sábado, 5 de setembro de 2009

Capítulo 10 – Nem tudo é o que parece (parte 2)

Eu não estava anestesiada. A dor era cega e real. Tortura que ardia, mas não matava. Assemelhava-se mais à uma piada de mau gosto: alfineta, mas não mata; arranca, mas não deixa ir embora. O sofrimento era que vinha em ondas. Ora calmaria e insensibilidade, ora angústia interminável. E, embora eu não estivesse sob efeito de anestesia, era assim como eu me sentia na maior parte do tempo.

Não conseguia mais sentir gosto da comida, prazer na música, calor no toque dos amigos. Talvez eu não estivesse mais vivendo. As outras pessoas eram cápsulas de alegria, sentimento, emoção. Eu só estava vazia, em extensos momentos, digo. Sou capaz de ratificar tal coisa porque, apesar de estar tentando me convencer inabalável, eu conseguiria sentir a mágoa nos instantes em que desistia da concentração e deixava tudo desabar. Era uma espécie de “8 ou 80”, ou a dor, ou a insensibilidade total.

Naquele dia tão nublado quanto meu humor, eu fazia desenhos no vidro embaçado da janela. Deveria ter chovido durante a madrugada, eu não sei. O sono estava colaborando comigo diversas vezes e eu agradecia às vezes por isso. Digo “às vezes” porque era inevitável que os pesadelos viessem. Altos e luminosos, eles apareciam em momentos de tensão nos quais eu me via sozinha correndo por uma travessa escura e imunda, fugindo de um predador o qual não poderia ver o rosto sombreado. Eu não precisaria vê-lo para entender de quem se tratava. Era Sam quem e perseguia armado e andava atrás de mim feito um felino cuidadoso, não se abalava com o escuro, não fazia ruídos e não se deixava ludibriar pela constante fuga.

Sacudi a cabeça para espantar esses pensamentos, não era nele que eu queria pensar. Encarei o desenho que havia acabado de deixar na janela, era uma foice. Usei a palma da mão para tirá-la de lá. Eu não estava em real perigo. Deveria parar de imaginar isso. Agora estava tudo esclarecido: Sam invadiu o apartamento pela sacada, bagunçou as nossas coisas com exceção do quarto de Sofie, nos perseguiu, nos colocou em risco. Não havia outras pessoas. Tudo foi milimetricamente calculado e inventado por ele, mas agora ele sabia que eu sabia e que não falharia ao chamar a polícia diante de qualquer circunstância suspeita. E eu não tinha dúvidas de que faria mesmo isso.

Vislumbrei as árvores que conseguia ver pela janela, o condomínio onde eu morava era cheio delas. Malditas árvores e suas folhas verdes balançantes. O verde era simplesmente estúpido, a cor mais estúpida já inventada. Meu desejo era que todas as cores se esvaíssem subitamente, o mundo ficaria oscilando entre o preto e o branco, passando pelo cinza. Cores idiotas, principalmente o verde. Não agüentei mais encarar todo aquele colorido irritante, saí do alcance da janela.

Era a primeira vez desde aquele dia que me dei conta da atual situação do meu quarto. Estava mais bagunçado que de costume. Além das coisas jogadas em cima dos móveis, notei que agora ocupavam o chão e o tapete também. Não fiz questão de organização nenhuma, aliás, era de se esperar que a situação estivesse assim. Durante os últimos dias, eu estava saindo do quarto o mínimo possível. A felicidade dos outros lá fora me incomodava. Não que eu quisesse que as outras pessoas ficassem tristes, eu apenas queria que elas fossem um pouquinho menos felizes. Era simplesmente irritante ter que aturar as conversas eufóricas, as risadas, as brincadeiras, por isso eu estava preferindo a solidão do meu quarto.

Mirei-me no espelho, também, pela primeira vez em dias. Eu estava um lixo, um lixo humano. Parecia ter envelhecido várias décadas nesse tempo, o cabelo estava desafiando a lei da gravidade e o meu pijama não colaborava com o visual. Dane-se, pensei. Não tinha ânimo para me arrumar, passar maquiagem, sair para o mundo, enfrentar o irritante riso alheio. E eu não sabia por quanto tempo eu ficaria assim.

Aliás, a palavra “tempo” me lembrou de que eu nem estava mais contando esse fator. Quero dizer, quanto tempo se passara desde nossa última conversa? Horas, dias, meses? Eu não poderia responder. Ultimamente, eu estava contando o tempo como os antigos, eu sabia o que era dia e noite pelo aparecimento ou não do Sol, e só.

Caminhei alguns passos e agarrei o calendário tombado em cima da escrivaninha, descobri que hoje era sábado. Ótimo. Significava que eu não precisaria faltar no colégio mais uma vez alegando portar uma doença fatal e contagiosa. Era como eu me sentia, uma doente contagiosa. Alguém que estava tão fundo, mas tão fundo que tinha a capacidade de trazer toda a aura do lugar consigo. Eu percebia isso, minha infelicidade estava deprimindo quem estava ao meu redor e, ao mesmo tempo, as raras tentativas deles de dizer algo engraçado ou perguntar o que estava acontecendo me deprimia.

O problema é que eu não queria verbalizar. Eu sabia que tudo pareceria tão mais real e idiota quando dito em voz alta, não iria contar. E a grande verdade é que os grandes clichês “não fique assim”, “não pense mais nisso” ou até “não deixe que isso acabe com você” me deixavam nervosa. Como alguém tinha a coragem de me dizer para não ficar destruída? Como eram capazes de me dizer para ignorar os meus problemas se eles nem sabiam quais eram? Minha vontade era de deixar bem claro o quanto essas frases típicas soam ridículas, mas eu não fiz isso. Quero dizer, quando, alguma vez na história, alguém passara por um momento ruim e então simplesmente pensou “vou fingir que não aconteceu” e saiu sorridente e saltitante pelos campos de lírios? Faça-me o favor.

Era justamente por esse motivo que eu preferia o silêncio. Nele, as pessoas não me irritavam e eu não me sentia a bala de canhão que fizera o barco afundar. Eu também estava evitando os telefonemas por dois motivos básicos: não queria conversar com qualquer um dos meus amigos do colégio, seja tentando me fazer dizer o que aconteceu, seja tentando me distrair com alguma história aleatória. Eu ainda não estava pronta, eu sabia que um dia eu sairia desse nível, mas agora ainda não. O segundo motivo era bem óbvio: estava evitando os telefonemas do Sam, de qualquer um dos dois. Aliás, eu nem sabia se qualquer um deles estava sequer tentando falar comigo. Eu gostava de pensar que sim, mas, ao mesmo tempo, me recusava a atender qualquer ligação no telefone de casa ou de número desconhecido no celular.

Era um paradoxo, eu sei. Eu queria que ele me ligasse, mas também, não queria atendê-lo. A verdade é que eu somente queria acreditar que ele, pelo menos alguma vez, se importou comigo. Queria que sentisse a minha falta, desejava que estivesse tão mal quanto eu. O problema é que, no fundo, eu sabia que ele não estava.

Desde o começo, ele apenas mudou-se e infiltrou-se aqui no prédio para me observar, vigiar o que estávamos fazendo. Ele negou, mas eu tinha certeza de que ele planejou me conhecer, usou o assalto casual do Felix para me convencer de que eu estava correndo perigo e que ele estava me protegendo. Conquistou minha confiança e não duvido nada que ele mesmo tenha escrito meu endereço naquele papelzinho azul que achamos no pé da escada. Queria que eu acreditasse no joguinho e, eu que sempre me achei tão esperta, caí. Eu era quase tão estúpida quanto o verde.

Voltei a me concentrar na palavra “sábado” escrita no calendário, percebi que aquele dia estava marcado com um asterisco. Flashes correram pela minha cabeça. “Então vamos ter um encontro?”, pude ouvir minha voz em alto e bom som na minha consciência. “No próximo sábado, o que acha?”, ouvi o sussurro calmo de alguém que não queria lembrar. Nosso encontro deveria ser hoje, daqui a pouco, almoçaríamos juntos. Era óbvio que eu não iria.

Claro que esse Sam não tinha culpa nenhuma do que sua outra personalidade pseudo-serial killer havia feito. Ele era uma pessoa doce e comum, não tinha uma força descomunal, não tinha um olhar sexy e raivoso, não tinha o sorriso do humor negro. Era apenas romântico, sincero, simpático e calmo, o inverso de sua outra parte. Se ele não tivesse esse problema psicológico poderíamos ter sido felizes, poderíamos ter tido uma chance.

Seríamos como o casal que observei algum dia do passado caminhando pelo parque do condomínio. Casados, de mãos dadas e felizes observando a fonte. A mulher tinha uma criança no colo, gostei de imaginar que era uma menina. Eu a nomearia Júlia. Se ela tivesse sorte, teria os grandes olhos verdes do pai, gostaria de ser empurrada por ele no balanço e chuparia picolé de cereja quando saíssemos para a praia. E, ao por do sol, nós três sentaríamos juntos sobre a areia, observaríamos a grande massa de fogo sumir na linha que separa o céu e o mar e, por fim, as estrelas nos dariam um show de brilho. O segredo mais bonito e único da noite. E mesmo sendo tão pequenos quanto os grãos da areia branca para o universo, seríamos grãos de areia exalando felicidade aos astros. Minúsculos e felizes.

E lágrimas traidoras molhavam meu rosto a cada vez que eu criava uma nova cena. Era só o resultado das ondas de sofrimento batendo contra as rochas que eu estava tentando colocar ao meu redor. De repente, eu pulava do ”não sentir” para o “sentir demais”, e o que eu estava “sentindo demais” agora era o pesar do que poderia ter sido e não foi. O mais angustiante era não saber até quando eu me sentiria assim.

Esperei alguns segundos até a onda passar e resolvi me mover um pouco. Se aquele dia era sábado significava que já se passara quase uma semana desde que terminamos qualquer vínculo que tínhamos e eu passei a ignorá-lo até mesmo durante o dia nos breves momentos em que nos víamos no corredor. Depois dessa última onda de sofrimento que me atingira segundos antes, resolvi, pela primeira vez nessa semana, que deveria tentar reagir.

- Mel?

Levantei a cabeça e fitei Sofia, como de costume, parada sob o portal. Se antes se recusava a se aventurar na bagunça do quarto, agora é que estava decidida sobre onde não colocar os próprios pés.

- Sim? – Eu respondi tentando fortalecer a voz. Não foi um recurso que usei muito nos últimos dias, exigia um esforço demasiado que eu estava tentando concentrar na recuperação do meu ego.

- Telefone para você.

- Não vou atender.

- Não vai perguntar quem é? – Ela estranhou e franziu o cenho levemente. Os cabelos, desta vez, estavam soltos, isso a deixava com uma aparência tão mais jovial.

- Não vai fazer diferença. Não quero conversar. – Respondi tentando parecer simpática com a minha irmã. Ela tem me ajudado bastante nos últimos dias. Foi a única que não fez perguntas, não tentou me animar com superficialidades, não me disse coisas estúpidas e nem me importunou a semana inteira.

- Está com algum problema nas pregas vocais?

- Não.

- Estranho. – Ela olhou para cima por um minuto e tentou imaginar qual era o problema então. – Laringe?

- Não tenho nada.

- Hum. Definitivamente estranho. – Ela voltou a me observar com cautela, deveria estar achando diferente o fato de eu não querer conversar. Logo eu, uma pessoa que costumava ser tão comunicativa. – Bom, de toda forma – ela pareceu se dar conta do que viera fazer em primeira instância – é o Sam. Ele está perguntando se você não vai mais almoçar com ele.
Ele tinha que ligar justamente na hora que eu decidi reagir. A vida é injusta.

- Diz que eu estou doente e que é contagioso.

Sofie arregalou os olhos em desespero.

- Você acabou de dizer que não tinha nada de errado. – Ela não estava realmente preocupada, o problema foi a contradição das minhas frases. Se ela fosse um robô, um aviso de “pane do sistema” estaria aparecendo agora.

- Vai me fazer esse favor ou não?

- Tudo bem. – Deu as costas e saiu sem fazer barulho.

Voltei a deitar na cama, isso acabou com o pouco humor que eu adquirira durante segundos. Ouvi meu celular tocando no criado-mudo, estiquei o braço e observei o identificador de chamadas porque tinha certeza de quem estava me ligando. Eu estava enganada, o número da Rebecca apareceu no visor. Pela primeira vez em dias, decidi atender um telefonema. De uma hora para a outra, o isolamento me pareceu cansativo demais.
- Oi.

- Mel? – Ouvi a voz fina e preocupada do outro lado da linha. – Tudo bem?

- Sim, sim... – Menti. - E você?

- Estou preocupada com você, por que faltou no colégio?

- Não estava me sentindo bem.

- Meu Deus! O que você tem?

- Algo bem ruim e contagioso.

- Você não costuma maximizar as coisas, está diferente. – Ela observou. De fato, eu não tinha o hábito de aumentar os problemas, tentava parecer forte demais para enfrentá-los.
- Eu estou legal.

- Tem certeza?

- Sim.

- Acha que vai estar melhor hoje à noite? Preciso te contar algumas coisas. – Ela pareceu mais animada ao mencionar a palavra “coisas”.

- O que tem hoje à noite?

- Consegui convites para a cerimônia de chegada da Paola Lince!

- Como você conseguiu isso? – Perguntei sem grande entusiasmo.

- Contatos! Papai tem um amigo que é assessor de uma modelo da mesma agência. Enfim, você vai comigo, não vai? Vai ter comida chique, gente chique, aquele monte de modelos e vamos poder ver a Paola, ela é uma diva da moda, sinceramente...

- Não vou.

- Que? – A voz perplexa gritou do outro lado da linha. – Essa é uma oportunidade quase única, Mel! Bem melhor do que aqueles jantares chatos do banco onde papai trabalha que a gente costuma ir! Entenda... é a Paola Lince!

- Não estou a fim.

- Como assim, você existe?

- Não estou me sentindo bem.

- Você disse que estava legal.

- Não quero que fique preocupada.

- Eu já estou. Você tem que ir a essa festa.

- Não estou em clima de festa.

- Mas você disse que estava bem.

- Terminei com o Sam, ok? Pronto, satisfeita? – Rugi irritada.

Ela ficou em silêncio por segundos que não consegui contar. Ela sabia o quanto ele significava para mim e talvez entendesse a forma como eu estava destruída pela separação. Eu não contaria a ela os verdadeiros motivos que nos levaram a isso, mas eu tinha certeza de que ela poderia imaginar pelo menos metade da dor pela qual eu estava passando.

- É claro que eu não estou satisfeita. Você é minha melhor amiga, quase minha irmã, não fico satisfeita com o seu sofrimento. Por que não me contou antes? Eu percebi que você estava aérea e isolada no colégio, mas você não quis dizer o que era e achei que era algo passageiro. – Ela desatou a se desculpar pela ausência nos últimos dias. – Eu... Eu não sabia. Meu Deus... Imagino como você está. Estou indo para aí.

- Não! Não precisa... Olha, eu estou bem.

- Pare de repetir isso. A cada vez que você repete, sua credibilidade despenca. Espere-me em meia hora. – Desligou o telefone antes que eu pudesse contrariá-la.

Bati com a cabeça no travesseiro e larguei o telefone no criado mudo novamente. Eu não queria envolver a Becca nisso. Não queria que ela se sentisse na obrigação de levantar o astral de uma pessoa fraca que estava com o humor no fundo de um poço. Eu sabia que era impossível que ela conseguisse sequer um sorriso verdadeiro da minha parte, pelo menos por enquanto. E eu não sabia quanto tempo eu precisaria para me recompor.

Ao mesmo tempo, me senti um pouquinho menos infeliz ao saber que eu tinha uma amiga tão única, leal e que estava disposta a parar tudo o que estava fazendo para vir ficar comigo e me apoiar nesse momento tão difícil. Pessoas assim são as que dão o real sentido da vida.
Percebi que eu estava encarando um teto aparentemente branco, mas senti um vazio muito grande quando me lembrei de que era extremamente assustador no momento em que as luzes se apagavam. O “seja minha” ainda estava incrustado na parede como se tivesse sido gravado em pedra. Eu tentei pintar, cobrir, esconder, mas era algo como tapar o Sol com a peneira, quando ficava escuro, os vestígios daquelas duas palavras continuavam lá. O jeito era tentar dormir de bruços.

De repente, eu tive vontade de mudar de casa. Aquele apartamento era meu, talvez quando eu fizesse dezoito anos pudesse vendê-lo. Eu sabia que Sarah não gostava muito daquele lugar e Sofia ainda era criança o bastante para livrar-se de dar alguma opinião. Sem contar que ela já havia mencionado uma mudança quando descobriu que o vizinho de cima era dono de um cachorro. Sim, a idéia de sumir me parecia deveras agradável. Tudo estaria resolvido quando eu fosse maior de idade.

- Mel?

- O que é? – Resmunguei ao escutar a voz de Sofia que deveria estar perto da porta novamente.

- É o asqueroso.

- Que? – Sentei-me na cama em um movimento ligeiro e fitei-a sem entender.

- O Sr. Sei-de-tudo está no telefone. – Ela tentou explicar, mas eu continuei com uma expressão confusa e ela acrescentou. – É o Noah.

- O quê? – Esganicei em um impulso. – Por que o Noah está me ligando?

- Por que ele não ligaria? – Ela franziu as sobrancelhas.

- Você pode parar de responder uma pergunta com outra pergunta?

- Você acabou de fazer isso.

Era extremamente irritante essas conversas com a Sofie onde a gente saía do nada e chegava ao lugar nenhum. Uma coisa era certa, meu canal de comunicação com ela não funcionava direito. Era difícil conseguir a resposta que eu queria se eu não formulasse as perguntas direito. Ela parecia uma máquina pré-programada que só funcionava se as palavras corretas fossem ditas.

- Sofie... – Respirei fundo. – O que o Noah quer?

- Falar com você. – Ela respondeu como se eu tivesse feito uma questão óbvia.

- Sim, mas ele disse para quê? O que ele quer comigo?

O fato é que eu duvidava muito que o Noah havia me ligado para perguntar se eu estava bem, já que ele, provavelmente, nem sabia que eu estava mal. Ele não era do colégio, não morava por perto e muito menos tinha estreitas relações de amizade comigo o que chegava no seguinte ponto: ele não deveria estar me ligando porque ficou sabendo que eu estava com uma “doença fatal e contagiosa”. Também não sabia sobre o Sam e não costumava me ligar para ter conversas casuais.

- E como vou saber? Sou uma garota da ciência, Mellanie, não faço trabalhos de adivinhação usando bola de cristal.

Essa era a parte da conversa em que eu perdia a paciência e gritava com ela, mas perdi o ânimo até para isso. Uma pena.

- Vocês trabalham juntos no mesmo projeto, ele não comentou nada?

- Perguntou de você algumas vezes essa semana, se eu saberia o que você iria fazer no sábado.

- E o que respondeu?

Ela levou as mãos pequenas sobre a face delicada e fechou os olhos tentando buscar paciência e compreensão.

- O que eu disse sobre a bola de cristal? E desde quando você compartilha sua programação de saída comigo?

Isso era responder uma pergunta com duas perguntas, ela estava se superando. Imaginei que isso significasse que ela disse ao Noah que não sabia o que eu faria sábado.

- Você pretende responder à chamada antes que ele envelheça?

- Diga que não estou me sentindo bem e que ligo outro dia.

- Por que não respondeu isso logo? – Ela perguntou nervosa e sumiu de vista ainda resmungando baixinho. – 12 minutos, 12 irrecuperáveis minutos da minha vida...

Deitei-me e encarei o teto novamente. Eu estava sem energias para me vestir e inventar alguma coisa para fazer até a hora em que Rebecca iria chegar. Encarei meu cubo mágico em cima da escrivaninha, fora minha única distração nesses últimos dias. Eu tentei montá-lo diversas vezes gastando, com isso, horas do meu tempo. O problema é que nunca consegui resolver esse quebra-cabeça, as peças do cubo não se encaixavam e as cores teimavam em continuar embaralhadas. Era frustrante.

Sentei-me na cama e pensei em ouvir alguma música, a manhã nublada tornava qualquer cômodo com música agradável em um clima aconchegante. Procurei alguns CD’s próximos ao guarda-roupa. Era um desafio encontrar qualquer coisa dispersa naquela bagunça. Algo na sacada me chamou a atenção.

Alguns pombos que costumavam ficar no terraço estavam descansando nas barras da minha sacada. Um sentimento caloroso inexplicável brotou no peito. Eram os animais de estimação daquele homem que morrera injustamente no dia em que comecei essa narração. No fundo, eu me sentia como se aquele senhor bondoso e amigo dos animais estivesse ali, me trazendo a única companhia que teve em sua vida. Os pássaros brancos e belos estavam tão perto... Tão sedutores, reluzindo a luz do Sol.

Abri as portas da sacada com cautela para que eu não os espantasse. Eu não sei realmente se pombos observam as pessoas, mas, naquele momento, eu poderia garantir que sim. Eles se moveram alguns centímetros pela extensão da barra metálica e me encararam com curiosidade. Ou talvez eu só estivesse ficando louca.

Alcancei a grade com as mãos finas, senti o frio metálico no contato. Vislumbrei as nuvens cinzentas e o Sol que se escondia por detrás delas, de alguma forma, as aves brilhavam mesmo que a maior estrela do nosso sistema estivesse escondida. Era um brilho contagiante.

Percebi os carros se movimentando no cruzamento lá embaixo, pessoas andavam pela avenida e as árvores do verde estúpido balançavam com o vento. A brisa balançou meus cabelos castanhos e eu me senti estranhamente livre. Uma liberdade incomum aparecera em mim e eu, por instantes, achei que poderia voar se quisesse... Iria me entregar ao vento, bater as asas e sair daquele lugar. E os pássaros tão brilhantes e os pontos das pessoas que eu via lá embaixo tão sedutores, cruzamentos tão embriagantes. Coisas pequenas que se agitavam rapidamente lá embaixo, eu parecia estar hipnotizada pelo esquema de cores e o movimento.

Coloquei os pés descalços em uma das barras da sacada e levantei o corpo, projetando-o para fora. Senti o vento bater ainda mais forte no meu rosto, mas eu ainda estava com os pés do lado de dentro. Soltei uma das mãos que seguravam a haste metálica e meu corpo balançou pela falta de equilíbrio. Olhei para trás e ninguém estava me observando, a porta do meu quarto continuava fechada. Então talvez eles não percebessem... Talvez não se dessem conta... Dependeria de mim acabar com isso e ninguém poderia fazer nada. Sorri satisfeita.

Soltei a mão que restava e perdi completamente o apoio. Meu corpo tremeu e foi impulsionado para frente quando eu tentei manter-me equilibrada. Agora eu estava segura apenas pelos pés que se posicionavam em uma das barras intermediárias. A última haste da sacada estava batendo nas minhas coxas, qualquer desequilíbrio e eu poderia cair lá embaixo. Encontraria a grama, as árvores ou o concreto. Eu estava preferindo a última opção, as duas últimas primeiras eram estupidamente verdes.

Eu estava bêbada pela visão de tudo o que ocorria na avenida movimentada. Pontos que se mexiam libertamente, não estavam presos a nada, a ninguém. Seguiam suas vidas de pontos sem se preocupar com nada, continuando a dança do movimento que ocorria lá embaixo. Eu não estava pensando, literalmente, não estava raciocinando. Eu deveria sim estar louca.

Em momento algum pensei na morte, não pensei que poderia cair e simplesmente desaparecer. Eu seria outro ponto lá embaixo, só que seria o único ponto estático, parado, morto. Não levei, contudo, tal coisa em consideração, eu estava certa de que conseguiria fugir. Iria voar entre os prédios da cidade mediana, alcançaria algum lugar onde o Sol estaria vivo e ficaria lá para sempre e nunca mais encontraria a noite. Não mais veria as estrelas ou qualquer palavra ou ponto luminoso no escuro. Não mais encararia a face de piedade das pessoas, não mais seria o estorvo que colocou a vida de todos os conhecidos em risco. Seria somente a Mel, sozinha e banhada pela luz e os pontos? Os pontos seguiriam seu movimento normalmente depois que eu me fosse, era a correnteza da vida.

Levantei os braços com leveza, tinha a certeza de que sentiria o vento ainda mais forte quando eu estivesse completamente solta no ar. Sorri novamente ao pensar nessa possibilidade, talvez eu mandasse cartões ensolarados para a Rebecca. Ela sempre gostou de temas de verão. Poderia encontrar também algumas conchas para a Sofia, eu estava certa de que o lugar para onde eu iria tinha areia. Areia, Sol, vento.

Olhei para trás mais uma vez, pensei se não haveria qualquer coisa que eu gostaria de levar comigo. Não havia nada. Não existia nada que eu quisesse manter, nada que me faria falta no meu quarto. Eu sentiria falta de algumas pessoas, mas sabia, por exemplo, que Lean cuidaria de Rebecca e que Sofia já estava grandinha. Não havia com o que me preocupar. Ficaria tudo bem.

Voltei a olhar para frente e tentei observar o horizonte, era a hora de partir. Subi um dos pés e firmei-o em uma grade mais alta que a anterior, como se estivesse subindo uma escada. Fiz o mesmo com o outro pé e, agora, a última barra da sacada batia apenas na linha baixa dos meus joelhos. Qualquer movimento brusco e eu poderia me desequilibrar.

Nesse momento, algo estranho aconteceu. Uma melodia conhecida inundou os meus ouvidos, uma música de palavras doces que vinha do andar superior. Sam estava ouvindo “The Reason” do Hoobastank***. O som entrou pelos meus ouvidos como o melhor remédio para a lucidez. Isso me trouxe de volta para a realidade e eu me encontrei ali, correndo o grande perigo de esborrachar lá embaixo.

Nunca havia pensado em me matar. Aliás, sempre achei uma heresia uma pessoa abrir mão da própria vida, a maior dádiva de um ser humano, a dádiva da existência. Foi um choque perceber onde eu estava naquele momento. Comecei a respirar de maneira descompassada, minhas mãos tremeram e o medo correu por mim. Tentei ficar parada até que eu pensasse em algo para fazer, qualquer movimento poderia me causar o desequilíbrio.

Com cuidado, movi uma das mãos para baixo e consegui tocar algo frio enquanto lágrimas involuntárias de terror e desespero corriam pela minha face. Respirei fundo e tentei me concentrar para mover um dos pés e alcançar o chão da sacada. Meu corpo balançou furiosamente, mas apoiei com força a mão que segurava a barra de metal. Consegui alcançar o chão.

Agora que eu estava novamente com os dois pés em local seguro foi que o medo veio arrebatador. Meu lapso momentâneo de consciência quase me levara a uma tragédia. Então era isso o que ele havia feito comigo? Me transformado em uma louca suicida que perde a razão de si mesma? Eu sempre soube quem eu era, mas e agora? Agora eu estava somente chorando na sacada ouvindo uma música bonita que, naquela situação, significava tudo.

Acho que, inconscientemente, ele estava querendo me passar um recado. A letra da canção é coincidente demais com a nossa história. O problema é que não me importava se ele não era perfeito ou se não teve a intenção de me machucar, o problema é que ele machucou, destruiu, fim. E, agora, qualquer coisa que ele falasse, me parecia mentiroso demais, falso demais, como eu poderia confiar naquelas palavras?

Entrei no quarto e aliviei a tensão socando o travesseiro. Era ótimo soltar toda a raiva reprimida batendo naquela superfície macia, mas logo me lembrei que Rebecca deveria estar chegando. Comecei a procurar algo legal para vestir, de preferência, nada que seja preto já que essa cor me daria ainda mais a aparência de luto. Aproveitei, também, para jogar água fria sobre o rosto.

Eu estava tentando me certificar de que estava psicologicamente estável. Quero dizer, quem nunca teve um momento de loucura? Tudo bem, eu perdi a cabeça por alguns minutos e quase pago um preço caro por isso, mas isso não significa, realmente, de que eu tinha que me internar, significa? Não. Não mesmo. Achei melhor respirar fundo e tentar não ter cenas como essa de novo.

Ouvi vozes na sala. Apressei-me pelo corredor.

- Vim ver como a Mel está.

- Ela está com uma doença fatal e contagiante, mas está bem. – Sofia respondeu cordialmente. Ouvi a porta bater.

- Ela não está doente. – Rebecca riu. – Só se for do coração.

- Nah, ela é muito nova para ter um ataque cardíaco. – Sofie discordou.

- O quê? Não! Estou falando do Sam! Quando foi que eles terminaram?

- Eles terminaram? – A voz da minha irmã ficou mais alta à medida que eu me aproximava – Bom, ele deve ter ficado com medo de morrer se ela cismasse de dirigir novamente.

- Sofia. – Repreendi com essa palavra e ela entendeu. – Tudo bem, Becca?

- Estou ótima! Você que me preocupa! – Sorriu verdadeiramente e me abraçou. Sofia não agüentou tal cena sentimental e saiu da sala.

Foi divertido passar o resto da manhã e a parte da tarde com a Rebecca. Acho que subestimei seus poderes de agitação de tudo o que está ao seu redor. Tentamos seguir alguma receita da internet para poder fazer o almoço, mas não deu certo e acabamos comendo macarrão instantâneo sabor galinha. Sofia reclamou um monte, mas quando dissemos para ela fazer algo para ela comer então, ela percebeu que era melhor ficar calada.

Durante a tarde, jogamos um pouco de vídeo-game, ouvimos música, conversamos sobre as últimas fofocas do colégio e ela me contou que havia convidado Lean para a festa de gala da Paola Lince.

- Sabe, vai ser demais, só convidados podem entrar, então vai ter só aqueles figurões. Não como os figurões que trabalham com meu pai no banco, mas figurões bonitos, bem vestidos, divertidos, e tudo o mais...

- Becca...

- Minha mãe comprou um vestido caríssimo para poder ir, mas é super lindo também. Tem muito brilho e combina com as jóias que ela tem guardadas. Eu só não consegui identificar muito bem a cor da roupa, acho que é turquesa numa tonalidade mais escura...

- Becca! – Ela pareceu sair do transe e prestou atenção. - Volte ao detalhe em que você convidou o Lean.

Ela corou fácil.

- Bom, não foi bem um convite... Foi mais algo tipo “tenho dois convites para uma festa, a Mel não quis ir, você quer?”

- E o que ele disse?

- Que iria. – Ela sorriu satisfeita. – Mas acho que ele não entendeu realmente...

- Como assim?

- Acho que ele achou que seria algo tipo “saída de amigos”, sabe? E eu meio que estava querendo um encontro...

- Você disse isso a ele?

- Claro que não! – Ela riu alto. – Como eu iria dizer “Lean, não é para você bancar meu amigo, o que eu quero é te agarrar”?

Eu ri bastante ao pensar nessa possibilidade. Imaginei a expressão facial do Lean ao ouvir isso. Ele, todo desastrado, era bem capaz de derrubar ou tropeçar em alguma coisa.

A tarde com a Rebecca estava conseguindo me distrair. Reconheço que foi uma idéia muito boa tê-la aqui por hoje, já que o tempo pareceu passar mais depressa e as ondas demoraram um pouco mais para mutilar a rocha. Eu só não sabia o que eu iria fazer à noite, quando Sofia se trancasse no quarto para fazer alguma pesquisa e eu voltasse à monótona solidão.

O lado bom, pelo menos na minha perspectiva racional, é que, em nenhum desses dias que se passaram, Sam tentou qualquer tipo de aproximação. Não pulou a sacada, não bateu à minha porta, nem notei qualquer movimentação estranha vindo do seu apartamento à noite. Como não estava atendendo o telefone, não sei se ele tentara me ligar, com exceção de hoje de manhã, mas ele não era ele mesmo.

- No que está pensando? – A loira me encarou preocupada e confusa.

- Acho que vou ler alguma coisa hoje à noite.

- Você vai ficar bem? Juro que amanhã passo o dia com você. É que eu queria mesmo ir à essa festa e eu já combinei com o Lean... – Ela olhou para o chão se sentindo um pouco culpada.

- Ah, qual é! Você é fã daquela estilista, precisa vê-la de perto! Sem contar que eu ficarei bem, tenho um cubo mágico...

Ela riu.

- Nunca vi ninguém conseguir montar aquilo.

- Nem eu. – Ri também.

Ouvimos o toque do telefone da sala, Rebecca apressou-se a atender, já era considerada da família.

- É o Noah. – Ela disse baixinho tapando o bocal do telefone com a mão

De novo? Perguntei-me o que ele queria comigo para ligar duas vezes no mesmo dia.

- Pergunta o que ele quer. – Sussurrei e assim ela fez.

- Ele disse que quer te convidar para ir à cerimônia de chegada da Paola. – Ela quase não conteve a animação e o grito esganiçado ao falar essas palavras.

- Não!

- Ela vai! – Rebecca respondeu animada e desligou o telefone.

- Você perdeu a cabeça? Eu não vou à festa com o Noah!

- Ah, vai sim. Eu já disse que você iria. – Ela sorriu triunfante.

- Ligue de volta e diga que não vou mais!

- Não.

- Então eu ligo! – Levantei-me para pegar o telefone e ela segurou meu braço.

- Mel... Qual o problema?

- Não estou com humor. Eu já lhe disse o quanto estou péssima com tudo isso.

- Eu sei, mas o dia de hoje não foi divertido? – Ela perguntou com sinceridade.

Realmente, pensei. O dia poderia ter sido bem pior se a Rebecca não estivesse lá. Eu poderia ficar pensando a tarde toda se aquela música que o Sam colocou para tocar hoje fora intencional ou não. Provavelmente estaria afundada novamente em miséria e desespero.

- Foi.

- Então! – Ela disse alto e levantou-se também com animação. – Podemos fazer companhia uma à outra na festa, você disse que não tinha nada para fazer aqui mesmo a não ser tentar montar aquele cubo.

- Mas o Noah vai estar lá...

- E o que tem? – Ela franziu as sobrancelhas e balançou a cabeça sem entender.

- Hum, você não percebeu que ele me convidou para um encontro? – Eu respondi como se fosse óbvio.

- Bom, é só você dizer que não quer... Se ele tentar alguma coisa, digo. Você sempre foi tão boa para dar o fora em homens.

- Não estou emocionalmente bem para isso.

- Pare de frescura. Se ele tentar te beijar, você diz que terminou algo recentemente e que não está pronta. Aliás, se der vontade, beija ele de volta, boba. Lembro de você ter dito que ele é bonito.

- Você acha que eu sou o quê? – Perguntei perplexa.

- Estou brincando, Mel! É só que eu não quero te deixar aqui sozinha e, poxa, o Noah tem convites e parece ser um cara legal. Além do mais, se eu e o Lean ficarmos sempre junto de você, duvido que ele vá tentar te agarrar ou coisa parecida.

Parecia um discurso coerente. Eu poderia me distrair, conversar com meus amigos e, realmente, o Noah não parecia ser tão ruim assim. Sempre tivera uma fineza e uma delicadeza para conversar comigo... Não que eu estivesse sequer cogitando a idéia de que poderia rolar alguma coisa entre nós. Não mesmo. Seria exigir demais de mim em uma hora tão terrível.

- Tudo bem, eu vou.

Fim da Parte 2.

NOTA DA REVISÃO:
*** Para quem quiser conferir, a letra traduzida da música "The Reason" do Hoobastank (talvez facilite entendimento sobre o capítulo).


Não sou uma pessoa perfeita
Há muitas coisas que eu gostaria de não ter feito
Mas eu continuo aprendendo
Nunca quis fazer aquelas coisas a você
E então tenho que dizer antes de partir
Que só quero que você saiba

Encontrei uma razão pra mim
Para mudar quem eu costumava ser
Uma razão para recomeçar
E essa razão é você

Sinto muito por tê-la machucado
É uma coisa com a qual tenho que viver diariamente
E toda a dor que te causei
Eu gostaria poder retirá-la completamente
E ser aquele que segura todas as suas lágrimas
É por isso que eu preciso que você ouça

Encontrei uma razão pra mim
Para mudar quem eu costumava ser
Uma razão para recomeçar
E essa razão é você

Não sou uma pessoa perfeita
Nunca quis fazer aquelas coisas a você
E entao tenho de dizer antes de partir
Que só quero que você saiba

Encontrei uma razão pra mim
Para mudar quem eu costumava ser
Uma razão para recomeçar
E essa razão é você

Encontrei uma razão pra mostrar
Um lado meu que você não conhecia
Uma razão para tudo o que faço
E essa razão é você

30 comentários:

Tainá disse...

aaaah nãao para pelo amor,
Que triste D':

Anônimo disse...

caraaamba q liindo *--*
choreilitros :'(
maais ..

Unknown disse...

Meeeeel nem lii ainda mais já tou aqi comentando pq sei qi esta ÓTIMO.
aaah menina vc se supera a cada palavra escrita e me surpreende com cada pedacinho dessa história perfeita.
Você merece que o Inverso seja publicado.
Estou aqui para te dar uma força, no que precisar, sou sua leitora fiel.
Em tão pouco tempo vc ja me ganhou com sua história. Você tem um DOM.
beijos
agora vou me emocionar lendo. =D

camila* disse...

essa música é linda ): e caiu como uma luva (termo antigo,eu sei)

só espero que esse noah não vire um jake da vida

e espero que o próximo capitulo chegue mais rápido dessa vez *--*

Anônimo disse...

Mel!!!


Tah muitoo bom!

Posto o outrooo!


XD

Dafne disse...

FUI SÓ EU QUE CHOREI?

auhashushuaashushuahuashuashuas

amo ♥

Unknown disse...

=O
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaarn
meu DEUS !
sem maiis palavras ...

Unknown disse...

oi!
fiquei tão deprimida quando li o cap, chorei litros.

por favor, continue

bjos
Luciane Freitas

Unknown disse...

Mel!!! Que tuuuudo!!!Tô amando menina!!Lindo dom o seu!!!
Todos os elogios que te fizeram assino em baixo viu?^^!!!

Drika disse...

Perfeitooo esse capítulo, espero que a Mel se divirta bastante nessa festa e que ela dê a volta por cima e que o Sam comece a fazer as coisas certas para reconquistá-la!
Parabéns Mel mais um cap. fantástico!!
Beijossss!!

Anônimo disse...

choreeeeei litros manéé!
><
isso não podiia estar acontecendo com eles :'(

Andressa disse...

Chorei. Mesmo. E por favor, não quero que ela fique com o Noah. Tá que o Sam merece ver ela animadinha com outro cara, mas meu... puta merda. Eu quero ela com Sam. T.T
Mel... Continue postando, ok? Não demora e não me mate.
Beijos. []

Unknown disse...

Mel, voc me impreciona a cada capitulo !
Obg por me deixar esse suspense e fazer eu ler
os capitulos mais e mais !

Anamaria Cruz disse...

Que perfeito! Sério, eu chorei aqui!
E olha que sou muito dificil de chorar.

Esta música do hoobastank ficou PERFEITAMENTE encaixada na história, fora que ela é linda!
Quero a próx. parte do cápitulo!

Anônimo disse...

Puts muito bom e gigante rs
The Reason é perfeita minha musica favorita combina perfeitamente com esse casal


by Carol Winchester

Anônimo disse...

By: Alessandra

AAAAAAAAAAAAAAAAAA

Meu.. que depressão... deu pra ver q não fui só eu que conseguiu sentir oq ela estava sentindo tbm!
E essa música??
PERFEITAA!!!!!
não poderia ser outra coisa pra completar esse capitulo!!

Ps.: espero q o noah não se tone um jake da vida [2]! rsrsr

Parabéns Mel!
Vc conquistou todos nós com suas maravilhosas palavras!!!

.. disse...

chorei 1000 litros. :////////

Dandara disse...

to baixando a música :DD , posta mais :~

Unknown disse...

Mel ,
Parabéns...tudo nessa história
é perfeito, voc sinceramente tem
o dom de escritora e se deus quiser
voc vai conseguir publicar Inverso e
muitos outras historias que escrever...
e pode ter certeza , tudo oque eu ver que estiver escrito Mel Grizzo na frente eu vou compra e ler com toda a vontade e dedicação que
eu estou lendo o Inverso !

Parabéns mesmo amiga !
Boa sorte em sua vida =D ²

christiny disse...

caramba este capitulo e o ultimo foram incriveis...
jamais iria esperar por isso, esta emocionanteee...

VC ESCREVE MUIIIIIIIIII
AMOOOO INVERSOOO!!!

Anônimo disse...

Meudeusdocéu

frenética deve ser a palavra para descrever como eu me encontro depois que descobri esse blog, eu li os 10 cap em 1 dia e não vejo a hora de continuar

Parabéns, é ótimo.

Mylena Furtado disse...

eu queeroo que ela plo menos fik um MINI POKINHO com o NOAH, Sam vai ver o q eh bom p. tosse. rss' amando kda dia a maiiiiis !

keyla disse...

Tô com tanta dó delaaa D:
Chorei rios lendo esses capítulos!

K disse...

ahhh e quero q seja publicadooo!!!!!!!

Lorena disse...

eu amo a músiica 'reason' ♥
aiin eu choreii, que peninha delaa ):

Cecília Boechat disse...

Eu amo essa música desde que ela existe! *--*

PS. O NOAH ÓBVIAMENTE É DO MAL, COMO VOCÊS NÃO V IRAM ISSO AINDA?

Gabby Tx disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gabby Tx disse...

Amoooo essa musika. Perfeita!!!! Encaixou-se simplis perfeitamente, me surpreendi contigo, olhe q isso é dificil mas vc conseguiu. rsrsrs
x.o.x.o.
Ps. Tow com uma pulga por causa desse Noah, já tem tempo, agora piorou.hehe

Ana Júlia disse...

Nota-se visivelmente uma influencia de
Camões em seu texto...
"Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que doí e não se sente.....
É um gostar descontente"....

Belo, nostalgico, único...

Anônimo disse...

Ai tao lindo *-*
a musica é perfeita
cabe perfeitamente com a historia
aiaiai

Postar um comentário