domingo, 29 de novembro de 2009

Capítulo 12 - Reunião (parte 1)

É sempre um problema ser o estranho no ninho. Aquela sensação de que todos já se conhecem, já têm pontos em comum e que simplesmente estão te lançando olhares atravessados. Isso intimida. Ainda mais quando se está tentando fingir ser algo que não se é.

- Há quanto tempo estão juntos? – Uma mulher mais velha e quase esquelética, com as bochechas afundadas me perguntou, estava visivelmente fingindo interesse.

- Pouco mais de um ano. – Respondi sem muitos detalhes e sem qualquer vestígio de veracidade.

- Meu marido me levou em um passeio de iate quando foi pedir a minha mão. – Uma loirinha baixinha segurando uma taça de champanhe entrou animadamente na conversa contando a sua história.

Já se passara mais de uma hora. As mulheres dos executivos daquela empresa já se conheciam e compartilhavam confidências sobre as próprias coisas, sobre os maridos e até sobre outras garotas do próprio grupo. Fiquei ouvindo atentamente alguma história que pudesse me interessar, mas não havia nada que fugisse à normalidade. Histórias triviais eram contadas, como por exemplo, a vez em que a Tina comentou que o marido roncava ou quando uma das garotas mais novas, filha de um dos chefes do local, confessou que a Luiza não havia vindo porque estava na reabilitação. E eu não fazia idéia de quem eram essas pessoas.

Quando uma nova mulher chegava ao local, me analisava dos pés à cabeça, com a diferença de que não era da mesma maneira que Sam fizera horas atrás, mas como se estivesse me avaliando. Então jogava aquele olhar significativo de “quem é ela?” para as outras, que logo respondiam “Essa é a Mel, o noivo dela está negociando ações”. Não que isso me fizesse entrar para o grupo, claro.

Elas pareciam se divertir bastante com as fofocas mais diversas. Não davam a mínima para os negócios e até evitavam se aproximar da sala ao lado, onde, me informaram, os maridos (ou pais) discutiam “coisas importantes”. Nós, ao contrário, ficávamos na primeira sala próxima à porta, onde havia um bar requintado e sofazinhos de couro preto.

- Depois o peguei no mesmo iate com a amante. – A mulher completou a história bebendo um gole do champanhe.

- Pelo menos não era a sua empregada. – Uma morena mal humorada falava pela primeira vez na noite. Estivera calada e sentada no mesmo lugar desde que cheguei.

- Meu marido não me trai não! – A tal Tina revelou novamente lançando a mão no ar de maneira autoritária, parecia ser a mais desinibida. As outras riram ironicamente. – Estou falando sério! Não suporto deslealdade.

- Amiga, ele viaja quase todas as semanas?

- Só pelos negócios.

As outras soltaram mais risadinhas abafadas.

- Então sinto muito. – Uma mulher rechonchuda segurou seu braço com pesar, ela não pareceu ficar muito abalada.

- Acho tudo muito relativo. – Uma garota branquinha de cabelos muito escuros e bochechas rosadas disse enquanto aceitava um canapé de salmão do garçom que estava nos servindo.

- Eu ainda sou romântica. – A mulher bastante magra de vestido roxo confessou. As outras deram risadinhas divertidas e logo o assunto mudou de rumo.

Eu estava achando tudo muito entediante. Em comparação com a noite anterior, esta estava sendo quase tortura. Não sabia se isso era normal, mas eu não conseguia me interessar por histórias de pessoas que mal conheço, muito menos pela lipoaspiração da Malu ou se as coxas da Carol estavam gordas demais. Não que eu julgue a importância ou não de uma cirurgia plástica, eu só não estava conseguindo me localizar no assunto o que, por sua vez, me fazia perder completamente a atenção.

O lado bom é que estava sendo mais fácil do que eu imaginara. Elas não estavam, igualmente, tão interessadas em mim, então vez ou outra, quando o assunto acabava, me faziam alguma pergunta sobre o noivado para que eu não me sentisse tão deslocada. Eu respondia de maneira seca e, creio eu, isso mostrava a elas que eu não estava muito disposta a compartilhar.

Um par de horas que pareceram durar semanas passaram-se e logo a reunião estava terminada, porém, a celebração continuava no outro salão. Várias mulheres saíram da pequena e aconchegante sala de espera na qual estávamos e foram reencontrar os maridos que tomavam whisky e ainda conversavam sobre negócios.

- E então? Como foi? – Perguntei a um Sam meio distraído que puxei para um canto isolado. Ele parecia mais tranqüilo agora, um alívio.

- Uma reunião aparentemente normal. Consegui fechar alguns negócios.

- Eu já estou ficando entediada será que podemos... – Parei minha frase subitamente quando percebi a presença de uma criatura feminina de cabelos vermelhos no aposento tomando uma bebida que não reconheci. – O que ela está fazendo aqui?

Sam virou-se para observar a mesma mulher bonita e elegante sobre a qual eu estava falando. Definitivamente, ela não me trazia bons sentimentos, às vezes eu sentia vontade de grudar nos cabelos dela e arrancá-los da cabeça, mas isso seria muito agressivo. Preferi somente retrucar o olhar sem emoção.

- A May também é desse ramo.

- Incrível como ela tem múltiplas habilidades, não? – Ironizei antes de me recompor. Ele adquiria uma expressão muito humorística quando percebia que eu estava com ciúmes. Parecia rir por dentro ou coisa do tipo.

- Samuel! – Um homem de meia-idade exclamou quando nos viu ali e veio em nossa direção. Mancava de um jeito peculiar e parecia muito contente por ter nos encontrado. – Não tive a chance de cumprimentar-lhe na reunião!

Pela primeira vez, vi o Sam ficar um pouquinho enrubescido. Parecia muito desconfortável naquela situação e eu fiquei esperando entender o porquê disso. Ele acenou com a cabeça com uma timidez não característica.

- Você desapareceu! O que houve? As meninas estão sentindo a sua falta! – Deu uma piscadela discreta, mas muito significativa.

Meninas? Fiquei tão irritada com essa palavra que pensei que poderia explodir ali mesmo. Que lugar era esse que o Sam freqüentava que era cheio de “meninas” que sentiam saudades? Preferi não responder a mim mesma.

- Sr. Lafaiette, conheça a minha noiva Mel. – Apresentou-me um tanto indeciso. Ele deveria estar pensando que eu iria começar a fazer cena e a gritar com ele ali mesmo, mas precisei de cinco segundos antes de recobrar a minha calma. O velho piscou três vezes com visível vergonha de sua citação anterior.

- Que garota mais bonita. Vejo que Samuel nunca perde o bom gosto. – Tentou consertar, mas agora eu já ouvira a parte das “meninas”. Sorri de um jeito agradável, mas não tenho certeza se ele percebeu a minha ira interior. – Peço a sua licença, devo resolver uns assuntos pendentes. – Provavelmente percebeu a gafe e saiu de fininho antes que sobrasse para ele. Já era tarde demais.

- Mel... – Sam começou a se explicar, mas eu logo o cortei.

- Nojo de você.

Dei as costas fazendo barulho com o salto sobre o assoalho. Eu estava muito nervosa para continuar com a farsa, achei melhor entrar no banheiro para me acalmar um pouco. Era por esses e outros motivos que eu odiava o Sam. Quando eu pensava que todos os defeitos não eram suficientes ele me surgia com algo novo para odiá-lo ainda mais.

Enquanto eu caminhava em direção ao banheiro, amaldiçoei a mim mesma milhões de vezes por não ter escutado a Rebecca. Foi uma idéia estúpida, estúpida, estúpida essa de fingir-me de noiva apaixonada desse cara que, no momento, eu não conseguia encontrar nem ao menos palavras suficientes para descrevê-lo de maneira correta.

Como se isso já não bastasse, percebi que eu havia manchado a blusa que a Rebecca me emprestara. Talvez se eu passasse um pouquinho de água, a mancha não grudasse no tecido. Sorte que não era tão perceptível assim.

O banheiro, apesar de luxuoso, não tinha nada de mais. Era um banheiro comum de prédio tipicamente comercial. Várias mulheres estavam lá dentro, se admirando no espelho, conversando sobre a festa, criticando a comida, etc. Aquela coisa normal de vestiários femininos.

- Eu achei que o tom caramelo combinaria mais com a minha pele, o que você acha? – Uma garota bonita de cabelos muito pretos perguntou à amiga enquanto lambuzava os lábios com um batom de tonalidade meio castanha.

Passei por entre elas até chegar a uma pia em um canto mais tranqüilo. Esfreguei um pouco de água sobre a blusa e, para minha total fúria, a mancha espalhou-se pelo tecido e aumentou de tamanho. Definitivamente, não estava sendo um bom dia.

Senti vontade de gritar, chorar, espernear. Não somente por causa da roupa, é claro, mas porque este pareceu ser o estopim, a “gota d’água” para que eu me desapontasse com a minha vidinha patética e sem sorte. Apesar de ter sentido realmente uma vontade crescente de me mostrar mentalmente desequilibrada, não fiz isso. Fiquei um pouquinho orgulhosa de mim mesma ao perceber que eu estava conseguindo conter meus sentimentos. Não que eu os sentisse menos ou que isso amenizasse alguma coisa, mas eu acreditava que contavam pontos positivos por eu não abrir o berreiro dentro de um banheiro feminino.

No tempo em que fiquei lá parada, somente tentando inspirar e expirar de maneira profunda, o banheiro ficara vazio. Eu não reclamei. Preferia o silêncio para que eu pudesse raciocinar com mais eficiência. Eu ainda deveria voltar para a sala de reuniões e observar as pessoas que estavam nela, mas não conseguiria fazer isso se estivesse completamente desconsolada como agora. Então ficaria ali por mais algum tempo.

- Está se sentindo melhor? – Ouvi uma voz dentro do local, mas que não se direcionava a mim.

- Uhum. – Outra voz respondeu baixinho e abafado. As duas pareciam estar dentro de um dos boxes. – Estou acabada.

Fiquei quieta. Não que eu tivesse o costume de ouvir conversas alheias dentro do banheiro, mas tive uma daquelas intuições que me diziam que era melhor não demonstrar que elas não estavam sozinhas.

- Não sei porque você deixa ele te tratar dessa maneira. – A outra disse rispidamente, censurando a amiga.

- Eu também não. – A outra concordou com a voz fraca. Parecia estar passando muito mal mesmo. – Eu já deveria ter me separado depois de descobrir que ele estava falido.

A amiga ficou em silêncio. Eu não sabia a quem elas estavam se referindo, mas parecia ser uma revelação e tanto. A que falou por último começou a rir descontroladamente, estava a um passo da insanidade.

- Mas shiii... – Falou ainda mais baixinho, inclinei meu corpo alguns graus para que pudesse ouvir melhor. – Ele não sabe que eu sei.

Eu gostaria de ter ficado lá por mais tempo até ter certeza de quem elas estavam falando. Essa história de que um deles estava falido me pareceu importante, já que Sam tinha a certeza de que era uma dessas pessoas que estava atrás de mim e do que quer que eu iria receber em questão de semanas. O problema é que a porta do banheiro se abriu abruptamente e aquela garota chamada Tina, exclamou meu nome com tamanho entusiasmo que fiquei sem entender.

- Mel!

Imaginei que as duas que estavam conversando segundos atrás, prenderam até a respiração. Segurei a mão da tal Tina e a conduzi para fora daquele lugar antes que as outras mulheres percebessem que eu estivera lá dentro esse tempo todo. A citação do meu nome, contudo, não ajudou em nada meu quadro crítico.

- Nossa! Por que está tão apressada? – Ela reclamou um pouco, mas logo me acompanhou.

- Nada, nada... – Sussurrei sem saber direito para onde eu estava indo.

- Já volto. – Ela disse quando avistou outra garota, aparentemente uma amiga, do outro lado do salão.

O lugar não era lá tão decorado, aliás, era somente uma sala de reuniões que estava servindo comes e bebes depois de uma longa discussão de negócios. Várias pessoas estavam conversando baixinho em pequenos grupinhos, inclusive aquele senhor que teve a infelicidade de “deixar escapar” que havia garotas sentindo saudades do meu noivo. Quero dizer, noivo fictício. Por falar nele, não o encontrei em parte alguma e eu já estava com uma vontade crescente de ir embora.

Resolvi sentar-me em algum sofazinho e esperar que o Sam reaparecesse. Eu estava me sentindo deslocada demais ali. Meu lugar não era com aquelas pessoas, aquelas falsas formalidades, aquele jeito irritante de dar importância ao que era supérfluo. Não que eu julgasse todos ali, mas aquela farsa estava me cansando mais do que eu imaginava e eu nem tivera que responder tantas perguntas assim.

Prendi minha atenção, por um minuto, em um homem de aparência idosa trajando um smoking com uma gravata roxa de péssimo gosto. Não gastei mais que dois segundos para ter certeza de que era o mesmo homem que eu vira no bar ontem, mas agora, obviamente, bem vestido e sério. Isso fez com que a minha impressão de que o conhecia aumentasse, mas não o bastante para que eu me lembrasse de onde. Ele não me reconheceu, ou talvez, fingiu que não reconhecera. Eu acreditei que ele estivera tão bêbado na noite passada que não se lembrasse mesmo de mim, o que era bom, já que eu deveria reconhecer e não, ser reconhecida.

Passei uns bons e vários minutos observando tudo. Quando eu digo “bons” eu devo confessar que fui devidamente irônica, foi o tempo mais cansativo e tedioso do dia, talvez da semana. Sem contar que eu estava começando a sentir fome. Eu sou meio chata para comida. Não tente me enfiar nada muito exótico porque todo mundo sabe que o que conta é o bom e velho sanduíche acompanhado de batatas fritas. O resto é só o resto.

Decidi procurar pelo Sam. Mesmo que eu ainda estivesse extremamente irritada com ele, eu precisava que ele me levasse para casa. Eu não seria a louca que sairia do centro da cidade sozinha à noite sabendo que tem grandes chances de estarem atrás dela. Não mesmo.

Ele não estava na sala de reunião e não achei que ele estivesse no banheiro aquele tempo todo. Achei que seria melhor procurá-lo, ele não poderia ter ido embora sem sequer se despedir... Ou poderia? Eu não soube responder essa pergunta para mim mesma, Sam era imprevisível demais para se poder afirmar algo sobre suas ações futuras.

Passei por uma mesa de Buffet e por entre algumas colunas de gesso na entrada da sala que se ligavam ao teto de forma espiralada. Ele também não estava no corredor. As paredes amarelas de um tom claro davam uma sensação de calma ao corredor vazio, mas eu ainda assim estava com alguma coisa me incomodando mais além.

Avancei pelo espaço quase apertado e meus ouvidos juraram que ouviram alguma coisa, parei na mesma hora. Prendi a respiração e fiquei atenta para distinguir que som era aquele, logo percebi que eram cochichos. Estavam vindo exatamente daquela sala aconchegante, próxima à entrada, parecida com uma sala de espera ou coisa parecida.

Com cautela, aproximei-me ainda mais da porta. Não foi com muita surpresa que me deparei com a May e o Sam sozinhos lá dentro, ela sentada no sofá e ele de costas para a porta. Algum instinto feminino havia me dito que ela tinha alguma coisa a ver com esse “sumiço” repentino. Ela colocou a mão sob o queixo e mirou os olhos para cima a fim de encará-lo.

- Eu sei que não é verdade. Não precisa negar. – Ela disse baixinho, sorrindo com astúcia.

- Ela deve estar me procurando. – Ele respondeu inseguro e deu um passo para trás. Ela cravou as unhas vermelhas sobre seu braço bem definido. Naquela posição, o decote da blusa que usava estava ainda mais aparente. A atitude dela me aborreceu.

- Você deveria agir com mais cautela. – Ela sorriu novamente e mordeu o lábio inferior. – Nunca se sabe do que as pessoas são capazes.

Eu fiquei muito chocada. Claro que eu não escutara a conversa toda, mas aquele pedacinho era o suficiente para perceber que ela o estava jogando contra mim. “Nunca se sabe do que as pessoas são capazes” e do que eu era capaz? Diante da força do Sam, da beleza dela e da inteligência de Sofia e Noah, eu não era nada. E mesmo assim eu era o “perigo” contra o qual ela o estava alertando. Decidi agir.

Sem fazer qualquer barulho, tirei o celular da bolsa e ignorei por completo a mensagem não lida que eu recebera. Eu tinha algo mais importante no momento. Voltei alguns passos até me encontrar novamente na sala de reuniões relativamente cheia. Disquei alguns números e logo ouvi um toque musical ao longe, eu deveria ter pensado nisso antes. Tecnologia existe por algum motivo.

- Onde você está? – Ouvi a voz masculina perguntando pelo telefone.

- Eu quero ir embora. – Fui sincera. Não estava agüentando mais aqueles papos chatos aos quais eu não dava a mínima, algumas pessoas muito inconvenientes como aquele senhor que mencionou as tais “garotas”, o veneno da May me deixou nervosa e, principalmente, eu não conseguia me livrar daquela sensação incômoda de que conhecia aquele homem de algum lugar, mas não me lembrava de onde.

- Encontre-me no elevador. – Ele também pareceu estar aliviado pelo meu pedido de sairmos dali ou, simplesmente, achou que foi uma boa hora para a interrupção da conversa na outra sala.

Não demorei nem ao menos um minuto para estar exatamente no local combinado. Minha cabeça já estava a ponto de explodir por causa das minhas tentativas de forçar a memória e, além do tudo, aquela irritação pela May e por outras garotas que eu nem conhecia, mas queria profundamente que elas amanhecessem carecas pela manhã.

Sam também não demorou a aparecer. Reparei uma coisa um pouco engraçada sobre sua postura: estava de terno, mas andava como se estivesse com qualquer roupa informal. Colocou as mãos dentro dos bolsos do terno e esperou, ao meu lado, a chegada do elevador. Entramos. Ele desfez o nó da gravata assim que seus pés encostaram o piso. Eu estava certa, ele estava muito incomodado com aquilo.

Ainda parecia estar muito chateado comigo de alguma forma, mas pelo menos resolveu conversar durante o trajeto. Porém continuava a não me olhar diretamente.

- Não serviu para nada, não é? – Ele perguntou dando aquele sorriso misterioso para si mesmo. Era muito pessimista.

- Você está errado. – Como eu adorava falar essa frase. – Se não estivesse tão ocupado se “socializando” teria percebido que eu reconheci alguém.

- Me socializando? – Ele rugiu fugindo do foco por um momento.

- Você sabe do que estou falando.

- Eu não leio mentes. – Enfatizou cada palavra como se fosse a última.
Sorri com desdém. Ele era ótimo na arte de dissimular, mais do que o comum das pessoas desse século.

- Quem você reconheceu? – Foi a primeira vez que o vi mudando de assunto dessa maneira. Não entendi se era para evitar me esganar ali mesmo, dentro do carro preto e gelado ou se estava, simplesmente, se esquivando da minha cobrança sem fundamento.

- Bom... – Rolei os olhos um pouco incomodada. Não era exatamente verdade o que eu dissera. Eu não tinha, de fato, reconhecido alguém no sentido original da palavra (ou talvez nem qualquer outro sentido que ela tenha). Eu só tinha fortes impressões de que aquele homem me era familiar. – Um cara.

- Um cara? – Ele perguntou sem parecer ter qualquer tipo de interesse. – Que cara? – Não desviou nenhuma hora os olhos do trânsito.

- Eu não sei bem quem é... – Enrolei. Encarei o horizonte e percebi que nuvens negras cobriam o céu noturno. Algumas vegetações balançavam bastante no trajeto, deveria estar ventando intensamente. Ele riu de mim, aquela risada seca de deboche que fez com que a minha irritação aumentasse.

- Então você não reconheceu. – Sorriu mais uma vez enquanto me olhou brevemente pelo canto do olho. – Espero que esteja se sentindo melhor agora.

- O que você quer dizer? – Eu perguntei tentando me controlar, ele estava ficando insuportável.

- Não era isso o que você queria? Montar seu teatrinho sem se sentir incomodada? Você me pareceu bem confortável lá, parabéns, você superou. – Sam ironizou sem nem se preocupar como eu me sentiria em ouvir aquelas palavras. Eu não sabia se chorava de raiva ou se o mandava parar e descia do carro naquela hora mesmo.

- Se eu conseguir me lembrar, se eu conseguir me concentrar o bastante para lembrar, pode servir para alguma coisa. – Resmunguei frente ao fato de que eu não tinha mais nada para retrucar e queria evitar ter que ir para casa sozinha a pé.

- Pare de se iludir. – Ele bufou apenas e não disse mais nada. Preferi ficar calada também.

Peguei o celular na bolsa porque havia me lembrado de que eu tinha uma mensagem não lida e precisava de algo que me distraísse. Eu tinha quase certeza de que era a Rebecca fazendo perguntas indiscretas sobre o evento, mas era a minha mãe: “Mandei Sofia dormir na vizinha. Não volto para casa hoje. Qualquer problema me ligue. Mamãe.”

- Não precisa me deixar na Rebecca. Vou dormir em casa. – Comuniquei a um Sam fechado que apenas acenou. Estava muito bravo.

Alguns pingos finos começaram a molhar o pára-brisa quando estávamos quase chegando. O clima lá fora estava ficando muito fechado, talvez tivesse o aspecto mais agressivo dos últimos tempos. Só não estava mais pesado que o clima dentro do veículo.

Estávamos com maior tensão na volta do que quando ainda estávamos nos direcionando para aquela reunião. Minha impressão era a de que se eu falasse mais uma palavra, explodiria. E então eu não teria mais tanto controle sobre as palavras que viriam a seguir. Nem sempre se diz o que se pensa.

Acho que o meu tão inconstante par estava com a mesma sensação. Além de não ter aberto mais a boca, também estava com as narinas retraídas como se estivesse segurando ar dentro dos pulmões com medo que saísse tudo de uma só vez. Também estava caminhando de uma maneira dura demais e ficava, constantemente, passando uma das mãos sobre os cabelos negros demais.

Novamente o elevador. Com sinceridade, os prédios de hoje em dia deveriam ter só a opção das escadas para deixar o elevador somente para gestantes e portadores de necessidades especiais. Não falam a todo o momento na televisão que exercícios fazem bem ao corpo e à alma? Minha alma deveria estar precisando subir milhões de escadas.

Sem contar aquela sensação estranha de estar em um cubículo com outra pessoa. Sem ter para onde fugir ou outro lugar para encarar... Somente fingindo um extremo interesse na plaquinha luminosa que sobe ou desce números à medida que o elevador se move.

Eu não agüentei. Aquela pergunta estava coçando a garganta desde que entrara em minha cabeça. Eu precisava questionar, não havia como esquecer... Estava me torturando.

- Quais meninas?

- O quê? – Ele foi pego de surpresa. Provavelmente pensou que eu não falaria palavra alguma até o momento em que ele me acompanharia até a porta de minha casa e depois subiria sozinho.

- Quem está sentindo a sua falta?

- Eu achei que você tinha me superado. – Ele rosnou de uma maneira nada amigável e me lançou um olhar de perigo caso eu insistisse nesse assunto.

- Eu não sabia que você freqüentava esse tipo de ambiente. – Ignorei a completa expressão de ameaça e comecei a destrancar a minha porta.

- Que tipo de ambiente? – Ele me olhou como se desejasse me matar.

- Esses que estão cheios de garotas que sentem a sua falta. – Falei em um tom mais alto do que eu esperava e também bem elevado para o corredor de um edifício na calada da noite. Bati a porta com um estrondo, estava fervendo de ódio. Não só por causa dessas garotas, mas por todo o conjunto de infelicidades que marcaram a minha noite. E ele pensando que eu estivera para lá de “confortável” desempenhando o papel de mocinha amorosa e feliz.

Assim que entrei, percebi que a porta da sacada estava aberta, então a chuva já havia molhado boa parte do tapete de sala e um dos braços do sofá. Corri para fechá-la antes que os estragos piorassem. Ouvi outro estrondo atrás de mim.

Ao que me pareceu, Sam ficara alguns segundos parado na frente da minha porta se perguntando se deveria entrar ou ir embora e ele escolhera a primeira opção.

- Você não tem o direito de me cobrar isso! – Gritou com toda a raiva que estava retida. Deveria estar mais nervoso que no dia em que discutimos se deveríamos ou não colaborar com a farsa.

Eu não me importei que eu estivesse me molhando por causa dos fortes e grossos pingos que me atingiam, mal encostei na porta da sacada e já me virei para responder.

- Você não tem o direito de me dizer que eu estava ótima enquanto fingia ser sua noiva! – Gritei em resposta, ele foi até mim.

- Foi você quem terminou tudo, se lembra? – Ignorou-me como se estivesse completando a primeira frase que dissera. – Eu já mostrei a você as minhas intenções e você continua a achar que eu quero te matar. Não pode se irritar com o quer que aquele homem tenha dito! – Ele protestou de um jeito tão vigoroso que eu tremi por dentro por alguns instantes.

- Eu não estou cobrando nada! Pouco me importa se você tem algum rolo com essas garotas aí ou com a May!

Ele balançou a cabeça em sinal de que o que eu dissera não fazia qualquer sentido e isso o tinha deixado ainda mais irado.

- Você é louca!

- Você é super normal! – Eu sabia que não deveria fazer piadas sobre o problema de dupla personalidade que ele tinha, mas eu não me agüentei.

Ele explodiu de raiva. Explodiu como nunca havia explodido antes. Se eu não soubesse de suas condições, suspeitaria que estivesse sendo tomado por outra pessoa, uma terceira. Não parecia mais o Sam noturno que, apesar de misterioso e instável, conseguia, no fundo, conter sua fera. Agora ele perdera totalmente o controle de si mesmo. Seus olhos arregalados como nunca mostravam o estágio de fúria em que se encontrava que, da mesma forma que o meu, não tinha somente um motivo, mas vários. Múltiplos conflitos não-resolvidos entre nós dois nos levara àquela situação. Àquela perigosa situação em que eu, de maneira óbvia, levaria a pior.

Ele segurou um dos meus braços com força e me empurrou para trás, me arrastando ainda mais para dentro da tempestade intensa que decaía sobre a cidade. Senti os pingos consistentes baterem sobre minha face como em um tapa que eu talvez merecesse. Meu cabelo desprendeu-se do coque com o movimento brusco e inesperado. Eu soltara a besta.

- O que...?

Eu não tive tempo de terminar. Minhas palavras furiosas foram interrompidas por uma mão gelada e forte que pressionou o meu pescoço. Ele esmagou meu corpo contra a grade da sacada e me apoiou pelo pescoço debaixo da chuva que nos castigava. Eu finquei os dedos finos entre os espaços da grade para que eu não perdesse o equilibro. Minhas mãos tremiam muito e eu senti meu rosto ficar mais quente, muito sangue deveria estar se empossando ali, minha face provavelmente estava vermelha.

Olhei rapidamente para baixo e percebi o movimento nas avenidas. Flashes de iluminação que evitavam que a noite se sentisse solitária em demasia. E ninguém que me enxergaria lá em cima. Ninguém que veria o quanto meu corpo estava perdendo a cor enquanto a cabeça ficava mais ruborizada a cada instante, como nunca ficara diante de qualquer motivo de vergonha. Ninguém presenciaria o quanto meus olhos se enchiam de medo real pela primeira vez em muito tempo. Ninguém me livraria daqueles braços rígidos que me deixavam com metade do corpo para fora do apartamento. Esse é o grande problema das cidades: pessoas demais, mas sempre sozinhas.

Foquei os olhos dele. Não eram mais tão verdes e cintilantes como outrora, estavam mais escuros, cor de esmeralda. E ele me segurava ali sem parecer prestar atenção no que estava fazendo, seus olhos miravam a mim e, ao mesmo tempo, o nada. Sorri com muito custo, foi um esforço grande mexer os músculos da face.

- Faça. – Eu ordenei com a voz trêmula. Tentei respirar antes de me engasgar novamente. – Era o que você queria desde o começo.

Então eu fechei os olhos. Talvez eu não estivesse mais pensando e a respiração estava se tornando uma tarefa árdua demais. E ainda, talvez eu não estivesse mentindo quando o pedi para que o fizesse. Eu poderia, apenas, ter desistido. Eu já estava cansada de tudo. Cansada de ser o alvo de problemas que não eram meus, cansada de idas e vindas com o Sam que nunca chegavam a lugar algum, cansada das discussões sem sentido e, para ser honesta, qual motivo eu poderia ter para continuar viva? Certo, talvez isso fosse um pensamento deveras egoísta de minha parte. Eu poderia me lembrar da minha mãe, minha irmã, meus dois melhores amigos, mas o fato é que não me lembrei. Eu, certamente, não estava mais pensando.

Esperei por muito tempo a queda, mas ela não veio. Esperei sentir meu corpo cortando o ar em queda livre, como certa vez, maluca e impensada, cogitei. Não aconteceu. Então esperei que a falta de oxigênio parasse os meus pulmões, mas nada parou. Logo eu pude perceber que eu não estava mais sentindo a pressão da mão pesada sobre a minha pele, apenas o ardor que ela deixara naquele local. Ele não estava mais me segurando.

Eu pousei uma das mãos suaves sobre o meu pescoço. Senti o ar me enchendo e foi como um alívio. Eu não tinha certeza se eu havia chorado de angústia ou se foram somente os pingos da chuva que continuava a cair poderosa que molharam meu rosto. Quando removi as mechas de cabelo dourado que estavam cobrindo aminha face, percebi que ele ainda estava lá.

Apoiava-se na sacada com as duas mãos e olhava para baixo contemplando os carros com um tremendo desgosto. Seus cabelos escorriam sobre sua face pendida. Ainda estava muito nervoso e seco quando finalmente falou.

- É insuportável.

Eu queria perguntar o que era insuportável, mas eu não consegui. Ainda me sentia muito fraca e assustada para dizer qualquer coisa. Sem contar que eu não encarava o fato de ele ter me soltado como algo bom e gratificante porque, em primeiro lugar, ele nem deveria ter me segurado para fora da sacada.

- Odeio tudo isso. – Pausou para poder respirar. Observei sua roupa toda encharcada como a minha deveria estar. Ele não estava mais com o paletó, só com a camisa social. Isso deveria tê-lo ajudado na hora de me erguer. – Eu odeio muito – e reforçou bastante essa palavra – tudo isso.

Eu queria ter sido irônica. Queria ter perguntado qual foi a parte excelente de ter quase sido jogada de uma altura de cinco andares. Não consegui de novo, eu estava chocada demais.

- Odeio essa maneira como você faz eu me sentir. – Ele confessou enraivecido. – Como se tudo o que eu faço ou fiz está errado. Odeio como você desconfia a cada momento mesmo diante de provas ao meu favor. – Ele retirou os cabelos da face esbranquiçada. Estava tão assustado como se tivesse visto um fantasma. – Odeio essa nova Mel que toma atitudes ridículas.

- Eu era muito doce antes de conhecer você. – Eu disse com rispidez. Não fazia sentido ele cobrar as minhas atitudes estranhas, ele que me tornara essa maluca desestruturada. – Eu não fazia nada disso.

- Odeio como você me culpa. – Ele continuou sem me dar ouvidos, mas levantou o tom de voz. Achei que era uma boa hora para começar a minha lista de reclamações.

- Eu odeio a maneira como você mente e quer me repreender quando decido fazer o mesmo. Odiei ter que fingir ser a sua noiva e o fato de você achar que eu estava bem com isso!

- Então por que você fez? – Ele ficou irritado de novo e olhou para mim com desprezo. – Nunca quis te obrigar a ter nada comigo! O que você quer provar, Mel? Seja sincera consigo mesma, queria provar a mim que não está ressentida com o que eu fiz? Que sentido isso faz? – Ele gritou enquanto era atingido por mais algumas dezenas de pingos que também acertaram meus olhos.

- Porque eu odeio a maneira como você me destruiu. – Fui sincera sobre esse assunto como nunca fui antes. – E quis destruir você.

- E você conseguiu! Odiei tê-la como uma noiva obrigada como se fosse uma refém! – Ele berrou sem se importar se os outros vizinhos poderiam escutar toda a balbúrdia. – Odeio vê-la com aquele outro cara por simples capricho.

- Ele é meu amigo! – Era um abuso sugerir que eu estava usando o Noah para lhe atormentar. – Odeio todas as suas mentiras e segredos! – Eu tinha até medo do que poderia descobrir mais sobre o Sam. A cada vez que eu pensava que o conhecia, ele conseguia aparecer com algo novo e diferente. Quais assuntos privados eram esses que ele tinha com a May? Quem eram essas malditas garotas? Melhor, quem era aquele homem, para começo de conversa?

- Odeio esses seus pré-julgamentos sobre mim! – Ele perdeu novamente o controle do tom de voz, que não foi abafado pela tempestade.

- Odeio você! – Eu disse com mais força do que da primeira vez, naquele banheiro chique e solitário de festa. E, dessa vez, eu realmente tinha a intenção de dizer aquelas palavras.

Eu tinha plena certeza de que odiava o Sam e tudo o que o envolvia. Odiava com todas as minhas forças e o fundo da minha alma como eu nunca havia odiado ninguém antes. Eu era sim uma pessoa doce e bondosa que não tinha esse tipo de sentimento pelos outros, mas com ele era diferente. Agora eu entendia porque ele me segurara pelo pescoço, se eu tivesse a mesma força, era o que eu teria feito com ele. Eu era só uma garota fraca, mas isso não me impediu de liberar o meu espírito agressor.
Parti para cima dele com os punhos fechados e esmurrei várias vezes sua camisa úmida, que já estava quase transparente de tão molhada. Eu, definitivamente, não estava raciocinando direito. Ele poderia me dar uma braçada que me lançaria a 5 metros de distância do ponto em que eu estava, mas eu não me importei. Continuei batendo cada parte que pude alcançar e ele tentou me segurar sem sucesso. Minhas mãos já eram pequenas e estavam escorregadiças por causa da chuva.

- Odeio você. Odeio você! – Senti meus cabelos esvoaçando com o vento e ricocheteando as minhas maçãs do rosto como se fossem chicotes. Eu, mais uma vez, não sabia se estava mesmo chorando ou se era apenas a água da chuva.

Sam encheu-se de fúria novamente e segurou os meus dois braços com muita força, me obrigando a parar de acertar-lhe com os punhos. Eu estava com tanta raiva que não tive receio de que ele me erguesse de novo para fora do apartamento e, desta vez, me deixasse mesmo esborrachar lá embaixo. Eu só queria feri-lo de qualquer maneira que conseguisse. Queria espancá-lo, mesmo que não causasse nem cócegas. Queria surrar-lhe da maneira como eu me senti surrada, jogada, destroçada. Meu desejo era machucar-lhe do jeito mais forte que conseguisse.

Percebi aquela sensação forte demais sobre os meus ossos, como se ele fosse quebrá-los a qualquer momento. Estava segurando meus dois braços com muito mais vigor que da primeira vez. Notei que ele estava tentando se conter, balançou a cabeça novamente e me encarou.

Penetrou-me com seus olhos profundos cheios de ira e ódio. Seus lábios sem cor estavam tremendo, o nervosismo o estava desestruturando mais do que devia. Então eu fiquei com medo. Prendi a respiração por instinto e fiquei muito parada porque não sabia o que ele faria a seguir. Qualquer movimento que eu fizesse, poderia desencadear um processo de eventos que poderiam ser fatais.

Ele me apertou ainda mais, achei que meus ossos fossem ceder. Além disso, senti um frio absurdo. Acho que foi a primeira vez na noite que o meu corpo reclamou por eu ter continuado todo esse tempo embaixo de chuva e vento. Senti que os meus dentes estavam batendo ligeiramente, mas continuei na inércia. Sam continuou a me furar, daquela maneira típica, como se estivesse analisando o meu medo, minha raiva, meu frio.

- Odeio amar você. – Ele disse com a voz rouca, fria e trêmula. Eu não sabia se ele estava tremendo de fúria, de frio ou, principalmente, de medo por se sentir assim. Ele sempre me dissera que não era uma pessoa nada sociável. Duvidei que tivesse se sentido assim antes, eu também não sentira.

Pisquei os olhos duas vezes. Eu também estava assustada. Não pelo fato de que eu também compartilhava desse sentimento, eu já estava tentando lidar com isso há tempos, até o momento em que descobri a verdade. Eu estava aterrorizada porque não esperava que ele se sentisse assim. Eu, realmente, acreditei que ele sempre quisera me matar e que não dava a mínima. Talvez por isso eu tenha ficado ainda mais agressiva e destrutiva.

Fiquei ainda mais chocada com a declaração mais estranha que eu já escutara. Senti a água encharcando minhas roupas e aumentando o peso sobre mim ao mesmo tempo em que senti algo mais especial. Uma chama que não era nova, mas que havia sido apagada por tempo demais.

Percebi que ele havia afrouxado meus braços e que, talvez, a força que estava usando para me conter era a mesma que estava tentando usar para pronunciar aquelas palavras quentes e frias ao mesmo tempo. Eu o olhei de uma maneira diferente e ele percebera. Eu ainda estava com medo, ainda estava assustada com tudo o que acontecera, mas algo havia mudado. E eu não tive certeza se sabia o que era. Então ele se aproximou.

Eu sei que parece super clichê esses beijos debaixo de chuva, mas eu posso afirmar que aquele foi diferente. Não porque estava mais molhado que o usual ou porque nossos dois corpos estavam frios como blocos de gelo, mas porque o sentimento foi diferente. Eu o apertei contra mim de uma maneira como nunca havia feito antes e gostaria de não tê-lo soltado nunca mais. Segurei seus cabelos de novo enquanto nossas bocas se tocavam e senti que havia séculos desde a última vez. Mordi seu lábio macio e, temporariamente, gelado com uma saudade inexplicável. Era como se eu tivesse voltado para um lugar onde nunca deveria ter saído.

83 comentários:

Anônimo disse...

Ai pelo amor de Deus não faz isso comigo, to quase tendo um teco com a briga deles (não acredito q ele penduro ela pra fora do apartamento Oo) e vc termina essa parte com esse beijo AAAA se eu tivesse gravida teria tido meu filho agora kkkkk
Asniosa de mais pra segunda parte *____*

By Carol Winchester

Nath disse...

Melhor capitulo(ou parte de capitulo no caso né) até agora,fato.Eu gosto muito da história toda,mas esse foi o capitulo mais envolvente pra mim.
Continue logo,por favor!XD

Anônimo disse...

MARAVILHOOSOOOOO!!!!!!!!!

Cada dia melhor Lhin!
Parabééns!!!

by: giulia*

Ju Fuzetto disse...

Nossa apaixonante esse capítulo!

Meu Deus já quero ler a outra parte!

Beijosssssssssssssssss

Anônimo disse...

aain, definitivamente, esse capítulo valeu a espera! A D O R E I !!!!!

Jéssica

Nana disse...

Nossa eu cheguei a chorar quando ele segurou ela =O

Milly disse...

nossaaa!! PERFEITO³! ♥

- Nira. disse...

Fui a 1° a comentar .. no seu 1° post *-*
e tô sempre por aqui, adooooooooooro!
quero mais, quero um livro, quero um filme! =DDDDD
continue, e melhoras! ♥

disse...

valeu esperar!
pra mim o melhor até agora!!!
beijos! ;*

Annya disse...

Esse e definitivamente o melhor capitulo!Eu tive de ler duas vezes pra entender tudo que aconteceu!A-M-E-I!

Anônimo disse...

Meu Deus...
Amei toda a história, e esse capitulo principalmente... Está muito bom...
Muito bom Mesmo... To Esperando a continuação!
Muito Beijos, Parabéns pela grande criatividade & muito Sucesso para você !

by Mayara Alexandre!

Jessyca Ropes disse...

Ameiiiiiiiiiiiiiii...
Vale a pena esperar tanto tempo..
Sta perfeito...
Parabens..
Amooooooooo o livroooo, qnd lança-lo eu queroo...
Bjim...:)

Anônimo disse...

adorei esse capítulo! haha,quase chorei.valeu a espera
que venha logo a próxima parte *---*

Lara disse...

nossa lindo demais! ♥♥♥♥

Anamaria Cruz disse...

aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah que lindo t.t
quase chorei nessa ultima parte, sério!

Caramba, você escreve muito bem, muito mesmo!
É tudo tão perfeito!

Próx. Capitulo =DD

Anônimo disse...

Rayanna disse...

A-M-E-I M-U-I-T-O esse! *_______*

Cecília Boechat disse...

Amei infinitamente! Já tava cansada daquela coisa twilight! Só sofrimento e lágrimas e tristeza! Agora sim vai melhor MUUUUUUITO! Amei !

Mylena Furtado disse...

PERFEITO!
Eles voltam?
Eles voltam?
E o Noah? Que se ferre né?
AMEIAMEIAMEIAMEI EEE AMEI!

Luh disse...

"Era por esses e outros motivos que eu odiava o Sam. Quando eu pensava que todos os defeitos não eram suficientes ele me surgia com algo novo para odiá-lo ainda mais."
dei pala! huauheubauhe
Adorei o capitul, fato! Mas iss não é nenhum mistério, eu sempre adoro, e não tem como não gostar! *-*
Beijos!

Anônimo disse...

Voltei kkkkk vim ler de nvo pq ta muito bom FATO ai pelo amor de Deus q a proxima parte seja com pegação dois dois AAAAA a Mell tem q da uma chance pro Sam
By Carol Winchester

Jéssica disse...

TOOOOOMA NOAH! HAHAHAHA

Tainá disse...

AAAAAAH meu que liiindo *---*
Muito bem escrito, quase choreeei meu ç.ç
AMEI AMEI AMEI !

Anônimo disse...

Lihn, se eu começar a tomar remédio para o coração eu vou mandar a conta pra vc, isso foi tão perfeito q meu coração e respiração estão descompassados

Vc é ótima, pq toda semana parece q o cap. postado é o melhor.
"- Não era isso o que você queria? Montar seu teatrinho sem se sentir incomodada? Você me pareceu bem confortável lá, parabéns, você superou. –" juro q nessa hr eu queria torcer o pescoço do Sam, mas no final isso mudou

Unknown disse...

Lihn , ameei essa parte.
Confesso que fiquei com medo
dele agora , mais eu daria tudo
para ouvir o " Odeio amor você "

Tooo muito curiosa para saber a continuação
Amoo muuito muuito o Inverso

Anônimo disse...

melhor de todos \o/

Anônimo disse...

melhooooor d todooos *-*
\o/

Drika disse...

Ameiii!!! MARAVILHOSO! Isso que é amor arrebatador.

Lorrauna disse...

AHHHHHH 3 SEMANAS? vou sentir faltaaaaa!!!

Thay disse...

Nossa morri com essa ultima parte ...
Lindo, perfeitoo, ameiii
Essas 3 semanas vao fazer mtaa falta
E só aumentar a curiosidade com o resto do cápitulo ..
Ai se eu fosse q medo eu sentiria ...
Concerteza essa foi a melhor parte de todas ..
Bjinhuus ;*

Sarah Li disse...

Teve uma hora nessa parte q eu segurei a respiração e nem lembrei de respirar hhuiyauahhua
aiai muito muito muito bom msm!! esse livro tem q ser publicado!!!

Anônimo disse...

By: Alessandra
PERFEITO!!!

Ounnn q lindoooo!!!
Ele flando q adiava amar ela ^^
Meu.. melhor parte de todas!!
Por favorrrr não demora pra escrever!!

christiny disse...

carakkkkk foi maravilhosooo.... a cada capitulo fica td + intenso do q eu acho possivel... eu leio e fico a mil, sinto raivaa uma hora na outra to super feliz, na outra to triste e tipo é td muiii rapido e forteee.... na primeira parte do capitulo 12 eu me surpreiendi + ainda com td, foi mui showwww.... ai sou super apaixonada por inverso mui msm, da vontade d ler e rele varias e varias vezesss...
o encontro com o Noah foi bem legal no capitulo 11, mas sair com o Sam é mil vezes melhorr, tanto pq gosto dele e tb pq ele sempre me surpriende com oq faz ou td q acontece quando a Mel esta com ele...
PARABENSS pelo livro, vc escreve muiiiiii

Anônimo disse...

Anem, eu quero um Sam!!!! Perfeitinho demais, amei esse final... xD Beijooo

Ray disse...

OMG! Díos Santo! AMEI, AMEI, AMEI *0*
Cara, Linn, muito bom, sério *-*
Vou te falar uma coisa, esse livro vai fazer tanto sucesso, que vai estar até nas livrarias estrangeiras ! Escreve o que eu digo xDD
(E olha q é dificil isso hein, o 'Poderosa' foi milagre fazer sucesso no Brasil, Europa e México,
esse aí vai tirar de letra ô/)
Pq eu tô cada vez mais apaixonada pelo Sam *-* ?
Só me irrita um pouquinho na Mel pq ela nãoa dmite q TAMBÉM é uma das culpadas pelo comportamento dela uu' Mas ok, eu supero.
A Mel vai dar uma chance pro Sam né? Se não, eu mato ela ò.ó
2 semanas :o Meu vizinho tbm vai fazer essa tal prova do ENEM, saca só, ele é só um ano mais velho q eu, e já ta indo pro vestubular, enquanto eu, tô indo pro 2° grau ¬¬ Declínio, malditas escolas particulares (a dele), pq eu só repeti uma vez uu' aoskaoksoaksoaksoas
Nem devia estar tão feliz, minha gatinha vai ser operada hoje de noite, tô preocupada com ela, ajudem aí e peçam a São Francisco proteger ela pra mim meninas ? *-*
Obg, e Linn, VOLTA LOGO, quero ver o resto T.T
MELHOR CAPITULO, FATÃO!
sejaqualfororesto...

Tayane disse...

O Sam é beeeeeem mais interessante q o Edward = FATO

Anônimo disse...

Anônimo disse...

aiiiiiiii eu amo ♥

olha eu ja li tds us capitulos..quero a continuação linda...tõ esperadu anciosa,tô viciada e tenhu certezaq tu vai lança o livro i eu vou compra na certa..!bjuS esperooooo a 2ª parte

Anônimo disse...

Maravilhoso o seu livro! Virei sua fã, pode apostar :D
To morrendo aqui pelo próximo capítulo D:

by: danielle b.

JéhH disse...

achei tão linda essa parte!!! qse derreti aqui!!

Unknown disse...

AMEI! *fato*
hoje eu tava olahndo a comu do Inverso e tem uma pergunta de qual o momento que vc mais gosta, eu adoro a cena da praia dos dois, quando ela briga cm ele por defende-lá, mas com CERTEZA a MELHOR de todas foi "ODEIO AMAR VOCE!"
o que a mel tá esperando para agarrar esse homem e não soltar nunca mais!
AMO de PAIXÃO o INVERSO, estou comendo as unhas de ansiedade por mais um post.
LIhn, mta luz para vc! e mta sorte no vestibular, acredite em vc q tudo dará certo!
e quando puder coloca mais um pokinho da nossa história tão amada e esperada!
Bjão

Carlinha disse...

èéé liiiih boa sorteeee! tdo de booom!! já estou qse enfartando esperando a próxima parte!!!! *___________*

Anônimo disse...

Gente,aqui e a AnNa,meu pc ta com problema entao tem q ser postado como anonimo :(
Mas eu vou superar.Enfim,Lih seu prazo ta no final.Adorooooooo o seu livro!Se for virar filme(e vai virar)eu vou ser a primeira a estar la,na fila da pre-estreia!

Anônimo disse...

Nossa que perfeitoo! Parabéééééns! TEM QUE SER PUBLICADO!!!

Dayana disse...

ameeei o novo blog *_*

Anônimo disse...

amei!! by catherina

Luh disse...

Vim eu feliz e contente ver se vc postou uma parte nova, como faço todo dia... ok, vc não posto ainda, mas adorei o novo layout! tao clean! muito lindo! e a mensagem no topo ali tipo "não comparem com outra coisa, muito menos copiem!" foi ótimo! uhahue
Como foram as provas, Lihn? Boa sorte!
Abraços

Anônimo disse...

Adoreeeei o novo layout!!! ficou lindoo!!!
Mal posso esperar pela proxima parte!!! xDDD

by: Giih

Unknown disse...

Está LINDO o layout!!!!

Estou abrindo de 5 em 5 min para ver se tem post!

Acho q já disse: EU AMO MTO ESSA HISTÓRIA!!!!

Lihn, conta pra gente como foi as provas!

Anônimo disse...

Aaaaaaah , tô quase tendo um treco ! Éh tão perfeito .. super ansiosa pelo novo capítulo.


Beijos

Tirsa disse...

quero maaaaais!

Annya disse...

Lihn seu tempo acabou e nada!

nath disse...

ah que decepção pra uma segunda feira,nada de cap novo ç_ç

Anônimo disse...

OI Lihn!
dá pra gente esse presente de Natal:
QUEREMOS POST DE INVERSO!!!

*estou implorando*
*desesperada*

Anônimo disse...

By: Alessandra

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Então.. era pra ser semana passada =S
esperando anciosa pelo próxima post!!
hsuahsuhaushau

Annya disse...

Lihn,minha queridissima autora do coraçao!E a AnNa(novamente) e estou aqui representando todas as suas fans de verdade!Entao aqui esta nosso pronunciamento(e assim q escreve?):
"Querida Lihn,vc esta 2 dias atrasada!Quer nos assacinar?BJIM,BJIM DAS SUAS QUERIDAS FANS(NAO E CONTA NO BLOG,OKS)
Ana
Giovana
Luise
Isobel
Isabela
Mel
Laiana
Maria
Karita
Scarlett
AneLise
Luisa
e todas as outras super fans do seu blog!"

Anônimo disse...

please, dá de presente de Natal esse post vaai? *-*


Jéssica

Cecília Boechat disse...

Por favor, manda logo o Post! Eu entro no site TODOS OS DIAS ! rsrs Vai, please!

Anônimo disse...

♥♥♥♥♥

Anônimo disse...

acho isso uma falta de respeito com os leitores ...

Anônimo disse...

Acho que as pessoas tem bem mais coisas a fazer.... quando a Lihn puder postar, ela vai postar!!!!

anyway.. Feliz Ano Novooo gentee!

by: Giulia.

Anônimo disse...

concordo..
só acho que a partir do momento que uma pessoa cria um compromisso com outras pessoas,deve cumprir.
acho falta de consideração..
por mais que ela tenhas mais coisas a fazer,seja final de ano e tudo mais ..
seria mais simples não por nenhuma previsão. ai ela não se compromete e a gente não cria expectativa.
e eu aposto que não sou a única a pensar assim.

Dany disse...

acho q é, pq eu tbm quero ler a nova parte, mas tenho certeza que algum imprevisto aconteceu pra justificar o atraso. ela não ganha nada por estar escrevendo essa história, nem anúncio tem no blog, então não seja tão hostil.... ela faz o que pode.

Cecília Boechat disse...

Gente, é óbvio que todas queremos ler o levro, mas relaxa! essa hostilidade não vai levar a nada. Ela poderia ter dado um jeito de colocar um aviso do atraso e tal, mas já pensaram na possíbilidade de ela estar sem internet ou ter algum outro problema ? Como ela ia fazer? E realmente, ela não ganha nada postando no blog, nós, que amamos a história, deveriamos é estar agradecendo por ela escrever, já que nós não fazemos tanta coisa assim também pra ajudá-la, apenas lemos e comentamos! Relaxa, daqui a pouco ela posta :)

Anônimo disse...

em nenhum momento eu fui hostil..
agora,se ela não estiver postando porque tá com algum problema ou alguma coisa do tipo,eu realmente sinto muito.
não sou insensível nem nada.
só dei minha opnião.

Thay disse...

Ain ... Mto anciosa ..
Posta logo ...
Sera q aconteceu alguma coisa ? (Preocupada)
;*

Anônimo disse...

Anciosíssima³ pelo próximo post!
Aliás: saudades de você por aki, Lihn...
(ahuahuahuahua)


Amo ♥INVERSO♥!!!
Parabéns Lihn, muito bom mesmo!
Esperamos (de coração) que esteja tudo bem com você, e que a demora pra postagem seja apenas fruto da "loucura" dos vestibulares, unida à "agitação" das festas de fim de fim de ano e das férias escolares (definitivas o_0)...
Esperamos ainda que esteja tudo indo bem com você: tanto sua saúde como os resultados dos vestibulares.
Aproveite suas férias e tenha ceteza que aguardaremos o tempo preciso para suas próximas postagens, viu??

BeiijO
=*

christiny disse...

oiii
por favorrrrr coloca a segunda partee, eu não to aguentando d curiosidade

Anônimo disse...

minhas férias chegaram,ja tao acabando,e nada.que pena =/
quando eu voltar a ter acesso a internet espero ter algo novo pra ler =D

Carol Winchester disse...

So acho que a Lih devia vim aki avisar e dizer q não vai poder posta nos proximos dias =/

Cecília Boechat disse...

Eu disse que ela devia estar com algum problema no computador, por isso que ela não pôde Avisar nada! Bem, mas pelo menos o blog vai continuar muito bem e vamos poder ler :)

Luh disse...

Que tenso, Lihn! Pra vc, que perdeu tudo, e pra nós, que estamos 2 meses sem novidades, ainda mais depois dessa parte do capitulo tão arrebatadora!
Mas nós entendemos (se tiver alguém que não entende, nem dê bola pra essa pessoa, blé).
Esperando ansiosamente!
Bjos

Anônimo disse...

não desanima não!
porque todas entendem e ainda querem muito ler tua história =)

Andressa disse...

Pelo amor de Deus!
Odeio o Sam!
Amo o Sam!
Aff
Mel, não me mata!
Posta!
Já é dia 19/01/2010!

Thay disse...

Eu entendo ..
Magina perde td o q escreveu e ter q fazeer novamente ..
Agora é esperar e ter paciencia ..
Isso poderia ter aconteciso com qualquer uma de nós leitoras
Ahhh to mto ainciosa pra saber o resto ..
E naum desanima naum [2]

Anônimo disse...

A gente sabia q tinha um motivo pela demora. Se tem alguem q não entende é so ignorar.
E naum desanima naum [3]

Anônimo disse...

pra descontrair enquanto a gente espera...
com quem o sam de vocês parece?
esses dias eu vi um clipe da shakira(i did it again,acho que é o nome), e o carinha do clipe de longe é idêntico ao meu sam
e vocês,? ^-^

Angélica Reimol disse...

o meu Sam se parece muuito com um garoto que eu fico *_* da ate raiva.. ou sei la oq! HUEAHEUAH - CHOREI nesse capitulo! aiin que sensaçao estranha no coraçao T_T MUITO MUITO MUITO bom! foi como eu estava imaginando.. eles ficariam falando que odeia milhões de coisas um no outro, mas na verdade se amam! muito bom esse 'livro' *-----* sz

Unknown disse...

poxa....jah eh dia 27 de janeiro e nd de postar..poxa..o livro tah otimo..keria mto continuar lendo...posta logo...
:(

Anônimo disse...

Lyz ela postou antes de ontem O_O vai na pag inicial do blog q vc ve

Unknown disse...

eita...desculpa =X eh q nao aparece no indice q ela postou a parte 2 :/ pelo menos nao aki :/
mas jah axei aki a outra parte! valeu!!!

Anônimo disse...

Perfeito . perfeito . perfeito . perfeeeiito *-* suuper maravilhoso . Parabéns !

Gabby Tx disse...

Demorei tanto a chegar no final dos comentários q a lágrima q lutava p cair dos meus olhos, finalmente desceu. Chorei, m indentifikei muito com essa briga deles dois, o sentir a raiva por gostar tanto de alguém q vc acha q n é o melhor p vc.
Thank's por ser tão boa escritora muito lindo esse cap.

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