro doce do xampu me acordou dessas reflexões. Eu deveria estar agilizando o processo e não filosofando no banheiro. Eu não estava planejando essa festa formal, então eu ficara apenas com a tarefa de me arrumar o quanto pudesse que Rebecca cuidaria das outras coisas, tais como vestidos, enfeites, sapatos, etc...

É claro que eu não queria tirar proveito da minha melhor amiga, mas ela insistiu que não havia problema nenhum e que tínhamos praticamente as mesmas medidas e que eu estava era tentando desistir e que ela não iria deixar. Tudo isso me deixou tonta a ponto de dizer que estava tudo bem. Ultimamente, eu não encontrava forças para contrariar as pessoas como eu costumava fazer. E, bom, pensando mais um pouco, era interessante saber que eu iria ficar ocupada demais para tentar ficar ocupada demais quando eu não tinha mais nada para fazer além de me lamentar. Digo, desta vez, eu não precisaria inventar o que fazer (chegando, às vezes, ao ponto de jogar xadrez contra mim mesma) porque eu teria, realmente, o que fazer. Isso era reconfortante, já que eu nunca pensei que ficaria desta maneira pó causa de um cara.

Bom, eu somente sentia vergonha e me achava ridícula às vezes por estar assim por causa de alguém que nunca foi sincero com relação ao que sentia por mim. Quão patética eu era? A pobre Melzinha iludida, enganada e apaixonada por um homem de personalidade dupla, um assassino durante à noite. Era isso, eu era patética. Tinha me deixado arruinar por essa pessoa e, agora, passava o tempo como uma morta-viva, sem falar, sorrir ou demonstrar emoções na companhia alheia e, quando ficava sozinha, chorava por alguém que sequer me considerou alguma vez. Eu era uma ridícula sofrendo por um homem que quis me matar. Sorri amarelo.

Ainda enrolada na toalha, sequei bem as mãos e o corpo e comecei a ajeitar os cabelos usando um secador. Era incrível como aquele xampu aumentava a auto-estima de qualquer garota. Os cachos de cabelo castanho mel caíam sobre meus ombros de maneira aveludada e brilhante. Os fios não mais subiam e arrepiavam-se no topo da cabeça com o desleixo de sempre. Não é que meu cabelo fosse geralmente feio, o problema é que eu não tinha lá muita paciência para tratá-lo todos os dias com centenas de cremes com cheiro de fruta. Quando eu estava com o Sam, eu ainda me esforçava para melhorar a aparência, mas sem muito exagero. Já, nos últimos dias, depois da separação, a última coisa com a qual eu me importara fora a estética. Hoje, já que eu já estava quebrando a primeira fase da solidão ao ir à essa festa, decidi fazer algo por mim. Por esse motivo, arrumei os cabelos, as sobrancelhas, as unhas e até tentei passar um pouco de maquiagem. Eu queria me ver bonita e forte novamente, como se nenhum homem jamais tivesse me destruído.

Rebecca não tardou a chegar pouco depois do pôr-do-sol carregando aquele monte de sacolas e caixas. Ela tomara banho em casa, mas deixou para arrumar-se no apartamento. Como ela dormiria em minha casa naquela noite, também trouxe as coisas que precisaria, como escova de dente e pijama.

- Vamos repassar o plano de novo. – Falei decidida cortando o silêncio e andando pelo meu quarto cheio de coisas espalhadas.

Aquele vestido estava me incomodando. Além de ter um decote maior do que o esperado – que Rebecca justificou dizendo que era mais alta que eu alguns centímetros – ainda era muito justo e prendia demais o andar. Eu tinha que levantar um pouco o pano para me movimentar de maneira frenética pelo quarto amplo enquanto Rebecca enchia o rosto de blush para ficar artificialmente mais corada.

- Outra vez? – Ela perguntou impaciente mirando-me através do grande espelho pregado na parede.

- Sim, já disse. Nada pode dar errado.

- Você está levando isso à sério demais.

- Não estou. – Contrariei. – Só não quero ficar sozinha com o Noah.

- Se ele vier para cima, você diz que não e pronto. – Ela deu de ombros despreocupada e continuou a usar o pincel grande para rosar as bochechas. Isso ativou a parte do meu raciocínio que lia os pensamentos dela.

- Você está planejando me deixar sozinha! – Esganicei e apontei o dedo indicador na direção dela. Apressei o passo que dava voltas pelo quarto.

- Bom – ela rolou os olhos, nos quais, agora, estava passando um delineador grosso e preto – você sabe que é a primeira vez que Lean e eu temos um encontro. – Ela suspirou de sinceridade.

- Sem ele saber que é um encontro? – Perguntei com um pouquinho de malícia.

- Você acha que ele ainda não entendeu? – Ela perguntou se decepcionando um pouco.

- Claro que não. Durante cinco anos você fugiu mais dele que vampiro foge de alho. – Lembrei-a.

- Eu tinha a razão! – Rebecca salientou com convicção.

- Você sabe que eu amo você e que sempre estarei lá quando você precisar, mas isso não significa que tenho que concordar com tudo o que você faz. – Eu respondi com sinceridade e delicadeza.

Ser amigo, a meu ver, não é apoiar o outro em tudo. Essa tarefa é fácil demais. Amigos são aqueles que percebem seus erros e tentam te ajudar a fazer a coisa certa. Dizer que a conduta de Rebecca com relação ao Lean, meu melhor amigo homem, fora correta era ser complacente com a injustiça.

- O que você quer dizer? – Sua voz tremeu ao fazer essa pergunta.

- Que não foi certo o que você fez com ele. – Eu percebi que ela iria abrir a boca para contestar e completei – o que? Você acha que foi legal evitá-lo e maltratá-lo durante todos esses anos só porque ele é diferente?

- Diferente? Mel! – Ela exclamou em tom de espanto e até largou o espelho e virou-se para me encarar. – Ele era um esquisito. Vestia aquelas roupas largas e esportivas, tênis grandes e sem cadarço, ouvia aquela música estranha com batidas de mau gosto e tinha cada amigo com mais cara de marginal que o outro.

Franzi as sobrancelhas recém-feitas e fitei-a incrédula.

- Ele ainda faz todas essas coisas!

Lean era uma das poucas pessoas naquele colégio que, assim como eu, se recusavam a ser outro levado pela grande massa. Não que eu julgue os outros pelas escolhas que fazem, cada um é como quer ser e pronto. O grande exemplo disso era Rebecca: ela era o modelo de garota patricinha naquele colégio e, mesmo assim, era minha melhor amiga. No fundo, era uma boa pessoa. O problema é que quando praticamente todos querem se vestir da mesma maneira, ouvir as músicas “da onda”, gostar do mesmo tipo de pessoa e agir de jeitos iguais ou parecidos aquilo se torna monótono e comum demais. Então as raras pessoas que fogem à regras parecem ser tão mais interessantes (apesar se serem excluídas pela maioria). Foi o que me chamou a atenção no Lean.

Ele, ao contrário de muitos outros, não se importava com o dinheiro ou bens que as pessoas tinham, não queria ser o grande e popular garoto artilheiro do time de futebol do colégio, não estava nem aí se as roupas que vestia eram dessa ou da estação passada. Não era esnobe, nem falso, nem especial e muito menos o garoto modelo. Ao contrário, era desastrado, polêmico, desleixado e o típico “mau elemento” que toda mãe de alta classe sonha que fique longe de sua filhinha.

E era um grande amigo. Sempre dedicado e disposto a ajudar nas horas em que se precisava dele. A Rebecca é que não soube perceber isso. Ela era aquela loira bonita e delicada com um corpão e uma coroa na cabeça fazendo um discurso no baile da formatura. Aquela que algumas invejavam e outras tentavam imitar ou até imaginar como seriam a vida se fossem daquela maneira.

Então ela nunca entendeu porque meu melhor amigo era alguém tão “alternativo” quanto o Lean. Sempre o tachara de drogado, tinha medo dele e das pessoas com quem andava, sempre fora mal educada, ignorante e impaciente com ele. Além de, é claro, criticar tudo o que podia, desde a escolha de suas roupas, o cabelo arrepiado ou até a música que ouvia. Agora, por ironia do destino, ele era o cara que a estava deixando louca. Nunca vi Rebecca se esforçar tanto por alguém.

- O que mudou foi a sua maneira de vê-lo. Ele ainda é o mesmo. – Sentei-me na minha cama e resolvi ficar quieta.

- Você acha que ele ainda não me perdoou?

- Ele é uma boa pessoa. Mesmo percebendo a sua maneira de tratá-lo, sempre foi gentil com você. Acho que ele pensou que era seu jeito de ser.

- Então ele não entendeu o lance do encontro.

- E talvez nem entenderá. – Completei com sinceridade. Sei que posso ter sido dura demais ao falar tais coisas à Rebecca, mas ela precisava parar de pensar que o que ela fez foi justo e correto. O primeiro passo para consertar as coisas é assumir os próprios erros. – Ele nem está entendendo suas últimas atitudes.

- Quais? – Ela perguntou como se não fizesse idéia do que eu estava falando.

- Hum... Passar a ser boazinha demais com ele e cuidar dele com um lencinho e, dias depois, tornar-se ainda mais intragável com ele? Ninguém agüenta tantas mudanças repentinas de humor. Ele deve achar que você enlouqueceu.

- Eu era assim tão má com ele? – Ela perguntou, finalmente, caindo na real.

- Super. – Suspirei e comecei a balançar os pés, a ansiedade não estava me deixando ficar parada. – Mas nada que não possa ser remediado. – Tentei sorrir com sinceridade.

- Não vou sair de perto de você. – Ela respondeu pensativa.

- Obrigada.

Era bem mais reconfortante saber que eu não precisaria unir forças para pensar em alguma coisa para dizer ao Noah caso ele tentasse se aproximar demais. Aos poucos, eu iria recuperar a velha Mel, aquela que não se deixa abater facilmente e que não tem medo de falar o que pensa.

- Ele vai vir nos buscar? – Perguntei temerosa. Rebecca fez questão de falar com o Noah na segunda vez que ele ligou para combinar os detalhes, ela sabia que se me deixasse falar com ele, eu diria que não iria mais.

- Ele queria mesmo vir, mas eu insisti que pegaríamos um táxi.

- Ótimo.

Eu estava tentando evitar os momentos constrangedores. Rebecca, Noah e eu formalmente vestidos e dentro de um carro olhando uns para a cara dos outros não me parecia uma situação muito descontraída.

- Falei que nos encontraríamos às nove no local.

- Certo. – Levantei-me para mirar-me no espelho. Eu estava muito diferente. – Precisa mesmo desse vestido?

- Claro! – Ela parou novamente de se maquiar e olhou para mim. – Você está linda. O que fez com o cabelo? E o vestido vermelho violeta combinou mais com você que comigo.

- Obrigada. – Dei um sorriso tímido. Era fato que aquela roupa não me agradava. – Você também está linda.

Esse era outro fato. Rebecca comprara um vestido dourado bordado com pedrinhas brilhantes. A vestimenta lhe cabia perfeitamente e realçava a cor e o brilho dos seus cabelos loiros.

- Você não já se maquiou o bastante? – Perguntei impaciente.

- Não. – Ela respondeu com simplicidade e voltou a separar os cílios com um alfinete. – Enquanto eu termino vai me contando... Por que você e o Sam terminaram?

- Disparidade de interesses. – Respondi apenas. Ela só não saberia que o “conflito de interesses” em questão deixava implícito que Sam me queria morta e eu não.

- Hum. – Ela respondeu percebendo que eu não queria dar muitos detalhes. – Espero que resolvam isso logo. Vocês fazem um casal tão bonitinho. E ele é super malhado.

- Becca...

- Que foi? Ele é!



Os arredores do salão estavam lotados. Um grande número de pessoas estava formando aglomerações na porta do local para poder ver e fotografar Paola Lince de perto. A julgar pela excitação dos jornalistas que estavam lá, ela ainda não havia chegado. Reconheci minha mãe junto com os outros de sua equipe, ela nem avisara que estaria lá, já estava esperando que Sofia e eu entendêssemos que estaria trabalhando no sábado à noite. Eu não me surpreendi muito, sabia que ela iria demorar a voltar para casa então deixei Sofia com a Dona Gertrudes. Ela reclamou até o momento em que pisou no apartamento vizinho, mas eu sabia que iria reclamar mais assim que eu a buscasse lá.

No meio daquele monte de gente, encontramos o Lean. Ele, visivelmente, se esforçara para vestir uma roupa formal, mas era inegável seu estilo “surf e hip hop”. A roupa estava quase formal para alívio de Rebecca, mas o cabelo continuava bagunçado e espetado como sempre. Agora que eu fui reparar, era verdade quando Rebecca dizia que o basquete estava fazendo bem a ele, no sentido físico, digo... Mas tentei não pensar muito nessas coisas sobre meu melhor amigo.

- Você está legal. – Ele disse pra ela enquanto mascava um chiclete com cheiro de tutti frutti.

Rebecca olhou para mim extremamente insatisfeita com esse comentário. Tenho certeza que ela esperava “divina”, “maravilhosa”, “linda”, mas não “legal”.

- Como está a nossa Mel? – Ele perguntou bondosamente para mim e me abraçou. – Está melhor? Ouvi rumores de que você estava com uma doença fatal e contagiosa.

- Você sabe como não se pode acreditar em tudo o que se diz... – Respondi sorrindo. Eu não estava melhor, mas me sentia assim quando estava próxima dos meus dois amigos.

- Tive um incidente com o sapato. – Ele riu animadamente. – Coloquei-os na sacada para pegar um sol porque eu nunca uso e um deles caiu na sacada do vizinho, sete andares abaixo.

- Que falta de sorte! – Exclamei animada. Rebecca estava pensando no que dizer. Ela não estava acostumada a tentar encontros com caras que não sabiam que estavam em um encontro, muito menos com caras que não se jogavam humilhantemente aos seus pés.

- Meus pais conseguiram alguns convites também. Eles têm influência nessas paradinhas de moda. – Rebecca não ficou nada contente ao ouvir isso, “paradinhas de moda” não eram as palavras que definiam qualquer coisa no vocabulário dela. Sem contar que ela tinha um desgosto tremendo ao saber que Lean era cheio de dinheiro, mas gostava de zombar dele e de formalidades que ele trazia. – Eles não ficaram contentes, mas eu pedi para trazer a rapazeada do racha. Só que ninguém quis vir depois que soube que tinha que se vestir assim. – Riu novamente da própria história, tinha um sorriso muito bonito.

Rebecca arregalou os olhos de espanto quando pensou na possibilidade dos amigos que o Lean tinha nos “rachas” de carro vindo ao seu “encontro de um só”. Lean, definitivamente, não estava sabendo que aquilo deveria ser um encontro. Não mesmo.

- Mel, o que você fez no cabelo? – Ele perguntou tentando puxar assunto. Era muito comunicativo.

- Hum... Usei um xampu estranho.

- Está diferente. – Ele deu de ombros. – Está parecendo o cabelo daquelas garotas do colégio que freqüentam o shopping todos os dias. – Sorriu com sinceridade. Rebecca se sentiu ofendida.

- Perdão? – Ela falou em um tom alto e ríspido.

A minha sorte foi que nessa hora, avistei o Noah observando a multidão, provavelmente nos procurando. Da mesma maneira que não queria ficar sozinha com ele, também não queria presenciar outra briga boba entre Rebecca e Lean, então avancei alguns passos e acenei para ele. Não demorou muito até que ele repousasse o olhar sobre mim e viesse na minha direção sorrindo.

- Você está esplêndida.

- Obrigada.

- Realmente deslumbrante. – Ele sorriu com cortesia e estendeu a mão para que ele me conduzisse até a entrada.

Olhei para trás e encarei meus amigos ainda discutindo entre as outras pessoas paradas próximas á entrada do salão. Em um momento, Rebecca percebeu que eu já havia encontrado o meu par, segurou Lean pelo braço e saiu puxando-o entre a multidão como se ele estivesse em seu comando, nos seguindo.

O salão é que estava deslumbrante. Uma decoração usando tons pastel misturado com cores vivas e quentes, como vermelho ou alaranjado. Várias mesas redondas com toalhas quase douradas estavam dispostas próximas à parede, contendo talheres, copos, taças e pratos de todos os tipos e tamanhos. No centro do local, havia uma passarela bem iluminada e destacada e, ao fundo, ouvia-se uma música doce e suave ressonando pelo local.

Ao que me parecia, havia dois ambientes, pois um grande portal metálico separava o salão quieto e chique de outro que parecia mais escuro e agitado, uma espécie de danceteria. Neste, luzes fluorescentes passavam pela pista, mas só poderia ver mais detalhes, quando estivesse nele. O primeiro salão era, provavelmente, para os mais velhos que gostavam de discutir política e negócios em festas como essa.

Passamos os quatro por uma fonte grande cujo centro estava sendo ocupado por uma estátua bonita de uma mulher sem rosto, mas de corpo bem delineado, como o de uma modelo. Outras fontes iguais, mas em miniatura, estavam dispersas pelo lugar jorrando água colorida.

Garçons bem uniformizados serviam os convidados com diversos tipos de bebida para todos os gostos, desde água mineral até vinho tinto. Na mesa de frios próxima ao grande palco tinham todos os tipos de queijo, salada e coisas que eu nem sabia identificar o que era. As cortinas e panos de seda fechavam a decoração do salão, que estava perfeitamente preparado e iluminado.

- Está tudo tão lindo. – Rebecca exclamou ao sentar-se.

- Verdade. – Concordei enquanto Noah puxava uma cadeira para que eu pudesse me sentar. Em seguida, ele também se sentou ao meu lado.

- É. Está legal. – Lean respondeu.

Rebecca cruzou os braços.

- Noah, estes são Rebecca e Lean. – Lembrei finalmente de fazer a apresentação. Minha amiga pareceu ficar menos carrancuda diante da apresentação.

- Prazer. – Ela disse sorrindo e piscando os olhos de cílios longos e bem ajeitados. – Sofia sempre fala sobre você.

Ele riu silenciosamente.

- Nada bom, aposto.

Rebecca ficou mais corada que o blush.

- Nós temos alguns conflitos de interesses.

Ela quase abriu a boca para comentar que eu e o Sam também, mas percebeu meu olhar de censura.

- Ela é muito inteligente.

- É sim. – Ele concordou cordialmente.

- Noah também é inteligente. – Comentei sem me dar conta de que eu estava fazendo um elogio. Eu tinha planejado não dar a entender que eu queria algo a mais, porque eu não queria. – Ele é tão jovem quanto a gente e já faz faculdade.

- Quarto período. – Completou orgulhoso. – Sempre me interessei pela área de tecnologia.

- Eu odeio física e química. – Rebecca respondeu fazendo um gesto engraçado com uma das mãos.

Eles conversaram animadamente por vários minutos. Noah era realmente agradável, sabia dizer à Rebecca exatamente o que ela queria ouvir, além de ser perito em variados assuntos, incluindo moda, viagens, celebridades, cinema, aventuras, entre outros. Tinha muitas histórias engraçadas e interessantes para contar sobre as coisas que já fez e os lugares que já visitou.

- Então ele me perguntou: você viu a múmia? E eu respondi: claro! Ela cantou para mim durante horas! – E o desfecho de sua viagem ao Egito fez Rebecca rir alto.

Eu sorri também. Não estava realmente prestando atenção. Não é que eu não valorizava uma companhia que sabia conversar e entreter tão bem, o problema é que eu não estava mesmo interessada e nem sabia como intervir. Vez ou outra, eu falava algo como “ah” ou “sei”, mas meu humor não estava cooperando comigo para desenvolver mais o diálogo.

Outro que também não estava muito ativo na conversa era Lean. Estava claro pela sua expressão facial que ele estava entediado. Tenho até a impressão de tê-lo visto bocejando. Ele estava se sentindo um pássaro selvagem na jaula. Não sabia o que dizer ou fazer naquele local tão cheio de frescuras.

Eu também não estava muito à vontade, então comecei a reparar em volta. Percebi, por exemplo, que o Noah estava realmente bonito. Usando um terno escuro com uma gravata cor vinho. Nas palavras da Rebecca, ele não era tão “malhado” quanto o Sam, mas tinha um corpo bem definido. Os cabelos louros em cachos foram cuidadosamente arrumados e era incrível como os olhos eram tão dourados, quase a mesma cor. Se eu estivesse em condições de pensar em pares românticos naquele momento, definitivamente o consideraria. Além de ser bonito, também era inteligente e cortês.

Também observei outras pessoas no mesmo salão. Uma mulher robusta e bem vestida estava servindo dois pratos no Buffet de frios e, quando chegava à mesa na qual estava sentada, fingia que um deles pertencia ao marido, que nem olhava para o prato e continuava conversando com outro homem idoso de terno. Algumas jovens com vestidos mais curtos e exuberantes atravessaram o salão conversando e rindo e entraram no segundo ambiente. A música lá deveria estar bem alta, mas era abafada pelas paredes acústicas. Outros convidados mais velhos, todos bem vestidos, dialogavam em pé com tranqüilidade e leveza na sala ampla. Foi só então que o percebi ali.

Usando um smoking preto e segurando um copo de uísque vestindo luvas de couro brancas, Sam estava em pé, perto da entrada, conversando com dois outros cavalheiros de idade mais avançada. Sua boca carnuda se movia enquanto falava, mas seus olhos de um verde intenso não miravam as pessoas com as quais estava falando. Praticamente na minha direção, mas do lado contrário do ambiente, ele me encarava com certa raiva.

Eu não havia percebido sua presença ali, mas, agora que me dera conta de que ele estava me olhando, não pude parar de fitá-lo insistentemente. Acho que não o reconheci antes por causa da roupa. Nunca o vira vestido daquela forma, não o meu Sam. Ele sempre usava calças largas e camisetas pretas com símbolos das bandas que gostava. Só o cabelo preto e rebelde continuava o mesmo, bagunçado como se ele tivesse acabado de lavar o cabelo e então tivesse balançado a cabeça de um lado para o outro. E como estava bonito...

Ele já tinha uma beleza bem acima da média quando vestia as roupas sem se importar muito com o que estava vestindo, agora que estava formal, o charme parecia ser muito maior. O smoking estava até um pouco estufado por causa dos músculos que tinha e, por ser preto, assim como o cabelo, o verde que eu tanto odiava ficava ainda mais ressaltado. Ele percebeu que eu, finalmente, tinha reparado em sua presença ali, então levou o copo de uísque à boca e sustentou o olhar.

Eu fiquei meio louca. Aliás, fiquei completamente louca. Não esperava encontrá-lo ali e nem sabia se ele estivera me seguindo ou não. Talvez fosse só coincidência, uma coincidência cruel. É claro que eu ainda estava profundamente magoada e raivosa com o que ele havia feito, mas meu corpo pareceu não lembrar-se disso.

Era quase como oferecer um gole de absinto para alguém que estivesse tentando sair da recuperação. Você sabe que não quer, sabe que não é bom, sabe que aquilo te fere, mas o desejo é mais forte. Então eu encarei seus lábios molhados de uísque, lembrei-me dos momentos em que eu os tinha grudados nos meus. Do quanto eu adoraria puxar seus cabelos durante um beijo outra vez, o quanto queria tirar aquela gravata... Não!

Fechei os olhos e tentei me concentrar. Eu sabia que ele estava tentando me atiçar, me atingir usando aquele olhar fatal. Eu também tinha a certeza de que ele estava se queimando de raiva por dentro por ter me visto como par do Noah. Sam sempre teve ciúmes dele. E, sendo uma pessoa de gênio difícil como eu sou, é claro que, depois do choque inicial, a primeira coisa que fiz foi colocar um sorriso no rosto e entrar na conversa, rindo, como se estivesse feliz como nunca estive antes. Ainda fiz questão de tocar ocasionalmente o braço no Noah a cada vez que ria de uma nova história que ele estava contando.

Eu não estava raciocinando com clareza. O fato é que eu somente sabia e percebia que aqueles meus gestos atingiam-no de alguma maneira, então eu continuava a sorrir para o Noah. Só realmente me dei conta do que eu estava fazendo, quando ele segurou a minha mão que estava em repouso sobre a mesa. Então eu vi que a maneira como eu agi não foi nada legal. Acabei fazendo o que eu havia dito que não faria, no caso, dar esperanças falsas a alguém que não tinha uma chance real. Certo, talvez se eu nunca tivesse conhecido o Sam, se nunca tivéssemos tido nada, se eu nunca tivesse me sentido como senti quando estava com ele, talvez então o Noah seria minha única fonte de atenção naquela noite, mas não era. Eu me senti suja quando percebi que estava apenas usando-o para ferir outra pessoa.

- Ilustríssimos convidados, gostaríamos de informar que teríamos uma apresentação especial de violoncelo pelo senhor Samuel Trent, contudo, infelizmente, ele sofreu um incidente de queimadura em uma das mãos e não estará apto a se apresentar. – Uma voz masculina comunicou aos convidados mais de uma hora depois que chegamos. – Fiquem, agora, com o desfile da nova coleção feita exclusivamente pela senhorita Paola Lince.

Todas as luzes se apagaram, com exceção daquelas que iluminavam a passarela no centro do salão. Modelos bonitas, magras e bem vestidas passaram por nós com aquele esplendor típico de um desfile. Noah segurou minha mão durante todo o desfile e só soltou quando as luzes reacenderam-se e Paola Lince apareceu no palco, sorrindo com elegância. Então todos a aplaudiram com vigor.

Rebecca aproveitou a oportunidade para chamar-nos para o outro salão, pensando, certamente, que isso evitaria que o Noah agarrasse minha mão novamente. Não adiantou muito, ele se levantou com leveza e, cortês, afastou minha cadeira e estendeu-me a mão para que o acompanhasse. Seria no mínimo mal educado de minha parte se eu não correspondesse, então segurei-lhe a mão e segui-lhe pelo portal.

Antes do outro salão, havia um hall, foi a sala mal iluminada que eu vi no momento em que entrei. Rebecca e Lean foram à frente, seguidos por Noah e eu. Nesse cômodo, havia alguns sofazinhos vermelhos encostados na parede e tapetes de cor escura dispostos pelo chão. Vários jovens estavam se agarrando sem qualquer pudor naqueles móveis estofados, nem pareciam notar que estavam em um lugar repleto de gente.

Adentramos o salão do lado oposto. Estava quase exatamente como eu havia imaginado que estaria. Música muito alta com batidas rápidas, luzes fluorescentes como na sala anterior, globos de espelhos espalhados pelo lugar dando a impressão de que minúsculos cristais banhavam toda a sala e dezenas de bares temáticos onde se postavam bartenders que misturavam bebidas coloridas. Reconheci algumas das modelos do desfile já dançando no meio da pista sem se incomodar se os outros estavam prestando ou não atenção.

No mesmo ambiente, outras pessoas anônimas já tinham perdido a compostura e se agarravam umas às outras ou dançavam de maneira exuberante. Para quem estava vendo, obviamente, não era algo nada bonito. Beber demais até perder completamente o controle de si mesmo e fazer coisas das quais se arrependeria no dia seguinte não é uma coisa muito legal. Rebecca pareceu ter entendido isso. Ou não, na verdade, mal desgrudei os olhos dela e ela já estava no barzinho mais próximo pedindo uma bebida azulada. Ela havia dito que aprendera a se controlar, iria dar à ela essa chance ou, apenas, eu estava ocupada demais com um garoto segurando a minha mão que não pude regular minha amiga.

Noah me conduziu a um cantinho ainda mais escuro em que tinha uma mesinha pequena e quadrada próxima a um sofá encaixado entre os cantos de duas paredes. Ele, em momento algum, tentou me agarrar ou passar a mão em lugares em que tinha grandes chances de levar um soco, mas colocou o braço livre sobre meus ombros e continuou a segurar minhas mãos de maneira casual como se fizesse aquilo todos os dias. Eu não sabia bem o que dizer e, como Rebecca havia aparentemente quebrado a promessa de não me deixar sozinha, eu queria evitar que o clima afundasse. Quero dizer, pior que estar em uma festa com um quase desconhecido segurando a sua mão no escuro, é estar com ele no escuro com aquele silêncio constrangedor. Não que isso significasse, de alguma maneira, que eu hesitaria ao esclarecer bem as coisas no primeiro sinal de que ele estava passando dos limites. Ele não fez isso.

Ficamos parados e quase abraçados naquele lugar por muito tempo. Minha mente era a que não conseguia ficar quieta. Além das diversas maneiras criativas de matar a Rebecca quando ela finalmente me achasse ali, também não conseguia esquecer que o Sam estava na festa. Ele me seguiu com aqueles olhos furiosos durante todo o tempo em que ficamos no salão iluminado. Vigiava cada movimento, não desviava o olhar e quase nem piscava, era quase como um gato noturno de olhos brilhantes observando o pássaro no poleiro. Sam tinha, realmente, a expressão de quem poderia me atacar a qualquer momento, mas, ao mesmo tempo, me jogava olhares significativos de censura e voracidade.

A parte que mais chegava próxima de ser chamada de “boa” é o fato de que, pelo menos, eu tinha a certeza de que ele não viera ali para me seguir. É claro que, pensar dessa forma, seria deveras prepotente de minha parte porque não posso passar a imaginar que, tudo o que ele faz de agora em diante, é por minha causa. O que me deixava mais preocupada é que eu não sabia se poderia confiar em suas palavras de que havia desistido do seu plano frio então, mesmo que eu tentasse, não conseguia evitar a desconfiança.

Outro fator que estava me deixando irritada comigo mesma era o de que eu me sentia, agora, ainda mais ridícula e tola porque, embora tentasse com muita força, não conseguia impedir minha preocupação com a queimadura a qual o locutor do desfile se referia. Digo, Sam nunca soube cozinhar um ovo sequer, como foi queimar a mão? Será que tinha se machucado muito? Será que passou algum remédio? Ou seria essa apenas outra mentira para livrá-lo da apresentação de violoncelo? Como eu era estúpida, me importando com alguém que, um dia, planejou me matar. Se eu continuar seguindo essa reta, posso até ganhar algum prêmio da imbecilidade ou sei lá.

- Quer uma bebida? Posso pegar para você. – Noah perguntou educadamente percebendo que eu estava meio aérea e que nem mais me dava conta de onde ou com quem eu estava.

- Que? – Respondi por impulso, eu não estava mesmo prestando atenção no que ele estava fazendo. – Ah, eu não bebo.

- Posso pegar suco... – Ele ofereceu novamente tentando agradar.

- Não, não... Não estou com sede, não se incomode. – Eu falei mais alto tentando quebrar a barreira da música alta. – Acho que estou precisando molhar um pouco o rosto. Estou meio tonta.

- Está passando mal? – Ele perguntou levantando-se junto comigo e parecendo preocupado de verdade.

- Não, estou legal. Já volto.

Passei por alguns grupos de pessoas que estavam se divertindo no meio do salão e tentei avistar a Rebecca, mas aquele local estava mesmo muito escuro e a fumaça não ajudava em nada. Talvez ela tenha tentado me localizar depois de ter buscado algo para beber, contudo era bem provável que não tinha conseguido me ver naquele cantinho.

Com algum custo, consegui ultrapassar todos os obstáculos de aglomeração de pessoas que insistiam em ficar no caminho e cheguei novamente ao hall. Nesta perspectiva, estava mais claro já que eu acabara de sair de uma sala muito mais escura. Com facilidade, vislumbrei uma escadaria de mármore que levava ao banheiro feminino.

Comecei a subir os degraus pensando no que eu faria quando voltasse. Não queria fingir interesse no Noah e todo aquele negócio das mãos estava começando a me irritar, sem contar a música alta, o Sam, aquele monte de gente, Rebecca e Lean sumidos... Tudo isso estava mesmo me deixando tonta, para não mencionar a dor de cabeça.

Deparei-me com o aposento grande, brilhante e bem iluminado. Eu poderia até ver meu reflexo no chão de granito escuro se quisesse. As pias de torneiras douradas e feitas de uma rocha também reluzente, mas de cor clara, davam certa harmonia ao lugar. E aquele cheio perfumado melhorava ainda mais a impressão de limpeza e perfeição.

Coloquei minha bolsa em cima do balcão de pedra e cruzei o banheiro impecável para que eu pudesse molhar um pouco a testa. Não sabia se funcionaria de verdade, mas me pareceu uma boa idéia. Caso não adiantasse, sair da danceteria por alguns minutos já fora uma boa idéia de qualquer forma.

A água fria tocou a minha face com espécie de alívio. Não me importei de ter molhado um pouco a minha franja, meus cabelos não eram tão rebeldes assim. O importante foi que me senti pouco melhor depois de ter respirado sozinha. Às vezes até poderia parecer que eu gostava do isolamento e, talvez, fosse isso mesmo. Nas condições em que eu estava, era difícil tolerar horas ininterruptas com outras pessoas, tentando parecer contente e me segurando para não ser rude com alguém que só quis segurar a minha mão sem saber, realmente, nada do que estava acontecendo. Noah não tinha culpa alguma do meu mau humor adquirido.

Respirei fundo novamente, ficar sozinha por algum tempo era muito revigorante. Ou, pelo menos, eu achava que estava só. À primeira impressão, quando ouvi os passos, pensei que era Rebecca que havia encontrado Noah e, então, estivesse me procurando no lugar onde falei que iria. No momento em que o som foi se tornando mais volumoso, pude perceber, porém, que não parecia barulho de saltos finos arranhando a pedra, ao contrário, eram passadas firmes e decididas. Não tive muito tempo para me mexer, quando me virei, ele já estava lá.

- Isso aqui é um banheiro feminino, sabia? - Resmunguei irritada para o homem alto que estava no lado oposto, perto da porta que ele logo trancou. -O que você pensa que está fazendo? - Sibilei sentindo a raiva também brotar em mim.



Fim da parte 3.
Ajude Inverso a ser publicado!
Aproveitando o espaço também para pedir, mais uma vez, que recomendem o livro às amigas e amigos! Grandes beijos.

27 comentários:

Anônimo disse...

O Meu Deus não pode para ai
quero mas comofaz?

Pelo amor de Deus nao demora muito


by Carol Winchester

Ju Fuzetto disse...

Melzinhaaaaaa, que curiosidadeeeeeee escreve logo a outra parte!!!!!!!!

PERFEITOOOOOOO

BEIJOS

Anônimo disse...

Muitoo bom!

Tow amandooo!


Bjão!

Anônimo disse...

ããin vai demorar muito a próxima parte? :~

Tainá disse...

aaaaaaaaah não demoooora pelo amor de Deus,
nossa tomaara que o sam agarre a mel e que ele diga coisas legais pra ela *-*

Luh disse...

Vc quer me matar de curiosidade, é?
uhahuehuahue
Não demora muito para postar o resto, por favor!
Bjos!

Anamaria Cruz disse...

aaaaaaaaaaa nao me mate de curiosidade, por favor
eroekorpkeoprkeopkropeke

To ansiosa e curiosa e..
posta logo!

Anônimo disse...

Mel voc é tá me matando de curiosidade, seu livro esta de +

By Hayetcha

Milly disse...

Nosss, quero logo ler a proxima partee!! *----*
caramba! oq o Sam vai fazer??? ahhh
Nao demora naoo, pleasee !
Ta perfeito :D
;*

Anônimo disse...

lindo como sempre ♥

Raquel disse...

AMOOOOOOOOO

Marianan R. disse...

Continua perfeito *-*
preciso de mais s2

Cah disse...

ahhh! Você esta matando nos todos de curiosidade...Tah como sempre perfeitooo Posta logoooo.....preciso de + Ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii..............A to curiosicima para saber o que vai acontecer tah como sempre perfect..ameiii

Ray disse...

Ai Díos, tá perfeeeeeeeeeeeito,
Se for o Sam, ai meu deus *---*
Posta logo, pelo amor do santinho,
mais, mais, mais ô/

Drika disse...

Mel mais um capítulo perfeito, aguardando a continuação!!

OBS: Vamos ajudar a Mel a conseguir uma editora para que ela possa lançar o livro! Eu já dei a minha ajudinha!!

Beijossssss!!!!

Unknown disse...

não vejo a hora do Sam e a Mel se entenderem.

é uma vale de lagrimas cada vez que leio o sofrimento dela, sofro junto!!!!

O-M-G, não demora para postar!

bjão
luciane freitas

Mylena Furtado disse...

NOSSA ;)
Caaaaaara, você arrasa mulé !
Tô com ÓDIO do Sam, achava q ele era o maaior foooofo *-* e faz isso com a Mel ?
Agora ele vai salvar ela ? Eles vão voltar ? Ele vai desistir de mata-la ? O que vai rolar entre a Mel e o Noah ?
TÁ VENDO COMO ISSO E PERFEITO ? E viciante, sim e MUUUUUITO viciante. Já li, li e reli !
Tenho que falar que você se supera ! Mas vou dizer que eu acho que a Mel devia se reerguer e dar uma chance ao Noah e o Sam ficasse cheeeio de ciumes. Ou não ? Seria melhor se eles voltassem ? AIIN' TÁ VENDO COMO AMO ISSO ?
BeijãaoO

Lis :D disse...

AAAAAAA ta perfeito *-* acho q o sam desistiu mesmo de matar a mel , e que esse carinha aê [ou até mesmo o noah quer matar ela :O] preciso de mais G.G

Andressa disse...

OMG ME PEGA, ME JOGA NA PAREDE ME CHAMA DE LAGARTIXA!!!
ASUheuAHSUes
Droga, Mel!
Hmmm de primeira, pensei que fosse o Sam. Mas lendo os comentários, talvez não seja o Sam, mas ele vai salvar ela! *_*
Me mata essa curisidade.
Pra variar, perfeito. Ah, e droga. Mesmo fazendo tudo o que fez, sou do time do Sam. Ele é malvado. (6)
sauheasuehses
Porfavorpostalogosenãoeumorro!

Anônimo disse...

Perfeeeeeeeeeeito!!!!
POr favor, não demore tanto para postar!
Conheci o blog a menos de 1 semana, e já li todos os capítulos postados! Está sendo um martírio esperar até o próximo fds!
Parabénssss!
Bjs,
Raquel

Mary disse...

sempre lindoooo *O*

Rafa disse...

amo mesmo tudo isso

Jacky disse...

o melhor livro...



EVER!

Lindaa disse...

love!

Tomara que seja ele!!

Lorena disse...

OMG :O

Anônimo disse...

ameeei mto boom msm :B

Gabby Tx disse...

ui, quem é hein? Ainda bem q já tem o restante vou lá correndo v, tomara q n seja nenhum dos q querem matá-los. aiaiaiai q ansiedade fuuuuiiii

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